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Novas Histórias do Tempo da Velha Escola (MCDLXIII)

Lagoa das Amendoeiras, 29 de dezembro de 2043

Netos queridos, quando 2043 se aproxima do final, quero oferecer-vos estórias e poesia, manifestar gratidão pelo tempo que possais ter dispensado à leitura destas cartinhas. Também e em particular, a uma comunidade e a uma pessoa, que, nos idos de vinte, acreditou que seria possível transformar o dizer em fazer, colocar a poesia em ato.  

Comecemos pela poesia, que dedico a essa pessoa. Os percalços e alegrias que vivemos juntos fizeram-me lembrar de pedacinhos de um poema do Pablo, que eu lia e relia nas passagens de ano de há mais de setenta anos:

“Somente quero cinco coisas, cinco raízes preferidas.

Uma é o amor sem fim.

A segunda é ver o outono. Não posso ser sem que as folhas voem e voltem à terra.

O terceiro é o grave inverno, a chuva que amei, a carícia de fogo no frio silvestre.

Em quarto lugar o verão redondo como uma melancia.

A quinta coisa são teus olhos, não quero dormir sem teus olhos, não quero ser sem que me olhes: eu mudo a primavera, para que me sigas olhando.
Amigos, isso é quanto quero. É quase nada e quase tudo.

Agora, como sempre, é cedo. Voa a luz com suas abelhas.

Me deixem só com o dia. Peço licença para nascer.”

E, agora, as estórias, exemplos de gratidão, dedicadas à Comunidade da Lagoa das Amendoeiras. 

“Uma brasileira, sobrevivente de campo de extermínio nazi, contou que, por duas vezes, esteve numa fila que a encaminhava para a câmara de gás. E que, nas duas vezes, o mesmo soldado alemão a retirou da fila. Diz um provérbio judeu que quem salva uma vida salva a humanidade. E, há vinte anos, eu não conseguia entender o genocídio perpetrado em Gaza por Israel.

Quando um empregado de um frigorífico foi inspecionar a câmara frigorífica, a porta se fechou e ele ficou preso dentro dela. Bateu na porta, gritou por socorro, mas todos haviam saído para suas casas. Já estava muito debilitado pela baixa temperatura, quando a porta se abriu e o vigia o resgatou com vida. Perguntaram ao vigia-salvador: Por que foi abrir a porta da câmara, se isso não fazia parte da sua rotina de trabalho? Ele explicou: Trabalho nesta empresa há 35 anos, vejo centenas de empregados que entram e saem, todos os dias e esse é o único funcionário que me cumprimenta, ao chegar, e se despede, ao sair. Hoje, ele me disse “bom dia”, ao chegar. E não percebi que se despedisse de mim. Imaginei que poderia lhe ter acontecido algo. Por isso, o procurei e o encontrei.

Era uma vez… dois amigos: Amir e Farid. Durante uma viagem, Farid resolveu tomar um banho e foi arrastado pela correnteza do rio. Amir atirou-se no rio e o salvou. Grato, Farid ordenou a um seu escravo que escrevesse numa pedra, em letras grandes: “aqui, com risco de perder sua vida, Amir salvou o seu amigo Farid”. Mais tarde, numa discussão, Amir esbofeteou Farid. Este se aproximou da margem do rio, e escreveu na areia: “aqui, por motivos tolos, Amir esbofeteou Farid”. O escravo, que escrevera na rocha a frase anterior, ficou intrigado: Senhor, quando fostes salvo, mandastes gravar o feito numa pedra. Agora escreveis na areia a ofensa recebida. Por que agis assim? Farid olhou o escravo e respondeu: “os atos de de amor devem ser gravados na rocha, para que todos os que tiverem oportunidade de tomar conhecimento deles, procurem imitá-los. Porém, quando recebermos uma ofensa, devemos escrevê-la na areia, bem perto das águas, para que seja por elas levada.”

Talvez a gratidão devesse ser uma rotina nas nossas vidas, algo indissociável da relação humana, mas talvez ande arredada dos nossos quotidianos gestos. E se começássemos cada dia dando gracias a la vida, como faria a Violeta?

 

Por: José Pacheco

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Novas Histórias do Tempo da Velha Escola (MCDLXII)

Boa Esperança, 28 de dezembro de 2043

O dealbar de 2024 foi tempo de reencontros e reinícios. De Portugal chegavam o Luís e a Filipa (destes amigos vos falarei, em breve). Outros amigos partiam do Brasil, para que, como dissera Agostinho, o Portugal da Educação desembarcasse em Portugal. Era um tempo de lembrar ausências e reencontros. Fui ao baú das velharias e de lá retirei uma crónica do amigo Rubem, que nos fala das ausências e reencontros do Natal de todos os dias:

“Menino, lá em Minas, havia uma coisa, uma única coisa que eu invejava nos católicos: no Natal, eles armavam presépios e nós, protestantes, tínhamos árvores de Natal. Mas as árvores, por bonitas que fossem, não me comoviam como o presépio: uma cabaninha coberta de sapé, Maria, José, os pastores, ovelhas, vacas, burros, misturados com reis anjos e estrelas, numa mansa fraternidade, contemplando uma criancinha. 

