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Novas Histórias do Tempo da Velha Escola (MXLII)

Inoã, 2 de novembro de 2042

Queridos netos, dissestes terdes ficado surpreendidos, “chocados”, com a fealdade da cartinha de ontem. Sois pessoas sensíveis e acreditais no que o vosso avô vos narra, na veracidade das descrições de atos de violência. Pois ficai sabendo que outras violências eram perpetradas, essas bem mais difíceis de identificar. 

O abandono intelectual, traduzido em índices de decoreba do ensino básico – vulgarmente conhecido por IDEB – era um deles. Milhões de seres humanos viam negado o constitucional direito à educação. A Escola vivia imersa numa crise moral, cuja origem escapava à compreensão de comuns mortais, mas que os cientistas da educação, há muito, haviam identificado.

Nos idos de vinte, a comunicação social apenas desocultava um cortejo de horrores, situações de violência explícita. Como esta:

“Gangue viola meninas à saída de uma escola e regista momento. Detidos, de 17 e 16 anos, e dois outros, de 15, atacaram seis crianças, dos 12 aos 15 anos. Uma menina foi arrastada para um quarto, onde já estavam mais dois membros do gangue juvenil. Foi agarrada por dois deles e violada pelo terceiro até ficar num estado de semiconsciência, só conseguindo recordar os risos dos criminosos.”

Onde e com quem teriam esses jovens aprendido a agredir, violentar? Não seriam suficientes os sinais de alerta, evidências da obsolescência de um modelo educacional moral e intelectualmente corrupto? 

Por altura de uma eleição, discutia-se quem deveria ser o ministro da educação do novo governo. Era importante a escolha de um ministro. Tivéramos ministros titulares de todos os cursos que na universidade havia – Medicina, Direito, Física, Teologia etc. – e até ministros pastores terraplanistas! Cadê os cientistas da educação? 

Mais importante seria criar condições de reconstrução de uma Escola Pública colonizada e mercantilizada. Necessário seria praticar a escola cidadã do Anísio e do Darcy, para que não mais voltassem tempos sombrios. 

Encerro esta cartinha com a invocação de um “incidente crítico”.

Estava o vosso avô conversando com educadores, quando irrompeu no auditório um grupo de aparentes “jagunços”. Fez-se silêncio no auditório. Os professores sentados na primeira fila a desocuparam e o grupo invasor ali se instalou. Soube, depois, que se tratava do secretário de educação, acompanhado de alguns vereadores. 

Retomei a fala, do modo habitual: “O que quereis saber?”

Os da primeira fila olharam para as de trás. Os professores se quedaram mudos e quedos. E um pesado silêncio atravessou o auditório. Até que algumas criaturas sentadas na primeira fila gargalharam e me incentivaram com xingamentos que, por pudor, não reproduzirei. 

Levantou-se um burgesso e se apresentou como secretário de educação. Dirigiu-me palavras intimidatórias, disse que eu deveria ir embora e que os “seus professores” não precisavam de mim.

“Sei muito mais das coisas da educação do que o senhor! Ouviu?”

“Ouvi.”

“Então, ponha-se daqui para fora!” 

“Irei, mas quando eu quiser. Quando “os seus” professores quiserem.”

Ignorei gestos ameaçadores e emendei a frase…

“O senhor fez algum curso que o habilite a falar de educação?”

O secretário mandou sentar dois energúmenos, que se preparavam para subir ao palco. Sarcasticamente sorrindo, isto disse:

“Fique sabendo que sou médico! Tenho uma clínica!”

Aparentando uma calma, que já não sentia, retorqui:

“Deixe ver se entendi. Se um médico pode “dar palpite” sobre as coisas da educação, eu poderei ir à sua clínica e fazer operações cirúrgicas?”

Talvez um dia vos conte o resto da estória. 

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Novas Histórias do Tempo da Velha Escola (MXLI)

 

Barra de Maricá, 1 de novembro de 2042

Se lêsseis as notícias de jornal, que guardo no meu baú das velharias, poderíeis pensar que tais notícias seriam caraterísticas de tempos críticos de países “em vias de desenvolvimento”, como na altura se costumava dizer. Nada disso, trata-se de relatos de incivilidade latente em lugares onde as novas gerações europeias eram “instruídos”. 

Episódios pautados em violência psicológica e física, atos de estrema crueldade e até mesmo de sadismo explícito se desenrolavam dentro e fora de prédios a que chamavam escola. Com esses relatos, arrisco-me a fazer desta cartinha um exercício de feiura, mas não quero pecar por omissão. 

