Open post

Novas Histórias do Tempo da Velha Escola (MCDVIII)

Tiradentes, 4 de novembro de 2043

Voltei a Tiradentes, a convite do amigo Ralph. Em tempos idos, no tempo em que Ralph fora prefeito, ajudei a Cláudia e o Ralph a criar um dos mais belos projetos em que tive oportunidade de participar. 

Terminado o mandato, Ralph não quis continuar à frente dos destinos de Tiradentes. E, à semelhança do que sucedeu em outros lugares, o projeto foi interrompido. 

Voltaria a Tiradentes, em 2024, para o retomar. Dessa feita, com a intenção maior de transformar esse projeto numa referência de humanização do ato de educar.

No início do novembro de há vinte anos, os jornais noticiavam: “Guerra em Gaza completa um mês com dez mil mortos”.

Apelando do fim do conflito, uma atriz chamada Angelina, que se distinguiu pelo seu trabalho como embaixadora da Boa Vontade do Alto Comissariado da ONU para os Refugiados, alertava: 

“Gaza é uma prisão a céu aberto há quase duas décadas e está a transformar-se rapidamente numa vala comum.”

E a Bárbara isto escrevia: 

“O futuro da humanidade está em quem sente o sofrimento dos outros.

Na terça-feira, passou um mês que o Hamas decidiu entrar em Israel, matar indiscriminadamente homens, mulheres e crianças, e fazer reféns. Os ataques à Faixa de Gaza matam indiscriminadamente homens, mulheres e crianças. “Olho por olho, dente por dente”, diz o Livro do Êxodo, quando Deus fala com Moisés, depois de este sair do Egipto. É a chamada lei do talião, da reciprocidade entre o crime e o castigo.”

Mais de três mil crianças haviam perecido nesse conflito armado. Levaria ainda muito tempo, até que a voz de John Whitehead fosse escutada:

‘Crianças são as mensagens vivas que enviamos para um tempo que não veremos.’  Essa é a razão de fazermos o que fazemos. Nós queremos que a mensagem que mandamos ao futuro seja uma mensagem de esperança. É a mensagem que a natureza nos urge a enviar.“

Mas havia quem, anonimamente, cuidasse de crianças desvalidas. Na Comunidade da Lagoa das Amendoeiras, a Bruna e a sua equipe matavam a fome de alimento do corpo e da alma em crianças filhas de famílias que viviam abaixo do limiar da pobreza. A filantropia de uns poucos ia mitigando carências de todo o tipo. A Patrícia ajudava quanto podia. Os amigos da Escola Aberta iam contribuindo para alguma sustentabilidade financeira do projeto. 

Aproximava-se a época natalícia, e a Cecília emitia mais um pedido de ajuda:

“Nesta semana, receberei as cartinhas do Papai Noel das 115 crianças do Centro Educacional Comunidade São Jorge, no Alto Independência. 

Como boa Mamãe Noel que sou, estarei com esta linda missão. E, para que possa levar tanto amor para meus pequenos, conto com meus ajudantes, carinhosamente, chamados de PADRINHOS DE NATAL. 

A ideia é compartilhar os pedidos das cartinhas com minha rede do bem e encontrar padrinhos para estas 115 lindezas! 

Se você quer receber o arquivo com as cartinhas, me dê um oi por aqui, que estou fazendo a lista dos possíveis padrinhos.

Já adianto para vocês que a emoção é grande, no dia! É lindo de ver e acho que nós, que doamos, ganhamos tanto quanto eles.” 

A Cecília ilustrava o apelo com um vídeo. 

“Deixo aqui para vocês apreciarem uma cena que nos marcou. Em 2019, uma criança pediu biscoitos Dorytos e Nutella. O padrinho dela deu-lhe um saco cheio destas guloseimas. A criança abriu e esbanjou alegria, ao ver aquele tanto de biscoito. E não pensou duas vezes: começou a distribuir com os colegas!

Ah! E reparem que tem uma querida comemorando, pois ganhou roupinhas para o enxoval da irmã que iria nascer. Toda esta cena é muito encantadora!

O que esta cena nos ensina? Em que lugar ela nos toca e nos motiva?*

 

Por: José Pacheco

Open post

Novas Histórias do Tempo da Velha Escola (MCDVII)

Morro do Estado, 3 de novembro de 2043

A escassos dias de nova viagem a Portugal, tive ensejo de voltar à Escola “Ayrton” e de reunir com professores da Escola “Júlia”, lugares onde as crianças do Morro do Estado eram acolhidas e cuidadas. Em ambas, conheci educadores e educadoras com disponibilidade para, partindo do que eram e do que sabiam, empreender transformação, rever práticas, inovar. 

