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Novas Histórias do Tempo da Velha Escola (MCCCLII)

Várzea das Moças, 9 de setembro de 2043

Netos queridos, como o prometido é devido, retomo a transcrição de uma mensagem publicada no velhinho Facebook. Nela, uma professora desfiava um rosário de queixumes e questionamentos:

“De onde tirar amor quando sobre mim pesam olhares de ódio? 

Disse pra ela [à psicóloga] que não, que não dava, que não fui inventada, não sou inventada. Não sei e não posso me reinventar. Falei que eu era gente, que tenho uma história, fui construída, sonhei, tive esperanças.

Querem que eu me reinvente, que aceite as mudanças, que me plataformize, que ache normal a monstruosidade desse cotidiano opressor e violento? Querem mesmo é que eu morra.”

Dirigindo-se ao doutor, para quem enviara a mensagem, pergunta:

“O que você acha? Você estuda, você é inteligente. O que devo fazer? O que a gente deve fazer? Pedir a conta faltando poucos anos pra me aposentar, sem dinheiro, sem nada? Então, você acha que eu deveria lutar? Que eu deveria reagir, chutar o pau da barraca podre? 

Tá certo, eu deveria, sei que deveria, sozinha, quixotesca, ridícula e reclamona.

Não sei, mas esse meu silêncio, essa face distorcida, esse meu riso meio dissimulado, cheio de ironias e de cansaço, esse falar pra baixo, esse olhar meio pro lado… Não sei, talvez esse seja o jeito de resistir, de insistir. 

Esse copo vazio está cheio de ar. Talvez, assim, no silêncio contido, na voz embargada, talvez eles passarão. Talvez eu passarinho. Talvez amanhã seja outro dia. 

Talvez a gente se encontre pra outras folias. Talvez eu consiga ler um poema. Talvez o amor bata à porta. Talvez amanhã seja segunda-feira.

Vamos tomar um sorvete caminhando no parque?”

E o meu bom amigo também perguntava: 

“Gostaria de ter seus comentários pessoais sobre a mensagem da angustiada professora. O que você diria a esta professora?”

No fundo do baú das velharias, repousava a pen drive em que gravei a resposta. Ei-la:

“Querido amigo, no meu computador – e em papel, antes de haver computadores – guardei uma triste “coleção” de mensagens dessa natureza. Pela Internet – e por carta, antes de haver Internet – lhes dei resposta. Respostas solidárias, dadas no chão das escolas. Estimulava o seu inconformismo, o seu poder criador. 

Ajudei milhares de professores, centenas de projetos. Quase todos foram destruídos. Os seus autores foram sujeitos a ameaças e processos disciplinares. Alguns foram parar no divã do psiquiatra, outros mudaram de profissão. 

Cadê aqueles que poderiam dar suporte “teórico” às iniciativas dos “práticos” e evitar que a história da inovação se transformasse num cemitério de projetos? Estavam ocupados na redação de teses, comodamente instalados nos seus gabinetes universitários, ou lendo power point nos palcos dos congressos. Perante os dramas vividos por essa e por outros professores, era obsceno o silêncio dos “cientistas da educação”.

A professora autora da mensagem fora vítima voluntária de uma mentira a que davam o nome de “formação”. Vivera no tempo em que, nas catacumbas da formação de professores, ainda se usava falar de ”sala de aula” e outras obsolescências caídas em desuso, anos atrás. Foi formatada como “docente” – o dicionário diz-nos que docente é “a pessoa que ministra aulas” – abdicou de ajudar a aprender. Aceitou fenecer, tentando ensinar – como se fosse possível dar de beber a um cavalo que não tem sede! – na solidão do frontal anónimo de uma sala de aula. 

Netos queridos, o mesmo tentaram fazer com o vosso avô. Ameaçaram-no, de vários modos o puniram, e nada adiantou – uma decisão fora tomada.

Não curto heroísmos baratos, mas sou taurino.

 

Por: José Pacheco

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Novas Histórias do Tempo da Velha Escola (MCCCLI)

Inoã, 8 de setembro de 2043

No setembro de vinte e três, o jornal Labor publicava a seguinte notícia: 

“Há uma Escola para além da sala de aula. 

EB1/JI de Fundo de Vila acolhe a primeira comunidade de aprendizagem de S. João da Madeira e uma das poucas existentes no país.

Imagine uma turma do primeiro ciclo composta por crianças de diferentes idades e anos de escolaridade e que não terá uma sala de aula “tradicional” (…).”