Em muitas escolas do Portugal de há vinte anos, onde deveria pontificar o cuidado consigo e com o outro, reinava o abandono intelectual e moral. Meditai sobre estes exemplos de desumanidade.

“Aluna agride funcionária de escola básica. Vítima teve de ser transportada para o hospital, devido aos ferimentos sofridos.”

“Mãe de aluna agride coordenadora de ensino, dentro da escola.”

Em outra escola, uma aluna de dezesseis anos denunciava uma violação “Ele obrigou-me a fazer sexo oral”.

Em outro campo de batalha escolar, uma jovem era agredida por uma colega, com bofetadas, empurrões, socos no baixo-ventre, enquanto um grupo de estudantes filmava a cena e incitava a agressora a maiores violências. 

A agressora e a vítima, ambas com catorze anos, frequentam o oitavo e o nono ano. A aluna que agrediu a colega já tinha sido suspensa da escola, no âmbito de um processo disciplinar desencadeado por agressões à mesma jovem”.

Comunicado do diretor do Agrupamento: 

“Foi aberto um processo disciplinar à aluna agressora e ao rapaz que fez as filmagens. Foram ainda identificados todos os alunos que presenciaram as agressões e não fizeram nada para as impedir, para avaliar se serão também sancionados a nível disciplinar.

A aluna agressora continua a frequentar a escola, até que seja tomada uma decisão sobre a sua suspensão, que pode ir dos cinco aos dez dias.” 

A aluna agredida foi apoiada pelo gabinete de psicologia da escola. A família da vítima fez queixa ao Ministério Público. A escola reportou a situação à Comissão de Proteção de Crianças e Jovens e “reforçou os conteúdos da disciplina de Cidadania, com especial incidência nos direitos e deveres e na resolução de conflitos. (Sic)”. Pilatos faria o mesmo. 

Processos disciplinares, suspensões, “aulas de cidadania”, o apogeu da escola prussiana, num cenário de filme de terror.

Não penseis que essa situação se perpetuou. Os sórdidos atos, que relatei nesta cartinha, inimagináveis neste ano de quarenta e dois, foram rareando. Porque, nos idos de vinte, paralelamente à barbárie instituída, havia escolas onde alunos e professores dispensavam maquiavélicos “processos disciplinares” e inúteis “aulas de cidadania”.

Quando fui eleito para o Conselho Nacional de Educação, esperava-me a difícil missão de redigir um Parecer sobre uma proposta de lei de “reorganização curricular”. Da proposta constava a introdução de duas aulas de “educação para a cidadania”.

Escrevi no Parecer que as escolas não deveriam “preparar para a cidadania”, mas educar no exercício da cidadania, pelo que deveria considerar-se a necessidade de rever processos de gestão e erradicar lideranças tóxicas.

E deixei uma pergunta, até hoje sem resposta. Os alunos só agiriam como cidadãos duas vezes por semana, nas ditas “aulas de cidadania”? Nas aulas de matemática, não seriam cidadãos? E os intervalos entre aulas não deveriam ser espaços de cidadania? 

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Novas Histórias do Tempo da Velha Escola (MXL)

Cachoeira do Espraiado, 31 de outubro de 2042

Por altura do centenário do Darcy, eu estava decidido a suspender este exercício epistolar. Após publicar a milésima carta, vos falei sobre isso, mas me pedistes que eu continuasse a escrevê-las, pelo menos até maio do próximo ano. Aquiesci, embora já me falte a vista e não saiba se chegarei ao maio em que farei os noventa e dois. Vamo que vamo…

Sobra outro motivo de continuidade, a vontade que sinto de vos falar do que sucedeu após as eleições de vinte e dois. Porque, se nesse an, o Darcy completava cem anos, a escola produtora de bonsais autoritários já passara dos duzentos.

A educação prussiana causara muita destruição, miséria, ignorância, já formatara muitos fanáticos fundamentalistas. Essa escola era uma centenária mentira a juntar a outras mentiras. Foi nesse tempo que começou a tomar forma um grupo de educadores decididos a aproveitar tempos de nova política, para criar uma nova construção social, que viria a substituir aquela que a prineira revolução industrial engendrara.

A minha amiga Tina fazia parte desse grupo de educadores, e isto escreveu num artigo publicado em finais de outubro de vinte e dois:

“Quando falo de projeto, o que mais escuto é: Isso é muito inovador, mas nós ainda não estamos preparados para uma educação tão futurista.