Na “Ayrton”, na sequência de formação presencial, propus estudo e instalação de dispositivos. Ironizei, dizendo serem essas tarefas “dever de casa” (naquele tempo, ainda havia professores que encomendavam “deveres de casa). Em Niterói, até havia uma empresa com o nome… “Meu Dever de Casa”. A mercantilização da Escola Pública mostrava-se exponencial. Às “deserções” para o ensino doméstico, para o ensino individual, para escolas particulares juntava-se a “sangria” das empresas conhecidas como “centros de estudo”, centros de explicações”, de “aulas de reforço”. de “aulas de recuperação de aprendizagem”, de “aulas de preparação de provas nacionais”.

Por força da criação de atividades de contra-turno, crianças eram submetidas a doses duplas de tédio. Com a criação do “apoio à família” (trabalho de Babysitter) e de “atividades de enriquecimento curricular” (melhor dizendo, de desculpabilização curricular), se acrescentava algumas horas para além das passadas dentro de salas de aula, sendo os jovens submetidos a uma abusiva e absurda “ocupação do tempo livre”. E, confundindo “educação integral” com educação em tempo integral, “especialistas”, “doutores”, “assessores” e “consultores“ – destes vos falei na cartinha de ontem – castigavam a infância com aquilo que o amigo Tião chamou de ”serviço militar obrigatório aos seis anos”.

Se os interpelava, por não saberem que resposta dar, reagiam com rancor. Tão dogmáticos quanto privados de elementares saberes das ciências da educação, se quedavam silenciosos perante simples questionamentos:

Se existia a intenção de “transformar as relações entre as pessoas em outra lógica que não a da competitividade, mas a da cooperação”, por que se insistia m perenizar uma escola competitiva, seletiva, excludente?

Por que havia sala de aula? Por que ainda se “dava aula”? Por que razão uma aula durava cinquenta minutos?

Por que havia ano letivo, semestre, trimestre, bimestre, “carga horária”? Por que havia ciclo e ano de escolaridade?

Por que razão o banheiro (quarto de banho português) dos alunos não era, também, dos professores? Não conseguindo dar resposta a estas e muitas outras perguntas, alimentavam absurdos, indiferentes aos trágicos efeitos do “sistema”.

Por muitos anos, a Educação permaneceu à mercê de “aprendizes de feiticeiro” e fragmentada em: “formal”, “informal”, “quilombola”, “do campo”, “financeira”, “para a paz”, “para a saúde”, “para o trânsito”, “ecológica”, “ambiental”, “superior” (e “inferior”?), “religiosa”, “laica”, “pública”, “particular”, “familiar”, “escolar” (por sua vez, segmentada em: “infantil, fundamental, média, básica, secundária”), “personalizada”, “individualizada”, “holística”, “ao longo da vida”, “municipal”, “estadual”, “federal”, “para a cidadania”, “de adultos”, “de povos originários” e outros adjetivos à palavra “educação” colados, se perdendo a noção de conjunto e adiando um re-ligare essencial. . 

Era tamanho o desperdício, que cheguei a pensar desistir do papel de “Grilo do Pinóquio” e fazer a minha parte, me alienando, parcialmente. Mas, eis que surge uma nova geração de esperançosos pais e professores. 

 

Por: José Pacheco

Open post

Novas Histórias do Tempo da Velha Escola (MCDVI)

Campo de São Bento, 2 de novembro de 2043

Vai para uns trinta anos, no velhinho e abandonado facebook, o meu amigo José transcrevia palavras de outro amigo (o Nóvoa), acompanhando o texto com o desenho, que junto a esta cartinha, da autoria da minha saudosa amiga Angelina (como vedes, o vosso avô era rico de amigos).

“Durante muito tempo as reformas sonharam que podiam mudar os “sistemas educativos”, depois preocuparam-se com os “currículos”, agora tendem a centrar-se nas “práticas pedagógicas”. 

Uma leitura atenta permite-nos identificar as razões do fracasso das reformas empreendidas em Portugal nas décadas de oitenta e de noventa. Apesar das suas diferenças, acabaram por revelar as mesmas dificuldades: por um lado, desgastaram-se em intermináveis arranjos de currículos e de programas, esquecendo os modos de organização do trabalho escolar; por outro lado, não conseguiram eleger a escola como o espaço de “negociação da mudança”, pois tal teria obrigado a reforçar as competências e os poderes locais. 

O debate, que envolveu milhares de professores e de outros “atores sociais”, não contribuiu para construir uma inteligência coletiva com base em responsabilidades exercidas no espaço local da escola.”

O amigo José completava um pedaço do prefácio do Nóvoa para o livro do Philippe “Aprender a Negociar a Mudança em Educação” com um eufemístico comentário

“Parece que aprendemos pouco.”

Eu diria que quase nada tínhamos aprendido. O ministério insistia em reformar reformas, investindo em inflexíveis “gestões flexíveis” e cursos de falsas “comunidades de aprendizagem”. Os professores e as escolas viviam sob a ameaça de uma praga – a dos “consultores”. Na cartinha de amanhã, pretendo falar-vos das “cartas educativas”. Por agora, vos deixarei com uma síntese descritiva de uma praga, que custou fortunas ao erário público, que enriqueceu muita gente, mercantilizou a Escola Pública e muito prejuízo lhe causou.