O júbilo deu lugar a alguma frustração. Nesse mesmo dia, um amigo me reencaminhou uma triste mensagem, contrastante com a boa notícia, enviada por uma professora para um doutor, no Facebook:

“Admiro esse seu empenho em tentar ler livros, em tentar entender e discutir educação desse jeito mais profundo, mais sistematizado… Vou te confessar uma coisa. Você me conhece a pouco tempo, já me conheceu assim do jeito que estou, mas eu não era assim. Eu era uma professora dedicada, vivia participando de cursos, comprando livros, me envolvendo em debates sobre ensino, sobre aprendizagem, sobre política educacional.

Faz pouco tempo. Foi de uns tempos pra cá que fiquei assim. Tenho feito só pro gasto. Não leio mais nada, não participo de mais nada, não tenho ânimo pra discutir e nem propor mais nada…

Sabe, eu ouço com náuseas aquele monte de bobagens nas formações pedagógicas. Fico sempre bem quieta. Só faço aqueles cursinhos de formadores para não perder classificação na escola. Tento até ser simpática. Rio das piadinhas de mau gosto, faço de conta que concordo com sugestões de medidas idiotas, de uso de metodologias diferenciadas, de aplicativos, de premiação, de punição e de controle de estudantes…

Estou me sentindo embrutecida. Acho que fui contaminada, derrotada. Virei parte dessa coisa gosmenta e malcheirosa que virou a escola pública de nosso estado.

É claro que me sinto muito mal com tudo isso. Me sinto muito mal mesmo. Eu queria era gritar, sumir, me enterrar, ir pra bem longe, que ninguém mais lembrasse de mim.

Sim. Sim. Eu queria ter essa disposição que você tem. Eu queria gritar, dizer não, não quero isso, não concordo, não vou reduzir meu trabalho de professora ao uso de plataformas, ao controle, à seleção e à exclusão de estudantes… 

Sim. Eu sei. Nem precisa falar. Mas olhe para mim! Você acha que posso? Cadê a força? Cadê a coragem? Estou sozinha, pressionada, insegura. 

Você entende o que estou dizendo? Estou sempre olhando para o calendário em busca do próximo feriado, das férias, da morte… Aquela professora alegre e cheia de vida morreu. Morreu, ou se escondeu dentro da tristeza. Virei esse zumbi com diabetes, pressão alta e ansiedade, virei um molambo esperando o salário miserável do final do mês.

Procurar tratamento? Eu tomo um monte de boletas todo dia. Todos nós tomamos. Como você acha que eu consigo sair da cama pra vir pra cá?

Esses dias, fui em uma psicóloga que me indicaram. Falaram que era boa, ex-professora, conhecia nossa realidade. Mas sabe o que ela me disse? Você já deve ter ouvido isso por aí. 

Ela falou na cara dura. A tal psicóloga que era professora disse que eu precisava me reinventar, que os tempos são outros, que é preciso encontrar vida no presente, mudar o jeito de olhar as coisas. Ela falou da flor de lótus dos budistas: é do lodo e do sofrimento que emergem a consciência pura e a felicidade, tenho que olhar para os estudantes que precisam de mim, amor e compaixão promovem alegria e vontade de viver.

O que eu respondi? Nada. Não respondi nada. Eu chorei. Chorei muito.”

Amanhã, irei transcrever o restante da mensagem. E darei resposta à pergunta do meu bom amigo: *O que você diria a esta professora?” 

 

Por: José Pacheco

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Novas Histórias do Tempo da Velha Escola (MCCCL)

Bosque de Itapeba, 7 de setembro de 2043 · 

Apesar de ser dia feriado no Brasil, as crianças não deixaram de “ir à escola”.  Com a Bruna, o Bruno, o Gabriel e a Francis, as crianças não deixavam de aprender nesse dia. E quem não suspendia a sua busca por aperfeiçoamento pessoal e profissional, nem nos dias feriados, aproveitava o feriado para visitar a Comunidade da Lagoa das Amendoeiras. E, de uma agradável conversa com a Maíra, a Leila, a Michele, o Alex e o Breno saíram grandes projetos sonhados para Maricá. 

Esse dia começara com a chegada da amiga Patrícia. Trazia cestas básicas, oferecia ajuda. Na infinda generosidade da Patrícia não havia ponta de assistencialismo, havia gestos de solidariedade de uma educadora, de uma mulher e mãe. 

A dedicação da Patrícia me suscitou uma reflexão matinal. Ei-la: 

Se a profissão de professor era, eminentemente, feminina, por que razão apenas duas mulheres eram citadas em obras que eu lia sobre os “maiores educadores do século XX”? Somente Montessori e Ferrero delas constavam. 

A essa matinal reflexão se juntou o diálogo com as educadoras visitantes e umas mensagens recebidas de Portugal. 

Enquanto preparavam um evento, homens e mulheres refletiam…

“São 78% homens… isso não representa mudança. E faz imensa pouca justiça a quem está a organizar (homens, aqui, somos completa minoria). Já temos sete pessoas em palco. Sete homens! A moderar poderia ser uma mulher.