A contemplação de uma criancinha amansa o universo. Os católicos mais humildes tinham alegria em fazer os seus presépios. As pobres salas de visita se transformavam num lugar sagrado. As casas ficavam abertas para quem quisesse se juntar aos reis, pastores e bichos. E nós, meninos, pés descalços – os sapatos só eram usados em ocasiões especiais – peregrinávamos de casa em casa, para ver a mesma cena repetida.

Nós, meninos, com inveja, tratávamos de fazer os nossos próprios presépios. Os preparativos começavam bem antes do Natal. Enchíamos latas vazias de goiabada com areia, e nelas semeávamos alpiste ou arroz. Logo os brotos verdes começavam a aparecer. O cenário do nascimento do Menino Jesus tinha de ser verdejante. 

Sobre os brotos verdes espalhávamos bichinhos de celuloide. Naquele tempo ainda não havia plástico. Tigres, leões, bois, vacas, macacos, elefantes, girafas. Sem saber, estávamos representando o sonho do profeta que anunciava um dia em que os leões haveriam de comer capim junto com os bois e as crianças haveriam de brincar com as serpentes venenosas. 

A estrebaria, nós mesmos a fazíamos com bambus. E as figuras que faltavam nós as completávamos artesanalmente com bonequinhos de argila. No mundo mágico tudo é possível. Era uma cena “naif”, primitiva, indiferente às regras da perspectiva. 

Um presépio verdadeiro tem de ser infantil. E as figuras mais desproporcionais nessa cena tranquila éramos nós mesmos. Porque, se construímos o presépio, era porque nós mesmos gostaríamos de estar dentro dele. Éramos adoradores do Menino, juntamente com os bichos, as estrelas, os reis e os pastores – não importando que estivéssemos de pés descalços e roupa suja.

Eu sempre me perguntei sobre as razões por que essa cena, em toda a sua irrealidade onírica, mexe tanto e tão fundo comigo. Não sinto alegria ao contemplar a cena. Sinto uma tranquila beleza triste. Gosto dela. É uma ausência aconchegante. 

O Drummond escreveu um poema chamado Ausência. Não sei a propósito de quê – se era por causa de um amor perdido, de uma pessoa querida que estava longe – a saudade doía. E ele escreveu, para se explicar e consolar: 

“Por muito tempo achei que a ausência é falta / E lastimava, ignorante, a falta / Hoje não a lastimo / Não há falta na ausência / A ausência é um estar em mim / E sinto-a, branca, tão pegada, aconchegada nos meus braços / que rio e danço e invento exclamações alegres / porque a ausência, essa ausência assimilada / ninguém a rouba mais de mim.” 

O presépio nos faz querer voltar para lá, para esse lugar onde as coisas são sempre assim, banhadas por uma luz antiquíssima e ao mesmo tempo acabada de nascer. 

Na manjedoura, dorme uma criança. O nome dessa criança é o nosso nome.”

 

Por: José Pacheco

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Novas Histórias do Tempo da Velha Escola (MCDLXI)

Escola da Floresta, 27 de dezembro de 2043

O Dia de Natal já lá ia, mas alguns incansáveis construtores de Paz se mobilizavam nas redes sociais, preparando “um post especial” para uma live que aconteceria do 27 de dezembro de há vinte anos. Eu os lia e os admirava:

“Sugiro colocar só equipe, no lugar de “equipe coordenadora”. E se tirarmos, também, a palavra “equipe”? E deixar só: “São os votos da Rede de Comunidades de Aprendizagem”?

Equipe dá ideia de potência e pertencimento. Neste caso, creio que dá…

Maravilha! Volta “equipe”. É espírito de mudança em equipe que gera a ação, a transformação. A ideia é renovar, e renovação é refletir ação, repensar o que vivemos. Vivemos em comunidade, onde quer que estejamos, por meio de nossos valores, princípios, acordos, que nos relacionam com todos os seres. 

Os nossos votos de renovação que inova ação! E que o espírito natalino esteja em todos nós! Natal é espírito de ação, de transformação. Natal é renovar a Esperança.”

Os educadores que assim se manifestavam sabiam que não deveriam tentar convencer outros educadores da necessidade de “nataliniar” os seus atos, mas de tomar uma decisão ética, a decisão de assumir um compromisso ético com a Educação. 

Muitos anos antes, mais ou menos por essa altura do ano, recebi da minha amiga Rúbia uma singela homenagem, um quase preito de gratidão. 

“Quem inventou o Natal? Festa universal que mistura essência pagã com essência cristã. Comemoração do solstício do inverno. Noite de reflexão social, espiritual, ética e moral. Noite de luz e de fé. 