Futurista? Em 1918, William Kilpatrick, discípulo e parceiro de John Dewey, publicou o primeiro artigo sobre a metodologia de trabalho de projeto, em projetos baseados em problemas reais. de interesse do aluno.

Com mais de cem anos, poder-se-á chamar esse “método” de futurista?

O que vejo é a tentativa de maquiar a velha aula, mantendo o professor como o detentor do saber e aparentemente invertendo sua estrutura; Camuflar a insistência na memorização de conteúdos fragmentados, usando muitas vezes jogos repetitivos; Manter a ausência da autonomia dos professores e matar a curiosidade dos alunos, forçando um sequenciamento de uma apostila.

É insano, e me atrevo a dizer que é desonesto perpetuar nosso modelo educacional. Além de não ter embasamento na ciência, nosso atual sistema educacional está fora da lei.”

Tão indignada quanto Darcy, a Tina denunciava a hipocrisia reinante:

“A transformação principia na tomada de consciência da necessidade de se fazer diferente e acreditar que é possível. Muitos querem mudança, mas poucos querem se dedicar a sair da zona de conforto e a repensar suas práticas.

Incontáveis empresas investem em criar manuais, fórmulas, roteiros, aplicativos, jogos e dispositivos, para supostamente melhorar a educação, sem que o professor precise pensar e se esforçar. Vendem ilusões, pois perpetuam um sistema instrucionista e conteudista, onde adestram crianças e jovens a passar em testes.”

A Tina colocava em prática o legado de Darcy Ribeiro.

Nunca será demais falar-vos do Darcy. Numa vida de muitas vidas, Darcy Ribeiro foi um renascentista. Tal como um Galileu, que fabricava as lentes com que observava os astros, Darcy concretizava sonhos. Foi antropólogo, sociólogo, educador, indigenista, escritor, político. Publicou textos antológicos. Dedicou-se ao estudo de comunidades indígenas do Pantanal e da Amazônia. Acompanhou Rondon no Serviço de Proteção aos Índios. Fundou o Museu do Índio e ajudou a criar o Parque Indígena do Xingu. Com Anísio, pugnava por uma Educação de todos para todos, independentemente da sua condição financeira ou credo.

Darcy mostrou caminhos e nos deixou a incumbência de os cumprir. Nos idos de vinte, era preciso ir além da “conversa fiada” sobre Darcy. Urgia praticá-lo.

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Novas Histórias do Tempo da Velha Escola (MXXXX)

Alto do Gaia, 30 de outubro de 2042

Na manhã de um distante domingo, a Cléo saiu de casa decidida a contribuir para o encerramento do último capítulo de uma história pátria feita de colonialismo e morte, da qual emergisse um tempo de manifestações de uma mátria descolonizadora, de vida feliz.

Eu fui para o computador, cumprir um hábito dominical, o de enviar uma mensagem através do WhatsApp – estais recordados desse antigo aplicativo? – algo semelhante a uma liturgia.

Através dessa liturgia, buscava contribuir para a união dos crentes da necessidade de uma nova educação para novos tempos. E, como em qualquer liturgia, recebia bênçãos de amigos. Eis aquela que a Nilce me enviou nesse auspicioso domingo de há vinte anos:

“Puxa, 20 anos! Sinto-me honrada por fazer parte deste seleto grupo de amigos. Possa a antevisão da Isis se implementar: *Que volte o tempo suficiente de aquecer, sem tudo incendiar!* E que nele possam incubar as suas outras tantas lembranças, restos de memórias guardadas com desvelo.”

Do amigo Celso, outra benção, esta sob a forma de oração:

“Que São Francisco de Assis visite, apazigue e dê coragem aos corações dos cidadãos brasileiros para fazer o que deve ser feito. 🎵Onde houver ódio, que eu leve o Amor”.

Assim mesmo, com duas semifusas a enfeitar a esperança ativa.

Neste mesmo dia, mas de há vinte anos, os brasileiros torciam o destino do seu país, até então imerso em tempos sombrios feitos de ódio fundamentalista, de egoísmo e mentira.

Em outubro, Darcy voltaria, miai uma vez, a Maricá. Em novembro, estaria em Mendes. Em dezembro, ressurgiria numa Educação renovada por obra daqueles que o celebravam em projetos de uma sociedade mais justa e igualitária.