Mas, porquê tantos homens?

Os diretores dos agrupamentos das escolas são quase todos homens.

Se queremos passar mensagem de mudança num evento e apresentamos 80% homens, que mensagem estamos a passar? 

A professora Adélia acaba de confirmar a sua presença. Teremos, assim, duas mulheres em palco de se lhe tirar o chapéu. Que valem por muitas!”

E João da Catarina encerrou o diálogo:

“Parabéns a tod@s pelo empenho. Que esta energia seja inesgotável.”

O João, o Hernâni e outros educadores confirmavam aquilo que eu afirmava, que, por detrás de uma grande mulher havia sempre um grande homem. E vice-versa, claro! 

Perguntastes por que razão eu escrevo os nomes dos maravilhosos educadores, que encontrei, ao logo de muitos anos e projetos. Porque precisamos recordar mulheres e homens que, em tempos difíceis, abriram caminhos de uma nova educação. Educadores e educadoras como a Tina praticava, cuja lúcida voz anunciava pedagogias desse novo tempo:

“PEDAGOGIA DA PERGUNTA – é a aprendizagem mediada por perguntas, que gesta respostas grávidas de mundo. É possível investigar um problema e gerar várias hipóteses de soluções, desenvolvendo o pensar ativo, crítico e criativo.

PEDAGOGIA DA CONTEXTUALIZAÇÃO – é necessário contextualizar o objeto do conhecimento para encharcar de sentido. “[…] ninguém educa ninguém, como tampouco ninguém se educa a si mesmo: os homens se educam em comunhão, mediatizados pelo mundo”. [Freire]

PEDAGOGIA DA ACOLHIDA – é fundamental desenvolver compromisso e vínculo com o estudante e a comunidade, é um gesto de amor e de respeito com o diferente, pois aprendemos na relação com o outro.

PEDAGOGIA DA REFLEXÃO – é pensar de forma crítica, questionar o já pensado, fazer novas conexões de saberes e a aproximação da vida real.

PEDAGOGIA DA PRÁXIS – depois da pergunta, do diálogo e da reflexão libertadora, vem a organização da práxis (teoria e prática) coletiva. 

PEDAGOGIA DIALÓGICA – é um chamamento para que os educadores assumam uma postura pedagógica libertadora, reflexiva, geradora de vínculos afetivos e conexão com a comunidade em que o estudante faz parte.” 

E a Tina nos avisava:

“É tempo de esperançar e agir.”

 

Por: José Pacheco

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Novas Histórias do Tempo da Velha Escola (MCCCXLIX)

Lagoa das Amendoeiras, 6 de setembro de 2043

No setembro dos idos de vinte e três, o amigo António comentava uma notícia de jornal:

“MAIS DO MESMO! A capa do jornal de hoje é, de facto, muito bem conseguida, já que revela a triste realidade em que a Educação portuguesa continua mergulhada.
Enquanto temos, por um lado, um Ministério da Educação que persiste em não fazer reformas de fundo (devia ser essa a principal missão de um qualquer governo de maioria absoluta), com o objetivo de recriarmos a escola pública e renovarmos o funcionamento do nosso sistema educativo e, por outro, sindicatos que só se expressam na superficialidade das matérias; vamos “cantando e rindo” por entre o “invariável das aulas na hora do regresso” e do tradicionalismo da organização escolar, sendo “levados, levados sim” pelo ritmo da desregulação reinante e da burocracia, bem presentes num discurso político que afirma ter-se feito muito, por exemplo, na colocação de professores.

Talvez a cosmética seja muita… pois não se faz nada em áreas absolutamente cruciais: gestão da escolas, reforço da escola como organização, mudanças no sistema de contratação de professores, autonomia (real) da escola, renovação de práticas e de organização pedagógica (com escala nacional), avaliação (formativa e formadora) do desempenho docente, novo modelo de formação (inicial e contínua) de professores, redignificação da classe docente, reforço da avaliação externa das escolas e renovação do sistema educativo.

De facto, depois da felicidade que senti com a nomeação do ministro João Costa e da esperança que tive com o seu desempenho, a única coisa que sinto é uma profunda desilusão com as atuais políticas educativas.”

Razões de sobra assistiam ao amigo António, para desse modo se insurgir contra a mesmice. Tinha sido um incansável defensor da Escola Pública. Tinha realizado um trabalho notável nas escolas por onde passou. Publicara um livro-proposta de mudança e inovação. 

Nesse setembro, a corrida aos supermercados recomeçara. As famílias faziam contas de somar e de subtrair, para ver se um salário seria suficiente para a compra de mochilas, “material” e inúteis livros didáticos. 