Os “consultores” eram contratados por autarquias, a troco de pagamento de inúteis “relatórios”, “projetos”, “cartas”, e os havia formados em marketing, geografia, psicologia, turismo, inglês, matemática e em outras áreas. Nada sabiam da Educação necessária, mas, do alto dos seus doutoramentos, ditavam leis. Não sendo merecedores de mais extenso arengar, vos remeterei para uma metafórica caracterização de um “consultor”.

Estava o pastor apascentando o seu rebanho, num verde pasto dos cafundós das Gerais e eis que um carro para na estrada. Dele sai um sujeito com paletó de executivo e dele se aproxima.

“Bom dia, doutor! – saudou o pastor – Uai! O que cê faz nesta biboca de Deus? Aqui só passa cata-jeca.”

“Venho fazer-lhe uma proposta.”

“Bão, mar bão mermo!”

“Se eu adivinhar quantos animais você tem no seu rebanho, você me dá uma ovelha?”

“Combinado. Mas olhe que é difisdemais…”

Assistindo à instalação de antena parabólica e computador, disse o pastor. 

“Uai! Cê besta, trem?”

“É tecnologia avançada!”

Feitos os cálculos, o sujeito informou que o rebanho tinha duzentos e trinta animais.

“Certo!” – confirmou o pastor – “Cê pode pegar uma ovelha.”

Quando o visitante se preparava para partir, o pastor assim falou:

“Eu sei o que cê mexe com que.”

“Você disse que sabe qual é o meu trabalho? Foi isso? 

Sim. E, se eu acertar na sua profissão, cê devolve-me o animal?”

“Claro! Mas não vai conseguir. É uma profissão muito nova!”

“Eu acho que cê é consultor.” 

“Certo. Mas, como soube que eu sou consultor?”

“Porque cê chegou e eu não o tinha chamado. Disse-me aquilo que eu já sabia. E, entre tantos animais, levou-me… o cachorro”.

 

Por: José Pacheco

Open post

Novas Histórias do Tempo da Velha Escola (MCDV)

Camboinhas, 1 de novembro de 2043

Nas palestras (que eram diálogos) dos idos de vinte, o vosso avô contava a estória de uma visita feita a uma escola considerada “inovadora”.

Cheguei à escola – leia-se: prédio onde pessoas estavam instaladas, para supostamente ensinar e aprender – uma hora antes de um combinado encontro. 

O portão se abriu. Uma carrancuda criatura perguntou ao que eu ia. A senha “sou membro do Conselho de Educação” abriu caminho. À entrada, uma horta mirrada e lixo espalhado pelos canteiros. No átrio, murais com comunicados, notas de exames, a habitual parafernália burocrática. 

Visitei o banheiro dos alunos. Fotografei dísticos como aquele que junto a esta cartinha. Anotei “inspiradoras” frases ilustradas com desenhos fálicos e outros que, por pejo, não direi.

Depois, fui até à biblioteca. Estava vazia. Melhor dizendo, num canto, havia uma criança. Perguntei-lhe o que estava a fazer.

“Ontem, a senhora diretora foi à minha sala e disse que, hoje, vinha cá um senhor para nos ver a fazer projetos. E disse para a nossa “setôra” (era o modo como os alunos chamavam o professor, uma abreviatura de “doutor”) mandar um menino para a biblioteca. Estou à espera dos meus colegas das outras turmas.”

Estávamos no tempo da famigerada moda da “pedagogia dos projetos”. Partia-se de “temas” para um “faz de conta”. Despedi-me da criança e fui percorrer corredores invadidos por gritos de professores, entrecortados pelo alarido coral de alunos, repetindo melopeias. 

Quando me aproximava da “sala dos professores” – muitas vezes, perguntei onde era a “sala dos alunos”, mas nunca alguém me informou –, eis que uma senhora com ar grave me interpela:

“O senhor é o Professor José Pacheco?”

“Sim, sou.”

“Eu sou a diretora da escola. Doutora fulana de tal. Só esperava o senhor conselheiro pelas quinze horas. Foi isso que me foi comunicado pelo Conselho Nacional de Educação.”

“Sim. Mas, cheguei mesmo agora.

“Ah! Pois…” – suspirou (de alívio).

Convidou-me para entrar na “SALA DA DIREÇÃO” (assim, tudo em maiúsculas) e para eu me sentar. Contornou uma mesa imponente, sentando-se do lado oposto. 

“Então, o que o traz por cá, senhor conselheiro? Certamente, disseram ao senhor conselheiro que esta é uma escola inovadora. Como vê nesta estante, temos recebido muitos prémios.”