Para as crianças de hoje, Papai Noel, é pop. Mas, para os meninos de olhares vazios no futuro eterno, que ficam parados nos sinais de trânsito pedindo dinheiro, como será o seu Natal? Ou, melhor, como seria o seu Natal? 

E nos lares sem enfeites e sem ceia, para onde foi o Natal?

Festa triste, mas singela, o Natal pode ser representado com o presépio. Francisco de Assis ajudou a propagar o nascimento de Jesus. As pastorinhas numa doce homenagem anunciam a chegada do menino Deus. 

Numa batalha entre o bem e o mal o Natal surge para nos oferecer um momento de pensarmos na vida e no que fizemos dela. Como diz Carlos Drummond de Andrade no poema O que fizeram do Natal

“As beatas ajoelharam e / adoraram o deus nuzinho / mas as filhas das beatas / e os namorados das filhas, / foram dançar black-bottom / nos clubes sem presépio.”

Talvez não percebamos, mas existe o natal religioso e o profano. E, como diz Fernando Pessoa:

“Nasce um Deus. Outros morrem. A verdade / Nem veio nem se foi: o Erro mudou. / Temos agora uma outra Eternidade.” 

Nesse sonho de eternidade buscamos resplandecer no Natal. Abram as portas, chegou o Reisado! Brincadeira popular, forma de expressão que traz luz e esperança diante da chegada do menino Deus. No ritual de celebração ao nascimento de Jesus Cristo, o Reisado faz do ciclo natalino um tempo de reinvenção da história do nascimento de Jesus Cristo.

Há no Pastoril do presépio dançado, o encanto do Natal. No cordão azul e no cordão encarnado as pastorinhas exibem a alegria em adorar o menino Deus. Na construção da identificação do Patrimônio Cultural as manifestações do ciclo natalino contemplam um tempo de bençãos. 

Há uma exposição das relações sociais nas manifestações das culturas populares. Mas, o que realmente interessa no Natal? O espírito natalino? Os sonhos? Os encontros e a confraternização? A família e a ceia? Os presentes? O papai Noel? Seria o Natal uma farsa?”

Quando o amigo Rubem me levava até ao seu sítio de Pocinhos de Rio Verde, mostrava-me o Natal de um ex-pastor presbiteriano. Dele vos falarei amanhã.

 

Por: José Pacheco

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Novas Histórias do Tempo da Velha Escola (MCDLX)

Centro Educacional Jabuti, 26 de dezembro de 2043

Recebi mensagem da minha amiga Lívia, logo após o Dia de Natal. Provando que não há longe, nem distancia, me presenteava com uma mensagem de fecho de ano e de agradecimento: 

“E quem diria que já estaríamos no Natal? Que esta data nos lembre o verdadeiro significado de estarmos juntos em nome do amor. 

Hoje, te convidamos a agradecer e celebrar a vida, honrando todos aqueles que deixaram esse plano, num 2020 tão cheio de desafios. 

Diante de todos os obstáculos aos quais fomos expostos, esse ano nos mostrou a importância do reaprender e nos ensinou que, juntos, podemos transformar o mundo. 

Agradecemos sua caminhada ao nosso lado nessa grande missão de sermos agentes de transformação! Gratidão! Seguimos juntos, sempre, por um mundo melhor! Muita luz e um Feliz Natal!”

Dizia-nos Biasutti que “a infância tem valor, não tanto como período de adestramento, mas como período em que se pode experimentar livremente aquela maravilhosa sensação de sermos nós próprios, que predispõe a aceitar melhor as inevitáveis limitações da vida adulta”. Na noite de 24 de dezembro de vinte e três, a Vovó Ludi vivia o seu primeiro Natal com a Analú, enquanto preparava o Natal do Joaquim. 

Com a Fernanda e o Tomás, aprestava os natais de crianças futuras. Alinhavava o primeiro encontro das ARCAs. Em janeiro, Caraíva assistiria a um renanascer da fenix, pois chegavam sinais de recuperação de “fé pedagógica” e o amigo Renzo dirigia-se aos “imprescindíveis”:

“Seja quem e como você é, para surpreender um mundo ruim com seus atos de bondade. Continue!

Para plantar um beijo de preocupação na bochecha dos velhos e dos doentes. Continue!

Para deixar a gratidão ser o travesseiro em que você se ajoelha, ouse amar profundamente. Que o trabalho de suas mãos e a força de seu espírito sejam abençoados, enquanto todos continuamos. Continue!”

E continuávamos com ventos de bom augúrio, conjugando novos verbos: reconfigurar, regenerar, reelaborar, refundar… humanizar. Expressões como aquelas que ouvira, tempos atrás, provavam que havia quem recusasse a solidão de uma sala de aula e ousasse a solidariedade.