De nada adiantava explicar a uma opinião pública alienada que não era só em São Paulo que os manuais continham erros grosseiros e que o peso das mochilas era demasiado e representava perigo para a saúde dos meninos. E que a reclusão em sala de aula constituía perigo ainda maior… Até que, no tempo em que ainda havia ano letivo, surgiram núcleos de projeto constituídos por pais, professores e diretores decididos a desinstalar a normose, que se instalara no “sistema”. 

O Bob, já nos anos sessenta, o tinha predito:

Reúnam-se, pessoas!
Onde quer que estejam
Porque os tempos estão mudando

Venham, senadores, deputados, por favor, escutem o apelo
Não fiquem parados no vão da porta
Venham, mães e pais
De todos os lugares
E não critiquem o que vocês não conseguem entender
Sua antiga tradição está rapidamente envelhecendo
Porque os tempos estão mudando.”

O lado saudável do “sistema” iria convidar a o ministério para o cumprimento da lei (já aqui vos expliquei por que os ministérios estavam fora da lei), para passar de reformas reformadas à inovação, de passar da prática de injeção de paliativos no “sistema de ensino” à prática das teorias da aprendizagem. Certamente, as ciências da educação ainda serviriam para alguma coisa!

Já aposentado, o amigo António ajudava o amigo Luís e outros educadores éticos envolvidos em projetos de mudança. Nesse setembro, voltei a Portugal, para ajudar à festa. 

 

Por: José Pacheco

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Novas Histórias do Tempo da Velha Escola (MCCCXLVIII)

Vila Nova de Gaia, 5 de setembro de 2043

Mais uma vez, recorro à fala de quem, no setembro de há vinte anos, agia como gente, para se mover como educador.

“É preciso juntar, de alguma forma, estes grupos e canais de comunicação, dar a mão aos professores “vivos”, que andam por aí sozinhos e desmotivados. Vou conhecendo alguns. Receio que estejam demasiado “sozinhos” dentro dos agrupamentos.

Há muitos professores vivos que querem coisas muito diferentes, havendo também muitos mortos que ressuscitam, se tiverem para onde e com quem ir. A meu ver, temos de organizar, elaborar documentos claros simples, curtos.”

É tudo muito lento, porque há muito ruído na comunicação, atrito, desorganização. São portas e mais portas que se fecham. Já chega! 

É hora de fazermos. Acredito que, finalmente, chegámos a um “ponto de viragem. No Telegram, a professora Rute da escola pública de S João da Madeira disse que vai contactar a Isabel, para se manterem em contacto. Isso sim! São “ligações diretas”.

A Maria me fazia recordar a necessidade de exatidão, de chamar as coisas pelos seus nomes. Nomeadamente, a palavra “inovação”. Consciente dessa necessidade, rabisquei mais alguns verbetes, para compor o glossário de uma nova educação:  

Inovação – Aquilo que é, realmente, novo, que possui valor, utilidade e capacidade de se renovar/reinventar, no decorrer do tempo, de estar sempre em fase instituinte.

Matriz Axiológica do Projeto – Conjunto de valores partilhados pelos membros do núcleo de projeto.

Carta de Princípios – Enunciado dos princípios basilares de uma organização, princípios de ação, que conduzem projetos..

Cocriar – Criar juntamente com outrem. No campo da educação poderá ser entendido como ato de produção de conhecimento em comum e em comum partilhado.

Currículo – Caminho, conjunto de experiências de um sujeito de aprendizagem, entre elas, as educacionais (formação) e vivenciais. Algo que não se consome em manuais ou através do discurso de um formador, mas conhecimento produzido e partilhado.

Currículo de Comunidade – Rompendo com a conceção reducionista de currículo enquanto mero plano de estudos ou programa pré-determinado, estruturados em objetivos, conteúdos e atividades organizadas em torno de disciplinas, destinados a anos de escolaridade ou a ciclos de estudos, numa sequência linear. 

O currículo de aprendizagem consiste na determinação dialógica de necessidades sociais e na criação de múltiplas oportunidades de aprender com pessoas dotadas de potencial educativo, em espaços que a comunidade oferece.

Currículo Subjetivo – Projeto de vida, com origem em necessidades, desejos, sonhos; caminho de desenvolvimento de vocações, talentos.

Dispositivos pedagógicos – Estratégias e materiais a que se pode recorrer numa prática teorizada, concebidos criticamente e elaborados como propostas educativas adequadas às características socioculturais identificadas pelos professores como estando presentes no grupo de alunos com que trabalham.

Comunidade – Com origem no latim communitas, traduz o ato de muitos, formando uma unidade. 

Em 1887, Tonnies introduziu o dualismo sociedade (Gemeinschaft)-comunidade (Gessellschaft) no discurso científico contemporâneo, reagindo contra a conceção mecanicista de sociedade, então predominante, fazendo corresponder ao conceito de sociedade uma vontade refletida com origem no arbítrio dos seus membros, enquanto comunidade corresponderia a uma vontade que ele reputa como essencial ou orgânica, um tipo de associação baseada em imperativos profundos do ser.