Ele dissera que havia falhado em tudo o que tentara realizar, mas os seus discípulos iriam completar a obra por ele iniciada e que uma ditadura suspendera.

Esse histórico dia de outubro era, também, o do aniversário de uma discípula de Darcy: a minha amiga Tina. Em Mogi, a Tina e os seus compnheiros de projeto operavam prodígios de indignação ativa.

De uma velha pen drive, religiosamente guardada no meu baú de velharias, respiguei algumas pasagens de uma das suas deliciosas publicações. Vo-las mostro, sob a forma de metáfora.

“Uma lagarta, para ser borboleta, precisa passar pelo casulo, local aconchegante e quentinho, que proporciona um processo de metamorfose obscuro e tenebroso. Sair do casulo é um desafio extremamente doloroso.

A força que a borboleta tem que fazer para sair do casulo é tão intensa quanto necessária. Caso alguém tente ajudar a borboleta a sair do casulo, reduzindo seus esforços, estará a condenando a nunca conseguir voar, pois é no processo de se esforçar, que as asas da borboleta serão expandidas e ganharão força.”

Discorrendo sobre lagartas, casulos e metamorfoses, a Tina deduzia que, se não poderia ajudar os professores a sair do casulo, poderia encorajá-los – “Transformar a educação é uma necessidade urgente”.

E concluía o seu artigo juntando a sutis laivos de ironia, a sabedoria do Edgar:

“A educação deveria mostrar e ilustrar o destino multifacetado do humano: o destino da espécie humana, o destino individual, o destino social, o destino histórico, todos entrelaçados e inseparáveis. Assim, uma das vocações essenciais da educação do futuro será o exame e o estudo da complexidade humana. Conduziria à tomada de conhecimento, por conseguinte, de consciência, da condição comum a todos os humanos e da muito rica e necessária diversidade dos indivíduos, dos povos, das culturas, sobre nosso enraizamento como cidadãos da Terra.”

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Novas Histórias do Tempo da Velha Escola (MXXXIX)

Restinga de Maricá, 29 de outubro de 2042

Encontrei nuns escritos, que o Mestre Lauro me ofereceu, um princípio de explicação para o fato de a educação do início do nosso século ter parido tantos homofóbicos e mentirosos, tantos desumanos corruptos e autoritários. Lauro questionava a figura do diretor burocrata da escola prussiana:

“Foi dada uma função educativa ao diretor, que se reduz, atualmente, a mero administrador, manipulador de papelório e ecônomo. É hora de abandonarmos a ditadura escolar de diretores e iniciarmos os jovens no autogoverno. A experiência universal demonstra que é deste regime escolar que saem os futuros cidadãos de uma democracia, autônomos e responsáveis.”

O Mestre Anísio afirmava que ser cidadão se aprendia na escola pública, num projeto de educação vinculado a um projeto de nação democrática e inclusiva. E Darcy apelava aos educadores para que fizessem da escola “um lugar da libertação do sonho, de uma prática de vida ampla e diversa.”

O Brasil dispunha de conhecimento teórico suficiente para inverter a situação, mas as teorias estavam sequestradas nas teses dos académicos, ornamentavam as suas palestras. E as intenções de Darcy, Lauro e Anísio eram neutralizadas pela mentalidade prussiana da administração educacional.

Os prédios das escolas refletiam essa mentalidade. Ontem, vos demonstrei o quanto as construções escolares eram reflexos de uma cultura feita da reprodução de solidões. E, também, o quanto a cultura pessoal e profissional dos professores, diretores e administradores se opunha ao trabalho cooperativo.

O crescimento demográfico e a “massificação” obrigou à construção de mais prédios escolares. Mas, como disse um senhor chamado Hyland, as novas construções “não reflectiam nenhuma mudança significativa em termos de direcção educacional”.

A preocupação com a redução de custos provocou uma nova abordagem no design escolar. A racionalização do design resultou na redução de espaço por aluno, sem que houvesse redução de áreas destinadas ao ensino. Inovações da época incluíam a redução na altura das salas e a utilização de áreas com dualidade de propósitos.

Nos anos sessenta e setenta, o design em “open space” foi utilizado no mundo empresarial e foi popular em termos de arquitectura escolar, especialmente nos países escandinavos e nos da América do Norte, embora o conceito se tenha difundido globalmente.

A primeira escola primária “open plan” foi construída, em 1959, em Finmere,  Grã-Bretanha. A escola de “área aberta” – como, em Portugal, se chamou – era um edifício construído de acordo com um design que não incluia salas de aula.