Em 1974, vivi uma Noite de Natal aparentemente solitária. Pressenti que algo iria perder. Mas, mais uma vez, confirmei que quem ama nunca está sozinho. Nessa noite, a Vida me privou da companhia dos meus familiares, para ficar dentro de um quartel, na companhia de alguns militares, que optavam por passar uma noite de vigília. Era preciso defender a “Revolução dos Cravos” daqueles que, na sombra, contra ela conspiravam. 

O Natal de setenta e quatro seria o último para a pessoa que eu mais amava: a minha mãe. Menos de um mês decorrido sobre essa solitária Noite de Natal, no fim de tarde mais triste de quantos me aconteceram, de coração corroído por uma vida de sacrifícios, serenamente deitada nos meus braços, a minha jovem mãe exalou o seu último suspiro.

O vosso avô ainda viveria a amorosidade companheira de outros natais, porque muitos seres humanos nascem longe de casa, e essa foi a minha sina, a de andarilhar. Até que, reencontrado o Amor, refiz a minha casa e, até hoje, nela fiquei. 

Perdoai o tem intimista desta cartinha. Hoje, deu-me para isto… Mas, reparai que escrevi Amor e Vida com letras maiúsculas. 

A Vida é um contínuo ato de Amor, ou não é Vida. O Amor é a única realidade. E a coragem de Viver é a sua tradução, celebrada no Natal de cada e de todos os dias, ao modo do pessoano “Guardador de Rebanhos”, com o quanto baste de virginal inocência de um Menino Deus do sul latino, sem reverência ao Papai Noel do Natal do consumismo.

 

Por: José Pacheco

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Novas Histórias do Tempo da Velha Escola (MCDLIX)

Cidade do Porto, 25 de dezembro de 2043

No meu Natal brasileiro, um Presépio mostrava um Menino Jesus negro em uma Amazônia devastada. Um bebê negro, filho de uma virgem negra, rodeado de querubins indígenas. Essa imagem me transportou para a “Antologia Poética” de um Miguel, que vivera em Leopoldina e que, assim, evocava o Natal português:

“Nasce mais uma vez, Menino Deus! 

Não faltes, que me faltas, neste Inverno gelado. 

Nasce nu e sagrado, nasce e fica comigo, secretamente, até que eu, infiel, te denuncie aos Herodes do mundo

Até que eu, incapaz de me calar, devasse os versos e destrua a paz, que agora sinto, só de te sonhar.”

A memória de versos misturava à memória gustativa de arroz-doce e rabanadas a do aconchego da lareira da casa de Vila das Aves. Hoje, desfilam pelos meus olhos fechados memórias de avós, pais e mães, irmãos, de uma multidão de gente simples autora dos meus primeiros natais. 

O meu “Natal dos Simples” aconteceu num dezembro dos inícios dos anos sessenta. Tenho um pressentimento de que já dele vos falei, mas cá vai.

Pouco passava da meia-noite, saí da Igreja de Nossa Senhora da Conceição, entoando o cântico final da Missa do Galo:

“Paz na Terra, Paz na Terra e Glória a Deus nos altos céus. Glória ao Filho, Glória à Mãe. A Paz na Terra! A Paz na Terra!”

Noite fria foi aquela! Temperatura abaixo de zero e eu ia descendo a rua, que me levaria a casa, cantando, possuído por um esbraseante espírito natalício. Até que… numa reentrância de loja chique, deparei com um quadro, que me era familiar. Fora o último que vira, ao sair da igreja: a “Pietá”. 

Uma mulher acalentava uma criança. Aturdido, escutando o seu soluçar, me aproximei, sem saber o que fazer. Ao seu lado, um velho jazia, tremendo. debaixo de uma manta esburacada. Ao seu redor, começava a formar-se uma fina camada de geada. Também chorava. 

Debrucei-me sobre aquele corpo franzino, passei a minha mão pelo seu enrugado rosto. Perguntei o que poderia fazer por ele. Com voz trémula, me disse:

“O que eu quero, meu filho é que a morte não demore a chegar. Vai, meu filho, vai! Deixa-nos. Vai para casa”. 

Fui me afastando, possuído por um estranho sentimento. Mais abaixo, numa esquina da Praça da Liberdade, deparei com duas prostitutas seminuas, tão trémulas quanto os moradores de rua. Em vão, esperavam clientes, mas… era Noite de Natal.

Senti vontade de correr, fugir dali, fugindo não sabia de quê. Exausto, quase chegado a casa, sentei-me nos degraus de pedra das Escadas da Vitória. Subitamente, soltou-se um mar de lágrimas feitas de impotência, de raiva, choro de indignação.

No seu “Conto de Natal”, Charles Dickens diz-nos:

“Talvez o Natal venha mostrar o sentimento de amor, amizade, gentileza e ternura. Talvez, o Natal seja a data mais introspetiva do calendário. Mesmo anunciando o nascimento do menino Deus o Natal é uma data triste.” 