 

Por: José Pacheco

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Novas Histórias do Tempo da Velha Escola (MCCCXLVII)

Porto, 4 de setembro de 2043

Aquele foi o setembro de todas as inquietações e de todas as mutações. Como vos disse, o descontentamento deu o lugar à determinação. E, mais uma vez, vos falo pela voz de quem agiu, de quem fez. 

Um sentimento misto de saudade e orgulho me invade, quando remexo o fundo do baú das velharias e me reencontro com restos de palavras trocadas no velhinho WhatsApp. No setembro de vinte e três, recebia da Joana notícia de ter criado um site: 

PORTUGAL | Rede Aprendizagem (formacaopacheco.wixsite.com)

Nele, começava a localizar projetos com potencial inovador. Logo a Maria inquiria:

“Joana já falaste com o Manuel na outra página do Telegram das turmas piloto? Ele, o Luís e o João vão arrancar com esse trabalho, em setembro. Sempre me surpreendeu lutarmos aparentemente sozinhos quando, na realidade, há tanta gente a lutar a nosso lado.”

Da Dora chegava esta mensagem:

“Bom dia! Para quem não conhece, que espreite este texto do Professor Zé:

“Os projetos humanos contemporâneos não se coadunam com as práticas escolares que ainda temos, carecem de um novo sistema ético e de uma matriz axiológica clara, baseada no saber cuidar e conviver. Requerem que abandonemos estereótipos e preconceitos. Exigem que se transforme uma escola obsoleta numa escola que a todos e a cada qual dê oportunidades de ser e de aprender. 

Se a modernidade tende a remeter-nos para uma ética individualista, nunca será demais falar de convivência e diálogo, enquanto condições de aprendizagem. Será oportuno falar de novas construções sociais. A partir do que somos, do que sabemos e do que sabemos fazer, urge afirmar a possibilidade de conceber “comunidades de aprendizagem”. Urge inovar. Mas… o que é inovação?

Urge humanizar a educação, conceber novas construções sociais de aprendizagem, nas quais, efetivamente, se concretize uma educação integral. Urge constituir redes de aprendizagem, que promovam desenvolvimento humano sustentável. A educação acontece na convivência, de maneira recíproca entre os que convivem, desde que se concretize a transição de práticas fundadas no paradigma da instrução para práticas fundadas no paradigma da aprendizagem e da comunicação.”

Palavras soltas, palavras vivas circulavam em redes sociais feitas de autores das práticas dessas palavras. Como dizia a Maria – “Muitas vezes, explicamo-nos mal. Complicamos o que é simples” – e apelava ao re-ligare das intenções: 

“Embora exagerando, olho para todas as investidas deste modo: os montessorianos não aceitam os waldorfs; os do movimento da escola moderna acham-se sempre na frente; os forest school imbicam com quem não tem quintal; os de um agrupamento fazem x e os de outro agrupamento fazem y…

Assim, perdemos todos. Não é de todo claro que somos iguais na diferença? Deveríamos ser mais humildes e operacionais, mais diversos, mais sérios, fazer o que dizemos, e fazer acontecer o que queremos. É possível! 

Os grupos são muitos e desorganizados. Torna-se cansativo. E os progressos são lentos. Mas, creio que é assim que se fazem os caminhos. Respirar fundo, ter calma, conseguir explicar muito claramente o que se pretende e como se faz, aguentar a barricada e nunca baixar os braços. 

Um abraço enorme para todos, estou ao vosso e nosso serviço para o que for preciso. E descansai um pouco, antes da histeria do início do ano. Os miúdos merecem-nos fortes e flexíveis.

SOMOS MUITOS! Não esquecer!”

Bem verdade, minha amiga! O pântano educacional se agitava com uma enxurrada de águas livres. Chegava o tempo prometido do ressurgir de um instinto de verdade honesto e puro.

 

Por: José Pacheco

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Novas Histórias do Tempo da Velha Escola (MCCCXLVI)

Lagoa de Piratininga, 3 de setembro de 2043

Reza a lenda que Diógenes andava pelas ruas de Atenas, durante o dia, carregando uma lanterna acesa, dizendo estar à procura de um homem honesto. 

Era dia claro. No entanto, Diógenes andava de lanterna acesa na mão, em busca de seres humanos verdadeiramente humanos. 

No setembro de vinte e três, fui até Portugal, pois de lá vinham boas notícias. Até talvez fosse possível estabelecer um paralelo entre o afã de muitas famílias e a busca de um Diógenes do século IV AC. Também elas procuravam educadores éticos em lugares onde os poderiam achar. O certo é que os encontraram. E – o que é mais admirável – acompanhados de gestores ainda vivos, ainda éticos.

