Novas Histórias do Tempo da Velha Escola (MCCCL)

Bosque de Itapeba, 7 de setembro de 2043 · 

Apesar de ser dia feriado no Brasil, as crianças não deixaram de “ir à escola”.  Com a Bruna, o Bruno, o Gabriel e a Francis, as crianças não deixavam de aprender nesse dia. E quem não suspendia a sua busca por aperfeiçoamento pessoal e profissional, nem nos dias feriados, aproveitava o feriado para visitar a Comunidade da Lagoa das Amendoeiras. E, de uma agradável conversa com a Maíra, a Leila, a Michele, o Alex e o Breno saíram grandes projetos sonhados para Maricá. 

Esse dia começara com a chegada da amiga Patrícia. Trazia cestas básicas, oferecia ajuda. Na infinda generosidade da Patrícia não havia ponta de assistencialismo, havia gestos de solidariedade de uma educadora, de uma mulher e mãe. 

A dedicação da Patrícia me suscitou uma reflexão matinal. Ei-la: 

Se a profissão de professor era, eminentemente, feminina, por que razão apenas duas mulheres eram citadas em obras que eu lia sobre os “maiores educadores do século XX”? Somente Montessori e Ferrero delas constavam. 

A essa matinal reflexão se juntou o diálogo com as educadoras visitantes e umas mensagens recebidas de Portugal. 

Enquanto preparavam um evento, homens e mulheres refletiam…

“São 78% homens… isso não representa mudança. E faz imensa pouca justiça a quem está a organizar (homens, aqui, somos completa minoria). Já temos sete pessoas em palco. Sete homens! A moderar poderia ser uma mulher.

Mas, porquê tantos homens?

Os diretores dos agrupamentos das escolas são quase todos homens.

Se queremos passar mensagem de mudança num evento e apresentamos 80% homens, que mensagem estamos a passar? 

A professora Adélia acaba de confirmar a sua presença. Teremos, assim, duas mulheres em palco de se lhe tirar o chapéu. Que valem por muitas!”

E João da Catarina encerrou o diálogo:

“Parabéns a tod@s pelo empenho. Que esta energia seja inesgotável.”

O João, o Hernâni e outros educadores confirmavam aquilo que eu afirmava, que, por detrás de uma grande mulher havia sempre um grande homem. E vice-versa, claro! 

Perguntastes por que razão eu escrevo os nomes dos maravilhosos educadores, que encontrei, ao logo de muitos anos e projetos. Porque precisamos recordar mulheres e homens que, em tempos difíceis, abriram caminhos de uma nova educação. Educadores e educadoras como a Tina praticava, cuja lúcida voz anunciava pedagogias desse novo tempo:

“PEDAGOGIA DA PERGUNTA – é a aprendizagem mediada por perguntas, que gesta respostas grávidas de mundo. É possível investigar um problema e gerar várias hipóteses de soluções, desenvolvendo o pensar ativo, crítico e criativo.

PEDAGOGIA DA CONTEXTUALIZAÇÃO – é necessário contextualizar o objeto do conhecimento para encharcar de sentido. “[…] ninguém educa ninguém, como tampouco ninguém se educa a si mesmo: os homens se educam em comunhão, mediatizados pelo mundo”. [Freire]

PEDAGOGIA DA ACOLHIDA – é fundamental desenvolver compromisso e vínculo com o estudante e a comunidade, é um gesto de amor e de respeito com o diferente, pois aprendemos na relação com o outro.

PEDAGOGIA DA REFLEXÃO – é pensar de forma crítica, questionar o já pensado, fazer novas conexões de saberes e a aproximação da vida real.

PEDAGOGIA DA PRÁXIS – depois da pergunta, do diálogo e da reflexão libertadora, vem a organização da práxis (teoria e prática) coletiva. 

PEDAGOGIA DIALÓGICA – é um chamamento para que os educadores assumam uma postura pedagógica libertadora, reflexiva, geradora de vínculos afetivos e conexão com a comunidade em que o estudante faz parte.” 

E a Tina nos avisava:

“É tempo de esperançar e agir.”

 

Por: José Pacheco

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