E o Poetinha, no seu “Poema de Natal”, confirma:

“Para isso fomos feitos: / Para lembrar e ser lembrados / Para chorar e fazer chorar / Para enterrar os nossos mortos / Por isso temos braços longos para os adeuses / Mãos para colher o que foi dado / Dedos para cavar a terra. / Assim será nossa vida: / Uma tarde sempre a esquecer…”

Mas a Cora Coralina revela um Natal do otimismo:

“Tem presente de montão / no estoque do nosso coração / e não custa um tostão! / A hora é agora! / Enfeite seu interior! / Sejas diferente! / Sejas reluzente!”

Concluirei esta já longa cartinha com uma mensagem do amigo Rubem:

“Nada melhor do que enfeitar o nosso interior. Neste Natal construa uma comunidade de afetos. Comece pensando o bem, querendo o bem e fazendo o bem. 

Feliz Natal!”

 

Por: José Pacheco

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Novas Histórias do Tempo da Velha Escola (MCDLVIII)

Nascentes de Luz, 24 de dezembro de 2043

Nunca agradeci o bastante por a minha amiga Andreia me ter levado até à “Nascentes de Luz”, um lugar onde o Natal acontece todos os dias. Senti-me em família, numa época em que, voluntariamente exilado no Sul, toda a minha família estava no Norte. 

Pelo WhatsApp, acompanhava os preparativos da “Consoada”. O Natal de vinte e três todos reuniria numa “Festa da Família”, na casa da Luísa. A dez mil quilómetros de distância, com eles conversei, nesse Natal brasileiro celebrado na casa da Mariana.

Dias antes, recebera um texto da minha amiga Maria do Céu Roldão, retrato fiel dos natais do Norte e do Sul. Aqui vo-lo deixo, com votos de um Natal de Paz. 

“O cowboy da meia-noite.

O homem estava caído de lado, imóvel, no chão do centro comercial. A perna dobrada vestia uns jeans coçados. Nos pés uns ténis modestos. Em volta, uns quantos funcionários afadigavam-se relativamente – entre olhar com ar entendido e usar os telemóveis para pedir socorro. 

Nós, os clientes apressados, detínhamo-nos um pouco – divididos entre uma espontânea inquietação e a mórbida curiosidade pela tragédia, entre uma vaga ideia de ajudar – mas fazer o quê? – justificamo-nos … e o poderoso instinto de fugir para o conforto das margens. Lá ficou, um homem caído no chão, doente ou morto. E eu segui. Como os outros. Afogada na onda de decorações e cantos de Natal e no afã dos inadiáveis compromissos. 

Joe Buck, o ingénuo texano – do extraordinário filme de 1969 “O cowboy da meia noite” – que vem do campo para Nova Iorque, em busca da fortuna, e aí se envolverá com um improvável amigo, coxo e marginal (Dustin Hoffman, inesquecível!…), inicia a sua experiência na grande metrópole com uma sequência espantosa , em que um homem cai no passeio aparentemente com um ataque cardíaco , em plena 5ª Avenida, e a multidão , perante o seu olhar de estupefação e horror, continua a caminhar apressada, ao lado do homem caído no chão, sem se alterar, sem se desviar, sem sequer baixar os olhos. (“Vejam bem daquele homem a fraca figura/ desbravando os caminhos do pão; e se houver/ uma praça de gente madura / ninguém vai levantá-lo do chão” – ecoa a voz do Zeca na minha memória).

A solidão indefesa – podia ser o outro título desta melancólica escrita, num tempo de festa. A solidão monstruosa e o abandono irremediável – na doença, no desespero e na morte. A desatenção tornada “natural” quando um de nós está perdido. Ou quase. A solidão insuportável do silêncio em que se isolam hoje os humanos, atrás de mil gadgets hipercomunicacionais, olhares perdidos em lado nenhum, ausência quase total do sermos “nós”. A exposição indefesa de um corpo entregue à sua queda.

Acabei, no mesmo dia, de fazer o pequeno e tosco presépio que insisto em montar – sou quase a única cá em casa a dar importância a essa pequena encenação do acontecimento maior do Natal, não sei muito bem porquê… Talvez porque, para mim, mais do que todo o simbolismo religioso e cultural, a teatral disposição da cena do nascimento de Jesus expõe sobretudo a irremediável, comovente e gritante solidão de uma rapariga e de um homem, solitários, expulsos e indefesos, na noite fria em que lhes nasce um filho. E o que me reconforta na simbologia do presépio, quando a recrio em cada ano, é que coloco as figurinhas todas a dirigirem-se para eles. A caminhar no sentido inverso da solidão. Guiados pela estrela, ou pelo melhor do que existe nos seres humanos, pastores e reis vão vê-los, vão presenteá-los, vão acompanhá-los. Vão estar com eles. 

Bom Natal!”

A saudosa Maria do Céu ainda viveria um Natal fraterno: o de 2024. Dele vos falarei.