Reencontrei ex-alunos gerindo câmaras municipais, em órgãos de governo, no  desempenho de cargos na administração educacional, na direção de agrupamentos de escolas. Já entrados na casa dos cinquenta, permaneciam resilientes, dispostos a pôr em prática aquilo que, poucos anos antes, se assemelhava a uma missão impossível.

A Marta, a Rute e a Ana tinham abdicado de uma semana de férias, para atravessar o mar e fazer uma vivência na Escola Aberta. No início do ano letivo – naquele tempo, ainda havia ano letivo – a Ana escreveu no velhinho WhatsApp:

“Já com os pés em solo português, faço esta partilha com o coração cheio e com memórias incríveis desta experiência, que jamais esquecerei. Irei encontrar-me com a querida Andreia, que está ansiosa para receber e eu ansiosa para partilhar!”

Nos encontros de sábado, enviei recados para a Dora, a Carla, a Rita, a Cátia, a Eunice, a Fátima, o Hernâni, a Sara, o JdB… e mesmo para o amigo João, que cuidava da recuperação da sua amada Catarina. Chegava o tempo prometido do ressurgir de um instinto de verdade honesto e puro.

Nesses encontros, tentei conferir exatidão à palavra dita, esboçando um glossário. Porque, por exemplo, sempre que entrava na Internet, deparava com a expressão “comunidade de aprendizagem” aplicada a experimentalismos que nada tinham a ver com a prática dessa construção social. Um dos verbetes desse arremedo de glossário isto dizia:  

“Comunidade de Aprendizagem – Práxis comunitária assente num modelo educacional gerador de desenvolvimento sustentável. Pode assumir a forma de rede social física, ou de rede virtual. Nas palavras de Lauro de Oliveira Lima, são divisões celulares da macroestrutura em microestruturas federalizadas num conjunto maior, mais complexas, que facilitam o encontro entre pessoas, espaços-tempos de preservação da unidade da pessoa, em lugar de dividir a pessoa para assegurar a unidade da sociedade.”

E vos ofereço o verbete de outro conceito, que, nessa altura, também era mal usado:

“Projeto – Processo dinâmico, que perfilha uma ideia de futuro, potencializa recursos existentes, e promove desenvolvimento pessoal e social.”

Amiúde, também ouvíamos falar de “educação de qualidade”. Só não se dizia se se tratava de boa, ou de má quanlidade. A aus~encia do adjetivo gerava alguma incerteza… E, como não havia duas sem três, cá vai mais um verbete da letra B:

“Boa Qualidade de Educação – Aquela que, no contexto restrito da escola, garanta o pleno acesso e o sucesso de todos os alunos (o Manifesto de 1932 já reivindicava uma educação pública democrática, que garantisse acesso e sucesso) e que, em senso lato, assegure a todos uma educação integral. E a boa qualidade seria aquela que resultasse da fecundação do sistema com práticas de uma nova construção social de aprendizagem.” 

À distância de duas décadas, podereis atualizar esses e outros verbetes. Eles bem precisam!

 

Por: José Pacheco

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Novas Histórias do Tempo da Velha Escola (MCCCXLV)

Camboinhas, 2 de setembro de 2043

Então, cá vai, netos queridos, mais uma cartinha “chata” (como ousastes dizer…), porque não poderei prescindir da explicitação de uma gramática de mudança. 

Vivíamos um tempo em que as famílias se preocupavam com a educação escolar dos seus filhos e nela exigiam participar. Não encontravam resposta em escolas de uma rede pública mercantilizada, no sucateamento da Escola Pública. Mas, também, já não encontravam resposta em projetos “alternativos”, ou no recurso do “ensino doméstico”. E os “centros de explicações” já recebiam alunos de… escolas particulares.

A minha amiga Tina caraterizava, na perfeição, a decadência da ensinagem e denunciava os seus efeitos:

“A prova, a nota vermelha, a reprovação, o bilhete para os pais, a punição do erro, a carteira enfileirada, o pontinho a menos, a ida para a sala da diretora, perder a hora de brincar, o castigo na biblioteca, o caderno de ocorrências, o olhar repressor e desaprovador, a cuidadora que grita, a diretora brava…
Medo é um estado emocional que surge em resposta à consciência perante uma situação de eventual perigo. A ideia de que algo ou alguma coisa possa ameaçar a segurança ou a vida de alguém, faz com que o cérebro ative, involuntariamente, uma série de compostos químicos que provocam reações que caracterizam o medo.

As escolas estão repletas de adultos que vivem na defensiva e reproduzem um ambiente repleto de ameaças, de medo e opressão.

É urgente humanizar a educação.”

