Escola da Floresta, 27 de dezembro de 2043
O Dia de Natal já lá ia, mas alguns incansáveis construtores de Paz se mobilizavam nas redes sociais, preparando “um post especial” para uma live que aconteceria do 27 de dezembro de há vinte anos. Eu os lia e os admirava:
“Sugiro colocar só equipe, no lugar de “equipe coordenadora”. E se tirarmos, também, a palavra “equipe”? E deixar só: “São os votos da Rede de Comunidades de Aprendizagem”?
Equipe dá ideia de potência e pertencimento. Neste caso, creio que dá…
Maravilha! Volta “equipe”. É espírito de mudança em equipe que gera a ação, a transformação. A ideia é renovar, e renovação é refletir ação, repensar o que vivemos. Vivemos em comunidade, onde quer que estejamos, por meio de nossos valores, princípios, acordos, que nos relacionam com todos os seres.
Os nossos votos de renovação que inova ação! E que o espírito natalino esteja em todos nós! Natal é espírito de ação, de transformação. Natal é renovar a Esperança.”
Os educadores que assim se manifestavam sabiam que não deveriam tentar convencer outros educadores da necessidade de “nataliniar” os seus atos, mas de tomar uma decisão ética, a decisão de assumir um compromisso ético com a Educação.
Muitos anos antes, mais ou menos por essa altura do ano, recebi da minha amiga Rúbia uma singela homenagem, um quase preito de gratidão.
“Quem inventou o Natal? Festa universal que mistura essência pagã com essência cristã. Comemoração do solstício do inverno. Noite de reflexão social, espiritual, ética e moral. Noite de luz e de fé.
Para as crianças de hoje, Papai Noel, é pop. Mas, para os meninos de olhares vazios no futuro eterno, que ficam parados nos sinais de trânsito pedindo dinheiro, como será o seu Natal? Ou, melhor, como seria o seu Natal?
E nos lares sem enfeites e sem ceia, para onde foi o Natal?
Festa triste, mas singela, o Natal pode ser representado com o presépio. Francisco de Assis ajudou a propagar o nascimento de Jesus. As pastorinhas numa doce homenagem anunciam a chegada do menino Deus.
Numa batalha entre o bem e o mal o Natal surge para nos oferecer um momento de pensarmos na vida e no que fizemos dela. Como diz Carlos Drummond de Andrade no poema O que fizeram do Natal
“As beatas ajoelharam e / adoraram o deus nuzinho / mas as filhas das beatas / e os namorados das filhas, / foram dançar black-bottom / nos clubes sem presépio.”
Talvez não percebamos, mas existe o natal religioso e o profano. E, como diz Fernando Pessoa:
“Nasce um Deus. Outros morrem. A verdade / Nem veio nem se foi: o Erro mudou. / Temos agora uma outra Eternidade.”
Nesse sonho de eternidade buscamos resplandecer no Natal. Abram as portas, chegou o Reisado! Brincadeira popular, forma de expressão que traz luz e esperança diante da chegada do menino Deus. No ritual de celebração ao nascimento de Jesus Cristo, o Reisado faz do ciclo natalino um tempo de reinvenção da história do nascimento de Jesus Cristo.
Há no Pastoril do presépio dançado, o encanto do Natal. No cordão azul e no cordão encarnado as pastorinhas exibem a alegria em adorar o menino Deus. Na construção da identificação do Patrimônio Cultural as manifestações do ciclo natalino contemplam um tempo de bençãos.
Há uma exposição das relações sociais nas manifestações das culturas populares. Mas, o que realmente interessa no Natal? O espírito natalino? Os sonhos? Os encontros e a confraternização? A família e a ceia? Os presentes? O papai Noel? Seria o Natal uma farsa?”
Quando o amigo Rubem me levava até ao seu sítio de Pocinhos de Rio Verde, mostrava-me o Natal de um ex-pastor presbiteriano. Dele vos falarei amanhã.
Por: José Pacheco
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