 

Por: José Pacheco

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Novas Histórias do Tempo da Velha Escola (MCDLVII)

Caçapava do Sul, 23 de dezembro de 2043

Ontem falei-vos de autonomia. E a cartinha terminava com um exemplo da prática da solidariedade. Dela vos falarei na de hoje, expressa nas palavras do Mestre Morin: 

“Sejamos irmãos porque estamos perdidos num pequeno planeta dos arredores de um sol suburbano de uma galáxia periférica de um mundo privado de centro.”

Reflitamos sobre uma dura realidade: a quantidade de suicídios verificados neste nosso conturbado mundo equivale ao dobro do conjunto de mortos por guerra e fome. Quem se interroga sobre as causas de ambas as tragédias? Quem  reflete sobre a ausência de uma ética apoiada na bondade e no apoio mútuo? 

Naquela idade em que começamos a sentir a necessidade de dar sentido à vida, é preciso que aconteça um feliz encontro com seres que ensinam que a verdadeira vida é um fraterno encontro.

Em direto, a televisão transmitia um atropelamento, numa rua de São Paulo: um corpo no meio da rua e condutores desviando as suas viaturas daquele obstáculo, alguns quase esmagando a inerte vítima do acidente. Na calçada, transeuntes alheios ao drama. Até ao momento em que um deles faz sinal aos carros para que parem, vai até junto do corpo e pede para chamar uma ambulância. 

Interrogo-me: Este “sofrware” humano será o único, ou poderemos aspirar a algo diferente? Quero crer na possibilidade de uma sociedade mais fraterna. E escuto o Mestre Morin que nos fala da necessidade de uma metamorfose, de uma reforma moral, lograda através de profundas mudanças no modo de educar e numa economia ecológica e solidária. 

Ele diz-nos que solidariedade é a palavra que pode modificar positivamente o futuro da humanidade. Curiosamente, Morin considera que o país com maiores posssibilidades de liderar essa metamorfose solidária é o… Brasil. 

Quando se substituirá um “ou” solitário pela coordenação do “e”, para que não haja moradores dos jardins versus zona leste, mas apenas brasileiros unidos numa tarefa comum? Compartilhe-se a fome e a abundância, a tristeza e a alegria, a saúde e a doença. 

No final da década de oitenta, o presidente da assembleia da escola era um mocinho muito autocentrado. Nas reuniões, ele somente dava a palavra aos amigos e não assumia responsabilidade coletiva, em situações que justificavam essa atitude. 

Foi criticado por muitos dos alunos que o elegeram. Reagiu, dizendo que se demitiria. Então, as crianças tomaram uma decisão surpreendente: decidiram que o presidente deveria continuar no cargo. Mas que a condução das reuniões deveria ser participada pelos restantes membros da mesa da assembleia, de modo a ajudar o presidente a aprender a respeitar os outros e a respeitar-se.

Ao longo daquele ano letivo, o presidente, que não foi demitido, viveu múltiplas situações de ajuda mútua. No final da última assembleia daquele ano, deitou discurso, agradecendo aos colegas a oportunidade de ter aprendido a ser solidário. 

Em linguagem de gente jovem, disse, mais ou menos, isto: Que não se importava de não ser o primeiro, para que todos pudessem ser os primeiros. 

Dizia o mestre Pestalozzi que a educação moral não deve ser trazida de fora para dentro da criança, mas deve ser uma consequência natural de uma vivência moral. A compreensão e a aceitação do outro resultam de uma aprendizagem da verdade, na arte de conviver. Desde tenra idade, a solidariedade na solidariedade se aprende. 

Um menino sentou-se no colo de um idoso, que chorava a morte da sua esposa. O idoso susteve o choro e sorriu. Quando a mãe da criança lhe perguntou o que tinha dito ao velhinho, a criança respondeu: “Nada. Só o ajudei a chorar.”

 

Por: José Pacheco

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Novas Histórias do Tempo da Velha Escola (MCDLVI)

Camboinhas, 22 de dezembro de 2043

Netos queridos, entre os dias 21 e 22 de dezembro, ocorre o solstício de Inverno no hemisfério norte. No hemisfério sul, o solstício é o do Verão. O dia 22 de dezembro é considerado auspicioso, simbolizando o começo de novo ciclo, e para o vosso avô, ele tem um significado especial (um dia, vos direi qual é).

Renasce a esperança de tempo novo, tempo de atos criadores, de vida gratuita e plena, tempo de percorrer caminhos novos. 

Como dissera o Mia Couto:

“É para isso que servem os caminhos, para nos fazerem parentes do futuro. E o que faz andar a estrada? É o sonho. Enquanto a gente sonhar, a estrada permanecerá viva.”

Nos idos de vinte, os educadores sonhadores eram uma espécie em vias de extinção, até que foi chegado um “solstício educacional”, há muito anunciado. As atas da Conferência de Ministros da Educação, realizada há mais de quarenta anos rezava assim: 

“Toma corpo a ideia de uma educação libertadora, que contribua para formar a consciência crítica e estimular a participação responsável do indivíduo nos processos culturais, sociais, políticos e econômicos.” 