A senhora diretora interrompeu um longo silêncio:

“O senhor doutor (Portugal era um país de “doutores”) é professor em que universidade?”

“Também trabalho na universidade, mas sou professor do Ensino Básico.”

O rosto da senhora diretora não disfarçou a surpresa.

“Do Básico? Nem do Secundário?”

“Minha senhora. Sou professor do Ensino Básico.”

“Nunca vi um caso assim! Quando um professor passa a doutor, vai para o Ensino Superior.”

“Prefiro continuar no “inferior.”

“Como disse? Inferior?”  

“Sim, cara senhora” – eu estava a ficar farto daquele desconversar – “Se existe um ensino “superior”, certamente, haverá um “inferior”. A linguagem produz e reproduz cultura…”

“Bom! Vamos ao que interessa! Saiba o senhor conselheiro que esta é uma escola construtivista.” 

O enfado me ajudou a não prestar atenção ao fundamentalismo pedagógico que a expressão encerrava. Mas, a senhora diretora insistiu: 

“Somos como a Escola da Ponte. E o senhor? 

Poderia alimentar um diálogo construtivo, ou me intitular “pós-construtivista.”, mas a impaciência me traiu, quando a senhora diretora inquiriu:

O senhor doutor também é construtivista?

Talvez seja mais…destrutivista.” – respondi.

Um sorriso amarelo atravessou o rosto da senhora diretora. E do resto da reunião nem é bom falar.

 

Por: José Pacheco

Open post

Novas Histórias do Tempo da Velha Escola (MCDIV)

Maricá, 31 de outubro de 2043

O amigo Sérgio mostrava-se preocupado com o meu silêncio:

“Espero que esteja bem e feliz, apesar dos horrores a que temos assistido, diariamente, que põem à prova nossa crença e esperança na humanidade — mas, ao mesmo tempo, acentuam a necessidade de uma educação que fomente a fraternidade e o respeito à diferença.” 

Um famoso “influencer” (era assim que se designava quem, em redes sociais, tiha “seguidores”) comentava os “horrores”:

 “O mundo está pesado. Uma espessa camada de tristeza está sobre nós. Cada um reage a seu modo. Alguns estão agressivos, outros intolerantes, muitos estão deprimidos. É preciso construir esperança, derramar nos espaços que habitamos uma poeira de amor e sentimentos positivos.”

Estávamos em pleno período das conferências municipais preparatórias do Plano Nacional de Educação 2024-2034. A elas assistia, atento, mas reservado, obsequiosamente calado. Já participara na preparação do PNE 2014-2024 e alertara para o risco de repetirmos erros de antanho. 

Àquilo que é novo não se deve aplicar raciocínios dedutivos, pelo, há trinta anos, aconselhei que o debate acompanhasse a conceção e prática de uma nova Educação. A bafienta Escola do século XIX, subentendida no texto das conferências, viria a neutralizar todas as intenções constantes das vinte metas do plano 2014-2024. 

Nas conferências de 2023 e 2024, não me pronunciei. Quedei-me por uma escuta atenta. Mas, já era de mau agoiro que no texto-base das conferências se naturalizasse práticas obsoletas e que a discussão sobre os sete eixos decorresse em salas de cadeiras enfileiradas, com apoio de braço só do lado direito (como se não houvesse esquerdinos por ali…).  

Com a Vovó Ludi e uma equipe de extraordinários educadores, tentei que os dez anos, que se seguiram fossem de mudança e inovação. Enviamos para secretarias, agrupamentos, universidades e outras instituições um “convite”. Reconhecíamos s ser inadiável o cumprimento de planos municipais e nacionais, concretizando a melhoria da qualidade da educação, a erradicação do analfabetismo, a sustentabilidade socioambiental, a promoção da gestão democrática e da cidadania, com ênfase em valores morais e numa ética do cuidar.

Avaliando o projeto “experimental” desenvolvido ao longo de 2023, concluímos ser possível assegurar a materialização do princípio que dizia ser a Educação um direito de todos e que todos poderiam aprender, desde que fossem criadas condições para tal. 

Desenvolvemos um projeto de formação continuada e de transformação das práticas educacionais, para promover uma boa qualidade da educação, com potencial de difusão em rede. Realizamos reconfigurações de práticas escolares, em escolas da redes municipais e estaduais, através do desenvolvimento de novas competências e da reelaboração da cultura pessoal e profissionals dos seus professores.

A criação de protótipos de comunidade de aprendizagem correspondeu à necessidade da instituição de novas construções sociais de aprendizagem. Nesses contextos se assegurou a efetiva prática de educação integral.

Construídos indicadores de melhoria da qualidade da educação, formulamos diretrizes a adotar na formação de profissionais de desenvolvimento humano. A celebração de contratos e termos de autonomia permitiu dispormos de um tempo de sereno e profícuo trabalho. Propiciada a estabilidade das equipes de projeto, se tornou possível, cuidar do socioemocional dos professores e, sem fazer dos alunos cobaias de laboratório, consubstanciar tarefas e alcançar objetivos. 

