Parobé, 13 de fevereiro de 2042
Há exatos vinte anos, num boletim de ocorrência, constava que o operador de rádio ouviu, durante a ligação, os disparos efetuados por Nilson Santos. Esse sargento ligou para Batalhão, antes de matar a mulher e dois filhos e se suicidar. Raro era o dia em que os órgãos de comunicação social não dessem notícia de assassinatos e de outras banalizadas violências.
No Portugal de fevereiro de vinte e dois, um jovem de 18 anos planejou um ataque terrorista. Se o FBI não o tivesse detectado e a polícia não o tivesse detido, esse estudante universitário, decerto, cumpriria o seu plano “de matar o máximo número de colegas possível, com recurso a armas brancas, que tinha armazenado.
Não seria a primeira vez, nem a última, que um tresloucado semeasse o terror e a morte. A detenção do estudante português trouxe à memória ataques ocorridos em escolas de outros países. Ataques mortíferos ocorreram em escolas dos Estados Unidos da América, da Ucrânia, da Escócia, do Brasil…
A 16 de abril de 2007, um estudante de 23 anos matou 32 pessoas e feriu 17. Ainda no dormitório, Seung-Hui Cho matou dois estudantes. Duas horas depois, entrou num edifício da Universidade de Virgínia, barricou a porta e disparou indiscriminadamente sobre estudantes, professores e funcionários. Acabaria por se suicidar.
A 14 de dezembro de 2012, depois de assassinar a sua mãe, Adam Lanza, de 20 anos, pegou em quatro armas de fogo e foi até à sua antiga escola primária em Newton, Connecticut. Matou 21 crianças de seis e sete anos e seis adultos. Suicidou-se, quando a polícia chegou ao local.
A 17 de outubro de 2018, um estudante de 18 anos matou 20 pessoas e feriu 70 outras com uma caçadeira. Suicidou-se 15 minutos após ter entrado no Politécnico da cidade de Kerch, na Crimeia.
No primeiro dia de agosto de 1966, um estudante de engenharia e antigo fuzileiro subiu à torre do relógio da Universidade do Texas, em Austin. Matou três pessoas no interior do edifício e depois desatou a disparar sobre pessoas que se encontravam nos terrenos da universidade. Ao longo de 96 minutos matou mais 12 pessoas e feriu 31 até ser morto pela polícia. Descobrir-se-ia depois que, antes, tinha matado a própria mulher e a mãe.
Munido de quatro pistolas e revólveres, a 12 de março de 1996, um homem de 43 anos entrou pela escola primária de Dunblane e matou 16 crianças e um professor antes de se suicidar.
A 14 de fevereiro de 2018, Nikolas Cruz, que havia sido expulso por mau comportamento, regressou ao seu liceu em Parkland Florida e ativou o alarme de incêndio. Quando os alunos saíram as salas de aula, começou a disparar indiscriminadamente. Matou 17 pessoas e feriu outras tantas. Depois, misturou-se com a multidão e fugiu. Acabaria por ser detido poucas horas depois.
A 20 de abril de 1999, dois jovens de 18 e 17 anos entraram armados na sua escola secundária (Liceu de Columbine, Colorado) e atacaram os colegas. Mataram quinze pessoas e feriram várias. Quando ficaram sem munições suicidaram-se.
Numa trágica quinta-feira, a Escola Municipal Tasso da Silveira, comemorando os seus 40 anos, acolhia ex-alunos, para falar sobre suas vidas fora do ambiente escolar.
Wellington, jovem ex-aluno de 23 anos, parou diante do portão da escola, se apresentou como palestrante e entrou. Na mochila, levava dois revólveres. Cumprimentou uma antiga professora com um beijo na testa, invadiu uma sala de aula e lá deixou 12 corpos sem vida.
Por que elaborei esta trágica lista? Ao longo de seis meses, a Cléo cuidou das crianças sobreviventes e dos familiares das vítimas do massacre. Ela sabe por que a fiz.
Por: José Pacheco
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