Pouco tempo durou esse projeto. Os professores queixavam-se de não poder dar aula, por ouvirem os gritos do professor da sala do lado. Pediram que fosem colocados armários a tapar as passagens entre salas. A direção das escolas foi mais longe, solicitando autorização aos seus “superiores” para erguer paredes. Os “superiores” autorizaram. Paredes foram erguidas.

Pois ficai sabendo que, quando me vi como prefeito, logrei fazer construir duas escolas de “área aberta”. Nos idos de vinte, essas eram as únicas escolas ainda fieis ao modelo original.

As escolas escandinavas construídas em Portugal, a partir dos anos setenta, foram iniciativas frustradas de uma nova arquitetura escolar. A única escola portuguesa resistente a adulterações foi a da Ponte. Nessa escola, havia trabalho cooperativo, não havia sala de aula. Muitos pesquisadores a estudaram. Muitos académicos a admiravam, enquanto continuavam a ensinar… em sala de aula.

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Novas Histórias do Tempo da Velha Escola (MXXXVIII)

Jacaroá, 28 de outubro de 2042

Vai para aí uns sessenta anos, os jornais do Rio foram animados por uma breve polémica, protagonizada por dois dos mais eminentes educadores da época. Apesar de reconhecer a genialidade do projeto arquitetônico concebido por  Niemeyer, o mestre Lauro aconselhava que o CIEP não fosse exercício de “pedagogia predial”.

Com os Centros Integrados de Educação Pública (CIEPs) Darcy visava oferecer ensino público de qualidade em período integral. Considerava-os “uma revolução na educação pública do País“.  No segundo governo de Brizola, alguns CIEPs até foram equipados com piscinas, e forneciam refeições completas, além de atendimento médico e odontológico. Visava-se tirar crianças carentes das ruas, oferecendo-lhes “pais sociais”.

Mas, para Lauro, educação integral não correspondia ao aumento do tempo de permanência dentro de um prédio chamado “escola”. Integral seria a educação que cumprisse a função social de “garantir educação pública de qualidade para todos os cidadãos”: Considerava o prédio da escola como um nodo de comunidade:

A expressão escola de comunidade procura significar o desenquistamento isolacionista da escola tradicional. Escola, no futuro, será um centro comunitário. Não se reduzirá a um lugar fixo murado”.

Lauro e Darcy comungavam dos mesmos princípios. Porém, divergiam no entendimento do que seria, na sua época, uma escola. Ambos apontavam para a necessidade de ela se converter numa comunidade, mas se perdiam em irónicas dissidências. E isso os distraiu…

O desgoverno, que se lhes seguiu, desvirtuou o projeto. Os CIEPs viraram escolas comuns, com o ensino em turnos e contra-turnos. Alguns, parcialmente concluídos, foram abandonados.

No tempo do desperdício, ministérios e secretarias de educação mandavam edificar “elefantes brancos”, a que chamavam “escolas”, “centros (des) educativos” “campus universitários” de concentração e armazenamento de alunos. Até que chegou o tempo, não de demolir ou implodir guetos e bunkers, mas de iniciar a requalificação de espaços de aprendizagem.

Em muitos lugres do Brasil, encontrei CIEPs adaptados a novos tempos. E, na Brasília de final de século, uma inovação arquitetónica do arquiteto João Lima – para Darcy, o Lelé –, que dava pelo nome de Beijódromo, já fora prenúncio do que aconteceria nos anos vinte e trinta do nosso século.

As antigas escolas do Plano dos Centenários já tinham sido transformadas em centros de dia para idosos, em sedes de associações recreativas e até em habitações. Então, por que não transformar os “campus” universitários em lugares de utilidade social? Havia tantas famílias sem teto! Por que não viravam os “complexos escolares” importados da Finlândia em abrigos para moradores de rua. Eles eram tantos e tão necessitados!

Foi dado melhor destino a esses lugares de solidão. Transformados, requalificados, deram lugar a aldeias, “ilhas” e provisórios condomínios.

A importação de modismos prediais se prolongaria até aos idos de vinte. Foram muitos e inúteis os passeios ao norte europeu, na busca de uma *nova arquitetura”. Os modismos importados eram velhos e suscitavam ridículas situações. Na década de setenta, o ministério pediu explicação a países nórdicos, que haviam patrocinado a edificação de uma escola:

“Para que servem as “estantes com furinhos”, instaladas na entrada da escola?”