 

Por: José Pacheco

Open post

Novas Histórias do Tempo da Velha Escola (MCDIII)

Santo André de Cabrália, 30 de outubro de 2043

As redes sociais dos idos de vinte contribuíam para criar solidões, mas, também, para intensificar circuitos de comunicação, para estabelecer diálogo. Mensagens fraternas eram trocadas. Como esta, que recebi, no outubro de vinte e três: 

“Obrigado, Zé, por transcrever os sentimentos que nós mesmos não sabemos explicar com palavras, apenas sentir. A tecnologia social das “formiguinhas” salvará o micromundo Mirante do Rio Verde, tenho certeza. Bem-vindo! Chegou na hora certa. 

Eu li esse texto em prantos. Senti dor, amor, alegria e tristeza, todos ao mesmo tempo. Me sinto e me vejo nessas crianças, nos tornamos um só, pelo espaço tempo de todas manhãs que passamos juntos. Sou aluna, educadora, mãe e criança ao mesmo tempo nesse espaço.” 

“Eppur Si Muove”… quatro séculos após Galileu negar a sua teoria heliocentrista, para escapar da condenação de morrer na fogueira, “formiguinhas” inquietas e dedicadas à causa das crianças, rompiam as trevas de novas inquisições, para afirmar a possibilidade de uma nova educação. Essas “formiguinhas” talvez não conhecessem a canção do Zeca, mas agiam em conformidade…

“A formiga no carreiro / vinha em sentido contrário / trepou às tábuas que flutuavam nas águas / e do cimo de uma delas / virou-se para o formigueiro / mudem de rumo / já lá vem outro carreiro.”

Vivíamos um tempo de potencial mudança. Um novo Plano Nacional de Educação era preparado. Melhor dizendo, alguns municípios e estados manifestavam interesse em realizar conferências preparatórias. Outros realizavam num só dia a “desobriga”. Muitos outros passavam ao largo do evento. E a participação direta dos professores estava comprometida, pois os debates eram realizados em tempo de trabalho de chão de escola. 

Nos encontros que acompanhei, em 2014 e em 2024, a maior parte do tempo era desperdiçada na aprovação de regimentos, em discursos de políticos em tempo pré-eleitoral e… em crónicos atrasos. 

O documento elaborado pelo Fórum Nacional era de razoável qualidade no levantamento de situação e tímido nas propostas. Embora já não estivesse segmentado em vinte metas, continuava demasiado fragmentado. Argumentos se repetiam de eixo para eixo e a divisão em frações comprometia uma análise de caráter sistémico.

Expressões como educação integral e gestão democrática estavam semeadas por todo o texto. Palavras como igualdade e equidade surgiam aqui e ali, mas as escolas permaneciam cativas de um modelo educacional hierárquico e autoritário. Grupos corporativos, partidos e empresas usavam a força que a democracia lhes oferecia para defender interesses particulares e mercantilizar a escola pública.

Ingénuos apelos eram dirigidos ao “sistema de ensino”, para que as escolas elaborassem estratégias para que cada qual e todos usufruíssem de oportunidades de educação e de desenvolvimento integral. Havia quem apelasse ao fortalecimento da equidade, a partir da educação integral. 

Bem pregava Frei Tomás! Educação integral só existia na mente de teóricos bem-intencionados, como aqueles que escreviam que: “a educação integral, enquanto conceito orientador, refletido em práticas, incluindo a reorganização da proposta curricular, mostra-se como um caminho concreto para a redução das desigualdades.”

“Concreto? Onde? Em quais escolas” – se pedia o endereço de uma só que fosse, não mo davam.

Ou: “as escolas devem adotar diferentes estratégias, considerando que as pessoas aprendem de formas e em ritmos diferentes.”

Já se sabe que aprendem em ritmos diferentes… em teoria.  

 

Por: José Pacheco

Open post

Novas Histórias do Tempo da Velha Escola (MCDII)

Icaraí, 29 de outubro de 2043

Queridos netos,

Ontem, certamente, sentistes o travo amargo presente na evocação da partida da minha amiga Rosinha. Há dias assim, cinzentos, marcados por uma infinita tristeza. 

Ao longo da minha já longa existência, tal como qualquer ser humano, aprendi a transcender o desgosto, a sofrer metamorfoses e, sem ver um mundo cinzento com lentes cor-de-rosa, fiz jus à memória de entes queridos, ajudando a pintá-lo com claridades. 

Transmutemos a dor das perdas em cenário de regeneração. Percorramos o “Caminho de Santiago”, evocado por José Saramago:

“No meio da paz noturna, entre os ramos altos da árvore, uma estrela aparecia-me, e depois, lentamente, escondia-se por trás de uma folha, e, olhando eu noutra direção, tal como um rio correndo em silêncio pelo céu côncavo, surgia a claridade opalescente da Via Láctea.”