Muito antes, a Conferência Geral do Episcopado Latino-Americano, reunida em Medellín, também registava em ata: 

A Educação em todos os seus níveis deve chegar a ser criadora, pois devemos antecipar o novo tipo de sociedade que buscamos na América Latina.”

Há vinte anos, movia-nos a esperança de que, algum dia, essas vozes fossem escutadas. Esperança, que, em seu sentido genuíno, significa fé na bondade da natureza humana. Significa confiar, acreditar ser possível ensinar (e aprender!) o diálogo, o reconhecimento da diversidade, a amorosidade, a solidariedade, a alegria, a justiça, a ética, a responsabilidade social, o respeito, a cidadania, a humanização da escola. 

Utopia! – Exclamarão alguns. Mas, como nos avisava Robert Musil, a utopia era uma possibilidade que poderia efetivar-se no momento em que fossem removidas as circunstâncias que obstavam à sua realização…

Knecht, personagem criada por Herman Hesse, desejava educar uma criança que ainda não tivesse sido deformada pela Escola, instituição que se mantinha conivente com a perpetuação de um estado de desequilíbrio entre um imenso progresso técnico e a nossa sobrevivência, numa espécie de proto-história da humanidade, feita de sofrimento humano e de corações vazios, na qual ainda precisávamos de aparatos sociais como tribunais e prisões. 

Era bem verdade que uma modernidade prometeica nos fazia desesperançosos, mas mantínhamos a esperança de “chegarmos vivos ao fim da vida”.

Escutemos o Mestre Agostinho, quando nos diz ser possível que as crianças sejam tão livres e desenvolvidas, que possam governar o mundo pela inteligência e imaginação, e não por saberem muita aritmética ou ortografia.

Mestre Agostinho tinha esperança de que a criança grande, que habita em cada um de nós, pudesse dar ao mundo o exemplo do que deveria ser “vida gratuita”, para que ninguém tivesse de pagar para viver e trabalhar para viver, para que “ninguém mais passasse a vida amuralhado e encerrado entre grades e renascesse para ser aquilo que deveria ser”.

Somos do tamanho dos nossos sonhos, como afirmou o Pessoa. E, no tempo em que o projeto da Escola da Ponte teve início, era a esperança que nos movia. Diziam-me que, com professores como aqueles que tínhamos, na época, não seria possível fazer avançar o projeto. Mas foi com aqueles professores, acreditando na capacidade de se transcenderem, que o projeto começou. Foi esperançosamente que ele prosperou. 

Nóis pode! – diria o amigo Tião. 

Por: José Pacheco

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Novas Histórias do Tempo da Velha Escola (MCDLV)

Barra do Garças, 21 de dezembro de 2043

Netos queridos, nesta cartinha, completo as referências à Carta de Princípios dos Românticos Conspiradores. Nos idos de vinte e três, a dei a conhecer aqueles educadores que manifestaram a intenção de fazer de 2024 o ano da “virada educacional”. Eu sei que esta expressão vos poderá parecer estranha, mas o “brasileirismo” descrevia na perfeição aquilo que, no ano seguinte, aconteceria.

Há um quarto de século (como o tempo passa!), os RC juntavam uma adenda ao documento, que venho citando:

“Esta carta é produto do trabalho coletivo dos membros do núcleo RC-SP, realizado através de fórum virtual de discussões e reuniões presenciais durante os meses de agosto, setembro e outubro de 2008 e aprovada em assembleia, no dia 18/10/2008. 

O processo de construção da carta está relatado em “Histórico do Núcleo RC-SP”, aqui. A versão desta carta com as assinaturas de adesão pode ser consultada em: http://rcsp.wikidot.com/carta-de-principios.”

Não sei se ainda podereis encontrar o documento nesse site da velhinha Internet, mas valerá a pena tentar, porque, se o achardes, ireis deparar com um extraordinário espólio, uma memória de projetos que precederam a “virada educacional” dos idos de vinte. 

Então, aqui tendes o restante, o final da Carta de Princípios. Espero que vos faça bom proveito, que tenha sido útil, como o foi, vai para vinte anos.

“A educação só possibilitará à pessoa atuar efetivamente na transformação da sua realidade se proporcionar condições de autotransformação. Em outras palavras, é somente através da promoção de aprendizagens significativas que a educação contribuirá para a transformação humana e social.

EDUCAR NA DEMOCRACIA

A educação que prepara para a democracia deve dar-se através de práticas não-autoritárias, que permitam a ampla participação de educandos, dos educadores, das famílias e da comunidade. Só é possível uma educação “para” a ação cidadã se a educação for “pela” e “na” ação cidadã. As práticas educativas promotoras da liberdade, autonomia, respeito, responsabilidade, equidade e solidariedade devem estar associadas aos princípios anteriores para permitir que atinjamos o objetivo maior da autorresponsabilização social.