A ditas “estantes” destinavam-se à colocação dos bastões de esquis, que as crianças escandinavas usavam para deslizar na neve, a caminho da escola.

Imaginais alunos de Lisboa deslizando na neve?

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Novas Histórias do Tempo da Velha Escola (MXXXVII)

Mumbuca, 27 de outubro de 2042

Vai para quarenta anos, escrevi uma carta para Darcy. Além túmulo, claro, embora o sentisse bem vivo e celebrado. Recordo-me de a ter escrito no bar do Beijôdromo, à conversa com o Chiquinho, livreiro da Universidade de Brasilia com quem Darcy muito conversou. Fofoca vai, fofoca vem, atrevi-me a dirigir-me ao Mestre nestes termos:

“Querido Darcy, escutei o teu apelo, já quando o câncer consumia o teu último sopro de vida. Vi-te sofrer o exílio, enquanto o teu país dormia distraído, sem perceber que era subtraído em tenebrosas transações. Vão sacrifício o teu, porque as escolas continuam a não ensinar.

A lei, que fizeste aprovar nos idos de noventa, continua sendo letra morta. Imagina que os autores de uma anunciada reforma creem que o sistema irá melhorar com “boletins e reprovações”, ou quando, “pelo menos um período por dia seja dedicado ao desenvolvimento de atividades interdisciplinares”.

Leste bem, Darcy: um período por dia! Ou “quando houver espaço para que professores trabalhem por projetos em algumas disciplinas”. Em algumas disciplinas! Ou, ainda, quando “no último ciclo, os alunos sejam protagonistas do próprio aprendizado” – para esse povo, somente no último ciclo acontecerá “emancipação social e cidadã dos alunos” (sic).

É lamentável que continues ostracizado, que um obsoleto sistema de ensinagem continue a semear ignorância e que milhões de jovens sejam excluídos de uma vida digna, por via de desastrosas políticas públicas.

É triste, caro Darcy, verificar que aqueles que detêm o poder de mudar não entendam que, junto com Anísio, Freire e Lauro, tu formas “o quarteto mais fecundo, fértil e injustiçado da história da educação em nosso país”.

Os nossos governantes lamentam que apenas 34% dos alunos apresentem conhecimento adequado ou avançado em português e 27% em matemática; ou que, na 8ª série, 23% estejam com nível adequado e avançado em português e 10% apresentem esse resultado em matemática. Mas, cometem o despudor de ressuscitar medidas que, no passado, deram origem a esse descalabro.

São medidas de retrocesso, que perenizam o velho paradigma escolar, reprodutor de oprimidos e opressores, que o malogrado secretário de educação Paulo Freire tanto denunciou. Medidas de manutenção do desperdício de dinheiro e de gente, que servirão para perpetuar o analfabetismo, numa escola que já produziu muitos milhões de analfabetos.

Ficamos sem saber se os nossos reformadores agem por ignorância ou loucura. São ignorantes aqueles que desprezam a produção científica, que ignoram a existência de práxis coerentes com a tua Lei de Bases, quem toma decisões desprovidas de bom senso.

Essas e outras inúteis “medidas” são apregoadas na comunicação social, com pompa e circunstância, despudoradamente, como de algo sério se tratasse. Eu sei que custa a crer, caro Darcy, mas é verdade. Se não me engano, foste tu quem fez esta afirmação:

“O Brasil, último país a acabar com a escravidão tem uma perversidade intrínseca na sua herança, que torna a nossa classe dominante enferma de desigualdade, de descaso.”

Não desesperes. Fica sabendo que já muitos educadores e escolas são sensíveis aos teus apelos. Depois de tenebrosos tempos, luminosos tempos hão-de vir.

Sei que te confessas ateu. Mas, se alguma influência tiveres junto de Deus, pede-Lhe que perdoe os nossos governantes, porque eles não sabem o que fazem.”

No seu lugar etéreo, o Mestre intercedeu pela remissão de pecados e pecadilhos educacionais. E, no final do outubro de há vinte anos (finalmente!), Darcy começou a ser praticado.

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Novas Histórias do Tempo da Velha Escola (MXXXVI)

Maricá, 26 de outubro de 2042

Este dia do outubro de há vinte anos era o do aniversário do meu irmão Rui. E era o dia em que se comemorava o centenário do nascimento de um brasileiro que me fez trocar Portugal pelo Brasil (ou me fez ser metade de cada lado do Atlântico).