Na mesma senda de renovação, Renato Braz cantava, apontando o Sul, norteando a Terra: 

“Quem me dera / Olhar as estrelas / Sem pensar nas cruzes ou nas bandeiras / Quem dera as luzes da Via-Láctea / Iluminassem as cabeças / E acendessem um sol em cada pessoa / Que aquecesse o sonho e secasse a mágoa.”

Era essa a sina de quem, nascido num cantinho de Universo chamado Terra, logo após uma “Segunda Guerra”, iria viver quase um século de intermináveis guerras. 

Eram mais as guerras surdas do que aquelas que eram escolhidas para mostrar. Uma delas, talvez a menos visível, era aquela que opunha pessoas como a Rosinha a um submundo feito de egoísmo e fundamentalismo: o educacional.

Animado pelo romântico espírito do “maio de 68” e ansiando por um pouco de Paz, um improvisado Dom Quixote (sem Sancho Pança) havia quebrado lanças contra moinhos de vento. Quando, meio século depois, lhe restava um breve sopro de vida, sem prescindir de um romantismo que nos punha alerta, conspirou. Foi tempo de surgimento (ou ressurgimento) de assembleias. Demos-lhes o nome de ARCA (Assembleia de Redes de Comunidades de Aprendizagem).

Em Portugal, o amigo Luís reuniu companheiras e companheiros de uma sã aventura. Depois… depois vos contarei, em próximas cartinhas.

No Brasil desse tempo, o vosso avô acompanhava a Vovó Ludi, que, por sua vez, acompanhava a evolução das conferências preparatórias de um novo Plano Nacional de Educação. 

A primeira impressão era a de que o novo plano já nascia velho. No município X, por exemplo, debatia-se o Eixo IV, o da gestão democrática. A reivindicação básica era a da eleição direta de diretores. 

Era nobre a intenção, para evitar que a baixa política continuasse a controlar esse processo. E era crença generalizada que, substituindo a “indicação política” pelo exercício de votar e eleger, seria instituída a gestão democrática nas escolas e no sistema. Puro engano! Em Portugal, há muito tempo já, se conseguira eleger os diretores. Porém, os diretores permaneciam dependentes do dever de obediência hierárquica, novas e sutis formas de controle eram exercidas. 

O debate operado nas conferências pecava por “não sair da caixa”, não conseguia escapar do círculo vicioso imposto por um sistema hierárquico e autoritário. A consequência lógica seria a de não se progredir, mas voltar ao mesmo lugar – apenas se anunciava mais dez anos de tempo perdido. 

Ainda assim, continuamos assistindo a conferências em mais dois municípios. No 29 de outubro de há vinte anos, assistimos ao encerramento daquela que decorreu no município X e nos preparamos para participar na conferência realizada no município Y. Com o respeito que merecia a iniciativa, sem intervir, mas com apurado senso crítico.

(continua) 

 

Por: José Pacheco

Open post

Novas Histórias do Tempo da Velha Escola (MCDI)

São Paulo, 28 de outubro de 2043

O outubro de vinte e três findava, os conflitos não cessavam e duas desditosas notícias me chegavam. Na Palestina, quase metade das vítimas da guerra eram crianças. Em São Paulo, falecia a minha amiga Rosinha. 

Só Deus leva os que ama. E nos roubou, em plena juventude, um dos mais belos seres humanos que conheci. Ainda guardo algumas missivas recebidas dessa grande amiga, entre o tempo das visitas ao casebre do Capão Redondo até à criação da sua biblioteca, ao seu casamento e à mudança para uma casinha simples, no subúrbio da São Paulo. 

“Querido Professor, peço perdão pelo desencontro. Que pena! Queria muito conversar contigo. Mas, meu celular estava desligado, enquanto eu estava na sala de aula.

Gostaria de revê-lo. Quando o senhor voltar, a gente se vê. Quando o senhor chegar em SP, é só me ligar e eu irei ao seu encontro. Se quiser vir ficar aqui na escola, fique a vontade.

Tenha uma semana abençoada, repleta de amor e felicidade. Aproveite muito os momentos com seus netinhos.”

No rodapé dos seus e-mails, a Rosinha tinha “colado” um pedaço de texto do livro “Para Alice, com Amor”: “É simples penetrar a harmonia de um universo sem princípio nem fim, basta reconhecer esta verdade indelével no sereno respirar de uma criança.”

Conduzido pelos olhos de apoena da minha amiga Rosinha, refiz a leitura desse livrinho, pois ela via com olhos que vêem para além do que existe. Com olhos de criança, penetrava a harmonia do infinito. 

Enquanto não visitava o Marupiara, mantínhamos o contato virtual:

“Professor, ando sumida, me recuperando de uma grande dor por ter perdido o meu pai e meu avô. Sou uma pessoa movida pelo amor por outras pessoas. Quando fico sem elas, fico sem motivos para ser feliz. 