A autorresponsabilização social refere-se à conscientização de que os contextos sociais são responsabilidade de todos e de cada um, visando que as pessoas e comunidades tenham condição de se apropriar das suas realidades e transformá-las. 

A este propósito, valerá a pena redefinir conceitos como os de educação democrática, não coercitiva, educomunicação.

EDUCAR COM DIGNIDADE

A dignidade específica do ofício do educador é derivada da dignidade reconhecida na pessoa do educando. O educador deve ser cônscio do seu importante papel como agente social, assumindo sua missão como tutor dos educandos e facilitador de suas aprendizagens, entendendo que a educação deve ser solidária e coletiva e a aprendizagem um processo de dupla-via – entre o educador-aprendente e educando-ensinante. 

O tão almejado resgate da autoridade e a revalorização social e profissional do educador passam, necessariamente, pela reformulação das formações iniciais, pela reflexão e atualização permanente das práticas educativas e, principalmente, pela constante busca da coerência entre o fazer pedagógico e as necessidades educacionais dos educandos, suas comunidades e das sociedades em geral.”

Netos queridos, dei-vos a conhecer a obra dos RC, porque não é por acaso que, hoje, os vossos filhos têm a Escola que todas as crianças merecem.

 

Por: José Pacheco

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Novas Histórias do Tempo da Velha Escola (MCDLIV)

Ipê, 20 de dezembro de 2043

Na senda de educadores que os antecederam os Românticos Conspiradores (nunca será demais os referir)” eram exemplos de coerência, generosidade e amor pela infância. Afirmavam que “assim como cada ser humano possui diferentes limites, possui também diversas potencialidades que poderão, ou não, ser desenvolvidas e expressas a partir das formações e transformações que ocorrem durante toda a vida.” E davam o mote das transformações: 

“Para isso a educação deve ser um processo intencional, contínuo e transformador, que leve a integralidade e que repercuta durante toda a vida.”

Antecipavam em vinte anos aquilo que viria ser entretenimento de teóricos ociosos, como: transdisciplinaridade e educação integral. E o faziam numa práxis consistente:

“A educação integral é vista aqui como aquela que considera as diversas dimensões da experiência humana: sensorial, cognitiva, emocional, moral, ética, política, cultural, estética, artística etc.”

Vos deixo com mais alguns passos da sua Carta de Princípios. Nos idos de vinte e três a divulguei, para que as ARCAs tivessem fonte de inspiração para redigir a sua própria “carta”.

“EDUCAR EM SOLIDARIEDADE

A educação é um processo relacional, possuindo um caráter social que deve ser assumido nas práticas educativas. A solidariedade, mais do que um objetivo ético a ser atingido, é uma condição primordial para a realização do trabalho educativo. Portanto, este só se desenvolverá plenamente se considerar e incluir as diversas relações entre todos os atores envolvidos: educandos, educadores, gestores, famílias e comunidades. No caso da escola, é indispensável que abra suas portas à comunidade, a fim de constituir-se em pólo integrador e irradiador do saber e do esforço social pela educação, também cabe a escola incentivar a integração dos agentes e espaços comunitários a esse mesmo esforço.”

Completavam o enunciado deste princípio co a recomendação de estudos afins, sobre comunidade, docência compartilhada, metodologia de trabalho de projeto.

O terceiro dos princípios dos RC era o “EDUCAR NA DIVERSIDADE”.

“A educação deve contemplar a originalidade e a criatividade das pessoas, valorizando a diversidade humana em todos os seus aspetos: físicos, psicológicos, culturais, etc. As práticas educativas devem ser coerentes com o fato de que as pessoas aprendem melhor segundo seus interesses e motivações, em diferentes ritmos e de diferentes formas. 

A noção de educação na diversidade, associada aos conceitos de integralidade e solidariedade, permite o reconhecimento tanto de nossas singularidades quanto das nossas igualdades, resultantes de nossas condições humanas e socioculturais. As diferenças, nesse contexto, devem ser consideradas como algo inerente ao ser humano, rompendo-se a lógica binária que nos fragmenta em “iguais” de um lado e “diferentes” de outro.”

Sugeriam desdobramentos reflexivos – sobre pedagogia da escuta, ensino não seriado, grupos multietários, educação para a paz, pedagogia da autonomia, educação multicultural, educação inclusiva – não deixando de sublinhar que o termo educação inclusiva era utilizado com ressalvas, “uma vez que seu uso só fazia sentido em um contexto excludente” (sic).

EDUCAR NA REALIDADE

A educação deve servir para a melhora objetiva da realidade na qual ela ocorre, contribuindo para o chamado desenvolvimento local. Para tanto, ela deve ser contextualizada, integrada à vida dos educandos e de suas comunidades, aberta para a troca de experiências e conhecimentos. 

(continua)

 

Por: José Pacheco

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