Para celebrar essa data, vos trago três episódios exemplares, prova de que, em momentos críticos da história da Humanidade, surgem seres como Darcy, rompendo trevas de tempos sombrios.

Aristides de Sousa Mendes foi cônsul de Portugal na França. Quando as tropas de Hitler invadiram esse país, Salazar ordenou que não se concedesse visto para quem tentasse fugir do nazismo. Contrariando o ditador, Aristides salvou dez mil judeus de uma morte certa. Pagou bem caro a sua atitude humanitária, pois o ditador Salazar o destituiu do cargo e o fez viver na miséria, até ao fim da sua vida.

Diz um provérbio judeu que quem salva uma vida salva a humanidade. Em sinal de gratidão, há vinte árvores plantadas em sua memória no Memorial do Holocausto, em Jerusalém. E Aristides recebeu dos israelenses o título de “Justo entre as Nações”, o que equivale a uma canonização católica.

 

Quando um empregado de um frigorífico foi inspecionar a câmara frigorífica, a porta se fechou e ele ficou preso dentro dela. Bateu na porta, gritou por socorro, mas todos haviam saído para suas casas. Já estava muito debilitado pela baixa temperatura, quando a porta se abriu e o vigia o resgatou com vida.

Perguntaram ao vigia-salvador:

“Por que foi abrir a porta da câmara, se isso não fazia parte da sua rotina de trabalho?”

Ele explicou:

“Trabalho nesta empresa há 35 anos, vejo centenas de empregados que entram e saem, todos os dias. Esse é o único funcionário que me cumprimenta, ao chegar. E se despede, ao sair.

Hoje, ele me disse “bom dia”, ao chegar. E não percebi que se despedisse de mim. Imaginei que poderia lhe ter acontecido algo. Por isso, o procurei e o encontrei.”

O terceiro episódio nos diz que muitos heroicos gestos são anónimos, discretos pontos de luz em tenebrosos tempos de morte e destruição.

Uma brasileira, sobrevivente de campo de extermínio nazi, contou que, por duas vezes, esteve numa fila que a encaminhava para a câmara de gás. E que, nas duas vezes, o mesmo soldado alemão a retirou da fila.

Finalmente, um excerto de uma homenagem fúnebre escrita por uma criança, que me fez invocar o falecimento da Dona Mina, uma extraordinária mulher, mãe da Fátima, cuja vida se extinguiu na mesma semana dos aniversários que nesta cartinha celebro.

Um dos grandes presentes que a vida nos deu foi o tempo passado ao seu lado. Seu coração e sua casa sempre foram um grande albergue. Obrigado por ter estado presente em nossas vidas.”

No início dos anos sessenta, Milton Santos teorizava uma globalização humanizada. Florestan Fernandes aprofundava o conhecimento de processos de mudança social, propunha reformas de base. A Nise da Silveira do da Casa das Palmeiras tornava-se membro fundadora da Société Internacionale de Psychopathologie de Léxpression. Paulo Freire elaborava as bases de uma pedagogia crítica. Os “Vocacionais” da Maria Nilde atingiam um nível de qualidade como jamais se vira no Brasil. Anísio Teixeira e Agostinho da Silva planejavam a Universidade de Brasília. E a síntese desse movimento, a máxima expressão dessa ínclita geração dava pelo nome de Darcy Ribeiro.

No outubro de vinte e dois, estávamos saindo de tempos de crise. Para obstar ao regresso de tempos sombrios, mais do que celebrar Darcy em palestras e teses acadêmicas, seria preciso atualizar as propostas desses mestres. Isto é: praticar Darcy.

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Novas Histórias do Tempo da Velha Escola (MXXXV)

Morro Grande, 23 de outubro de 2042

Creio que vos terei falado de um professor que se gabava de, no tempo em que dava aula, ser considerado um “bom professor”, pelo facto de reprovar muitos alunos. Ignorava que quem reprovava era ele, pois não sabia avaliar – confundia avaliação com aplicação de prova, e classificação com “dar nota”.

No fundo do baú das velharias, encontrei um textinho com o título: “A escola de antigamente nunca foi de boa qualidade”. Me recordo de ter sido útil a sua leitura, porque me auxiliou no decurso de uma palestra, quando um professáurio soltou o seguinte comentário:

Isso que você diz de não haver aula é muito bonito, mas antigamente é que se aprendia. Na terceira série, eu já sabia mais conteúdo do que a minha filha, que já está no nono ano.”