O tempo está me ensinando a viver sem meu pai. Aos poucos vou conseguir aceitar a ausência física dele.

Outras notícias mais amenas são as dificuldades para continuar aprendendo a aprender no universo da vida profissional. As coisas por aqui não andam boas. Eu também já não estou feliz aqui. Ontem, queria ter conversado mais. Mas, fiquei com medo de não ter ônibus para ir até o metrô.

Por último e a notícia linda e abençoada é que eu me casei e estou imensamente feliz com o meu amor. Ele é um homem maravilhoso!”

Partilhei e as tristezas e alegrias da Rosinha. E, sempre que ia a São Paulo, procurava disponibilizar um tempo para ir até ao Marupiara, onde a biblioteca, que a Rosinha cuidava com extremo desvelo, atraía jovens para os encantos da leitura. Colhi muitas lições de amorosidade dessa nordestina sensível e competente bibliotecária.

Em meados do mês de agosto de há vinte anos, recebi este e-mail:

“Quem te escreve é Ronaldo Barreto. Eu trabalhei por 14 anos junto com a Rosinha. Está mensagem é somente para partilhar contigo que a nossa querida Rosinha está passando por um problema grave de saúde. Ela está internada. Foi diagnosticada com um AVC.” 

Não me foi possível visitá-la no hospital. Fui sabendo do seu grave estado de saúde, até receber nova e triste mensagem do amigo Ronaldo: 

Professor, quem te escreve é Ronaldo. Recebemos a notícia de que, infelizmente, nossa querida Rosinha faleceu, uma querida amante da literatura e doce bibliotecária, que cuidava dos livros, fazendo as crianças ativas na leitura e na imaginação. 

Tristeza, Zé Pacheco! A educação fica em luto.”

Queridos netos, convosco partilho belas e tristes palavras, vos dou a conhecer a existência de um anjo que passou pela Terra. Se, anonimamente, a Rosinha se retirou do convívio dos vivos, que permaneça na memória daqueles que tiveram o privilégio de com ela conviver.

Por: José Pacheco

Open post

Novas Histórias do Tempo da Velha Escola (MCD)

Niterói, 27 de outubro de 3043

Em 2014, ano da aprovação do Plano Nacional de Educação 2014/2024, participei num processo de pesquisa conducente a um levantamento de situação da Educação, num estado da União. 

Por meio de entrevistas direcionadas a diretores, coordenadores e professores, com suporte de questionário estruturado, foi realizado o diagnóstico dos indicadores educacionais propostos para a educação básica (média de aluno/turma, média de horas-aula diárias, taxa de distorção idade-série, índice de escolaridade, índice de evasão escolar, índice de analfabetismo, percentual de taxa de rendimento escolar etc. Realizado o diagnóstico, elencamos conclusões e formulamos propostas. 

Durante a vigência do PNE, efetuamos idênticas pesquisas em outros municípios e estados e propusemos dispositivos para concretização das vinte metas do Plano Nacional de Educação. Em próximas cartinhas, analisarei as vinte metas do PNE 2014-2024, à luz das conclusões dessa pesquisa. Por agora, quedar-me-ei pela medida de todas as medidas: o sagrado e constitucional direito à educação.

Eram vários os obstáculos à concretização desse direito. 

A educação era um direito de todos e a matrícula dos alunos era dever dos pais.

Se um pai não efetuasse a matrícula do seu filho, seria acusado de abandono intelectual, acusado de crime de abandono intelectual. Assisti a mais do que uma situação dessa natureza, a intervenções dos conselhos tutelares e do Ministério Público. 

Mas, se os pais efetuavam a matrícula e a administração educacional a recusava, pretextando “não haver vaga”, isso não seria indício de abandono intelectual? Não configuraria crime de abandono intelectual? 

No município X, a matrícula tinha sido recusada a mais de 3000 jovens. Por que estavam em “lista de espera”?

A lei estabelecia que os jovens fossem matriculados na escola mais próxima da sua residência, e muitos jovens eram colocados em escolas a mais de três quilómetros de distância das suas casas. Qual a causa desses atropelos à lei, do incumprimento de deveres fundamentais, da negação de direitos?

Dizia-se que a escola tinha atingido a sua lotação máxima. Que as turmas estavam constituídas e não se poderia acrescentar nem mais um aluno ao quantitativo “superiormente” fixado. Que não se poderia construir mais salas de aula, até ao início do ano letivo seguinte…

Havia, até, quem dissesse que era “lei do município”, confundindo lei com regulamentação local da lei. Outras “explicações” eram dadas, no pressuposto de que escolas eram prédios compostos de salas de aula, que deveria haver a divisão dos alunos por turmas, que havia um “número de alunos por turma adequado”, que deveria haver “ano letivo”. Enfim!