Nos idos de vinte, por iniciativa da Tina e de outros educadores, se abriram caminhos de humanização. Há, precisamente, vinte anos, retomamos a prática dos encontros de formação, nos mesmos moldes daquela que havíamos realizado em projetos anteriores. 

Não se tratava apenas de assegurar consistência e vida longa a projetos de mudança. Essa seria a derradeira e exitosa tentativa de correção de erros de percurso. Não era nosso intuito colmatar déficits da formação inicial, ou da dita continuada. Não admitíamos separação entre formação inicial e continuada, porque, a nosso ver, toda a formação deveria ser contínua. Se não, para que serviria a formação?

O objetivo último seria o de garantir a todos o direito à educação, a uma educação integral em tempo integral, algo tornado possível mediante a gradual substituição de um sistema de ensino prussiano por um sistema de aprendizagem, graças ao labor de profissionais do desenvolvimento humano, ao serviço de projetos de humanização da educação adotados por comunidades.

Uma “educação integral”, muito debatida e jamais concretizada, impossível de efetivar no quadro do sistema de um sistema de ensino hegemonico e absoleto, ou através de uma via reformista, de adesão a modismos e paliativos, viria a consolidar-se numa nova construção social.

O encontro decorreu como se fora uma aula, mas uma aula de caráter isomórfico, como vos disse, na consideração do outro educador, não como objeto de formação, mas como sujeito de aprendizagem, na concretização dos princípios de uma aprendizagem dialógica.

Iríamos praticar modalidades de formação adequadas a processos de mudança. O círculo de estudos (e de aprendizagem) viria a constituir-se na modalidae principal. Projeto e oficina seriam complementares. E ainda se colocou a hipótese de organizar tertúlias. Seriam erigidos alicerces de uma nova educação, através da criação de núcleos de projeto, da definição de valores e princípios,da negociação de acordos de convivência, da reivindicação e assunção de autonomia, e da instalação dos primeiros dispositivos de relação.

 

Por: José Pacheco

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Novas Histórias do Tempo da Velha Escola (MCCCXLIV)

Leiria, 1 de setembro de 2043

Quando setembro chegava, sucediam-se as adesões ao projeto “Novas Construções Sociais de Aprendizagem” e, també, pedidos de ajuda e esclarecimento.

Naquele tempo, a palavra ainda era fonte de mal-entendidos. Se eu pronunciasse a palavra “escolas”, a maioria dos meus ouvintes, mentalmente, representava as “escolas” como prédios feitos de salas. de aula e solidões, e eu pretendia que compreendessem que escolas eram pessoas. Se eu pronunciasse a palavra “projeto”, entenderiam que eu não estava a referir-me ao mero plantar de uma horta, ou a “aulas de meditação” 

De que estaríamos a falar, quando falávamos de escola, de inovação, de educação integral, de círculos de aprendizagem, de turmas-piloto, ou comunidades de referência? 

Face à dificuldade de me fazer entender, resolvi redigir um glossário. Já o amigo Rubem perguntara à Bárbara por que estava a fazer um glosssário. 

“É que nós estamos a estudar a Carta do Pero Vaz de Caminha. E há palavras em latim deturpado, que os mais pequenos não conseguem entender.”

“Foi uma professora que te disse para fazer o glossário?” – inquiriu o Rubem.

“Não! – exclamou a pequena – fui eu que quis fazer, para ajudar os meus colegas.”

Perante a solidariedade ativa daquela criança, o Rubem foi até à janela, olhou lá para fora, para que ninguém visse que estava a chorar de emoção. 

Eu vi. E, quando um homem chora de emoção alcança o primeiro lugar do meu ranking de humanidade. Aproximei-me dauqele visitante, conversei com ele. Nessse momento, sem que soubesse, estava dar o primeiro passo da minha diáspora brasileira.

Cito de memória alguns dos verbetes de um glossário composto, lá pelos anos noventa, numa linguagem que todo mundo entendesse. Comecemos pela letra E.

Escolas: Pessoas, que aprendem umas com as outras. no contexto de uma organização social dotada de autonomia, em todo e qualquer lugar com potencial educativo. Pessoas que aprendem no exercício de uma intersubjetividade geradora de vínculos estabelecidos com um objeto de estudo e com mediadores. 

Educação Integral: Será aquela que contemple a multidimensionalidade do ser humano: a formação no domínio cognitivo e uma plena formação pessoal e social (afetiva, emocional, ética, estética, dentre outras). 

Não deverá ser confundida com mais tempo passado dentro ou fora de um prédio, em atividades de desculpabilização curricular. 

Há quem refira fazer esse tipo de educação em sala de aula. É abusiva tal referência, Em sala de aula não é possível desenvolver “educação integral”, pelo que não se deverá usar essa expressão em vão.