Escolas não são prédios, escolas são pessoas. Por isso, perguntávamos:

Por que há salas de aula?

Por que deveria haver a divisão dos alunos por turmas? 

Qual a fundamentação científica da fixação do “número de alunos por turma”?

Por que há “ano letivo”?

Se respondiam que “era o que estava na lei”, pedíamos que nos mostrassem a lei. Aquilo que a lei mostrava era que as escolas agiam à margem da lei.

Outros questionamentos poderíamos fazer. Por exemplo, quando alguém respondia começando pela expressão “eu acho”, pedíamos que não “achassem”, que substituíssem o “achismo” por afirmações fundamentadas na lei e nas ciências da educação.

Perante situações com contornos de ilegalidade e sem fundamento científico, propúnhamos o diálogo construtivo, para que a ninguém fosse negado o direito à educação – apresentávamos propostas, em encontros e conferências.

 

Por: José Pacheco

Open post

Novas Histórias do Tempo da Velha Escola (MCCCXCIX)

Vassouras, 26 de outubro de 2043

E foi chegando o tempo de reunir, para preparar mais um Plano Nacional de Educação. Do fundo do baú da velharias resgatei uns amarlecidos papeís, mas ainda legíveis. Entre eles,  uma “notícia da edição impressa” datada de 25 de julho de 2014. A parangona não deixava dúvidas: “Pacheco vê boas intenções, mas critica PNE”:

“Uma educação do século XXI. É isso o que prega o professor e mestre português José Pacheco, que esteve nesta quinta-feira em Porto Alegre, para ministrar a palestra “A educação integral e seus desafios” (…) Em entrevista ao Jornal do Comércio, falou sobre o Plano Nacional de Educação, sancionado no dia 26 de junho pela presidente Dilma Rousseff. 

Pacheco vê o documento, que estabelece que até 2024 metade das escolas públicas do País terão turno integral, como um passo importante, mas que não contribuirá para uma verdadeira mudança da educação brasileira. A escola de tempo integral pode ser um degrau para chegar ao que eu chamo de educação integral, algo além do tempo integral, contemplando a multidimensionalidade humana. Não gostaria que nessas escolas, pela manhã, se ensinasse Português e Matemática e, à tarde, contra-turno feito de capoeira, artes, tarefa de casa, ou aula de reforço. Estou falando de uma nova construção social (…).”

Havia passado uma semana sobre o falecimento do meu amigo Rubem. No terceiro sábado de julho de 2014, os jornais noticiavam: “O escritor e educador Rubem Alves morreu aos 80 anos”. 

Me recordo de ténues referências ao documento, num congresso em que participei, lado a lado com o Rubem e o Cristovam. Mas, em 2001, raríssimos eram os encontros de reflexão e raras as vozes se pronunciando sobre o significado de um primeiro PNE. 

Nesse mesmo ano, discretamente, fui colhendo informação sobre o PNE 2001/2010. Em 2023, participei ativamente nos encontros preparatórios de um PNE, que vigoraria até 2024. Apresentei propostas, pedi prudência e coerência, durante o desenvolvimento desse plano, alertei para riscos de se repetir o desastroso desempenho do PNE anterior. 

Quatro anos decorridos, nenhuma das metas do PNE possuía dispositivos com ritmo de avanço suficiente para ser plenamente cumprida até 2024. Apenas entraves, medidas avulsas, propostas avançando em ritmo lento. Havia quem atribuísse a baixa execução das metas aos cortes orçamentários sofridos no triênio 2019-2021. Mas… “o buraco era mais em baixo”.

Nas próximas cartinhas, reservarei algumas linhas para convosco conversar sobre os PNE. Os estudos realizados sobre os PNE de 2001 e de 2014 observavam “um descompasso entre metas previstas e metas alcançadas” (os académicos adoravam eufemismos). Outros autores, como Dias Sobrinho, freireanamente denunciavam causas do “descompasso”: 

“Uma sociedade que não consegue, ou não quer, estender os benefícios da escolarização de boa qualidade para todos, além de estar condenada ao empobrecimento crescente no sistema mundial de alta competitividade, é também uma sociedade perversa”.

Ou Carlos Abicalil que, na sua dissertação de Mestrado, questionava:

“Plano Nacional de Educação na República Federativa do Brasil: instrumento de retórica ou política pública para a realização do direito à Educação Básica?”

Em 2018, se dizia que o PNE era “onde o Brasil avançava e tropeçava na Educação”. E, em 2023, a Campanha Nacional pelo Direito à Educação fazia um balanço do Plano: 

“Às vésperas do final da vigência do Plano, o cenário permanece de abandono. Baixa taxa de avanço em praticamente todas as metas. E um total de 13 metas estão em retrocesso.”

 

Por: José Pacheco

Posts navigation

1 2 3 11 12 13 14 15 16 17 147 148 149
Scroll to top