Na intenção de clarificar o léxico de uma educação do século XXI, recuemos para a letra D.

Desenvolvimento Sustentável: Teia da qual defende nossa vida, projetada considerando a natureza. Pressupõe que o crescimento (ou uma humanização com referência a um “decrescimento”) benfazejo deve ser baseado nas energias renováveis, favorecer a comunidade local, ser crescimento qualitativo.

Design de Sistemas Sustentáveis: Conceito que pressupõe “envolvimento”, pois envolve soluções sistêmicas integrando as dimensões social, cultural, econômica e ecológica, com o objetivo de promover sustentabilidade na micro e na macro escala, isto é: uma boa qualidade de vida. 

Dispositivos pedagógicos: Estratégias e materiais a que se pode recorrer na prática educativa, concebidos criticamente e elaborados como propostas educativas adequadas às características socioculturais identificadas pelos professores como estando presentes no grupo de alunos com que trabalham.

(continua) 

 

Por: José Pacheco

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Novas Histórias do Tempo da Velha Escola (MCCCXLIII)

Tavira, 31 de agosto de 2043

Recordo-me de, em meados dos anos oitenta, um pesquisador francês ter passado alguns dias na Ponte, xeretando tudo. Numa precária “tradução simultânea”, ajudei-o a dialogar com alunos, pais e professores. E lá se foi o visitante, deixando um papelinho escrito, que passo a traduzir:

“Quando for feita a História da Educação do século XX, dever-se-á considerar a existência de dois períodos distintos: antes da Escola da Ponte e depois da Escola da Ponte.”

O francês já tinha passado por Reggio Emilia e por outros lugares onde um escolanovismo tardio havia assentado arraiais. E chegara à conclusão de que a Escola Pública da Ponte tinha sido a primeira a concretizar a transição entre práticas instrucionistas e práticas fundadas no paradigma da aprendizagem. O processo de aprendizagem passara a estar “centrado no aluno”, enquanto sujeito de aprendizagem. 

Decorridas algumas décadas, em quase todas as escolas, o professor ainda era o centro, cativo de práticas instrucionista enfeitadas de projetos paliativos. E havia quem dissesse:

“Não há direito de não nos deixarem trabalhar de maneira diferente. Os diretores impedem o nosso trabalho. Se a Ponte não tem sala de aula, por que nos obrigam a continuar a trabalhar em sala de aula?”

Mas, da lamentação e desse perguntar os descontentes não passavam. Havia sempre um “impedimento”, um pretexto para justificar o imobilismo reinante. E o André confabulava:

“Vivemos um longo e terrível período de aberrações e atentados diretos contra o Direito de Aprender de milhões! Profundamente lamentável! 

Debray contou-nos esta estória: Um imperador chinês pediu ao pintor principal da sua corte para apagar a cascata que tinha desenhado nas paredes do palácio, porque o barulho da água o impedia de dormir.” 

Que imagens nos impedem de dormir? E quais são aquelas que nos embalam o sono?

Gostaríamos de ver outros retratos no espelho da nossa história? Gostaríamos que ele nos devolvesse uma outra visão da escola que fomos (in)capazes de construir? Ainda conseguiremos, neste tempo em que o excesso de visões asfixia o olhar, deixar-nos instruir pelas imagens?

Deveremos tolerar a incoerência entre o pensar e o fazer, ou aceitar a necessidade de fincar barreiras perante procedimentos moralmente contraditórios e antiéticos? 

Poderá haver educação em práticas sociais que impedem a assunção de uma vida plena, quando não fazemos aquilo que se pode e sonha fazer? No setembro de vinte e três, ainda havia profissionais críticos, reflexivos e éticos. Juntos, materializamos um “novo início”. 

Sempre oportuna nas suas intervenções, a minha amiga Tina apontava “a oportunidade de repensar processos e fazer diferente, de deixarmos de estar “enclausurados” nas quatro paredes de uma sala de aula. 

Precisamos rever a imposição padronizada do conteudismo instrucionista, que destrói a curiosidade e impede o desenvolvimento do pensar crítico e criativo.

Que o velho normal da educação não volte nunca mais”. 

E a Teresa questionava: · 

O que nos impede de pensar a Escola Pública em conexão profunda com a comunidade, com as suas gentes, os seus saberes?

O que nos impede de acreditar na proximidade, no envolvimento, no diálogo, como fatores de aprendizagem?

O que impedia a mudança éramos nós! E, nos encontros de sábado, nos desimpedimos. 

Assim rezava o convite para os encontros de setembro de 2023:

“Novas Construções Sociais de Aprendizagem e Educação”

11:00 às 12:00 horário de Brasília/ 15:00 às 16:00 horário de Portugal

Link da videochamada: https://meet.google.com/jrj-bfyu-hji 

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