Perguntei:

O colega fez o Fundamental completo?

A resposta foi uma risada coletiva.

Insisti, perguntando ao mais de um milhar de professores ali presentes se tinham aprendido todos os conteúdos do Fundamental.

Claro! É evidente!” – responderam em coro.

Completei a inquirição, questionando:

Quem sabe fazer raiz quadrada?”

Um perturbador silêncio se seguiu à inusitada pergunta. Poucos professores ergueram o braço. Deveriam ser matemáticos ou engenheiros, na situação de professores.

Formulei outras perguntas sobre conteúdos de História, Ciências e outras disciplinas do Ensino Fundamental.

Ninguém soube responder.

Voltei a questionar:

Então, aprenderam, ou não aprenderam conteúdos, na sala de aula?”

Ao longo de mais de cinquenta anos, em “palestras”, perguntei a milhares de professores:

“Durante a vossa vida, quantas vezes precisaram de utilizar raíz quadrada?”

Nunca alguém disse ter precisado…

Por muito que custasse admitir, na sala de aula, apenas se copiava informação, se exercitava a memória de curto prazo e praticava decoreba. Vomitada a raiz quadrada numa prova, a memória esperta a esquecia.

Nos idos de vinte, alheias aos trágicos efeitos das suas práticas, a escola da sala de aula ia entupindo a memória dos alunos com informações, que eles não relacionavam com o mundo real. Os professores preparavam projetos para os alunos, quando deveriam construir projetos com os alunos. Despendiam significativa parte do seu tempo a fazer planejamentos de aulas, sedimentando processos de heteronomia, quando deveriam ensinar os alunos a planejar as suas vidas, a desenvolver senso crítico e autonomia intelectual.

Há muitos anos, o Mestre Agostinho da Silva nos recordava que “a maior parte dos professores que combatem métodos novos fazem-no porque os desconhecem, ou porque todos à volta se conservam na rotina (num) próspero analfabetismo em que uma boa parte não sabe ler e outra boa parte não entende o que lê.”

A maioria dos professores das escolas “normais” acreditava que ensinava dando aula e aplicando prova, quando apenas reproduzia acumulação cognitiva. Se tivessem contraído o hábito de “ler o mundo”, esses professores perceberiam quanta perversidade existia na indústria dos cursinhos. Neles, os jovens engoliam apostilas e novos “reativans”, e eram sujeitos a um sem-fim de provas, que pouco ou nada provavam.

No vestibular (ENEM, PGA…) o jovem estressado alienava-se do mundo, para se concentrar no objetivo maior: entrar numa faculdade. Se, decorridos alguns anos, esse jovem e os seus professores fizessem o mesmo vestibular, provavelmente, não conseguiriam ser aprovados nesse exame – já teriam esquecido os conteúdos da decoreba.

Quantos “bons alunos”, aprovados no vestibular de há vinte anos, saberão calcular, hoje, uma… raiz quadrada?

 

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Novas Histórias do Tempo da Velha Escola (MXXXIV)

Ordem da Lapa, 24 de outubro de 2042

Cheguei ao Porto no dia de aniversário do vosso pai. Sei que já estais em Tavira. Para lá irei, no comboio das sete. Levo-lhe de presente um tinto do Cartaxo. Vou ajudá-lo a acender sessenta e seis velas, bebendo um copo, celebrando a vida.

Há uns trinta anos, a avó Fátima assim descrevia o nascimento do vosso pai:

“Trovejava e chovia, e o moço teimava em não sair.

José observava a confusão e apercebia-se da preocupação do médico e das enfermeiras. Sem saber o que fazer, segurava a mão da Maria, enquanto murmurava palavras de acalmar.

Ali estava o presépio, sem vaquinha, nem burro, mas com um Menino, que quando saiu, não respirava.

Salpicado de sangue, José se retirou, chorando uma vida perdida.

Só o nosso filho não chorava. Foi banhado em água quente, em água fria, levou umas palmadas… e eis que um gemido se fez ouvir. O menino estava vivo. Nasceu pouco depois das dezoito.

Os pastores e os reis magos da família correram para ver o recém-nascido. José os acompanhou, chorando. Mas, agora, de emoção.”

Decorridos alguns meses, a vossa avó regressou ao trabalho. O vosso pai ficava entregue aos cuidados da Maria das Dores e umas idas até à Ponte. Apanhou tanto pó de giz, que acabou… professor. Aliás, um excelente professor de matemática e ótimo gestor, um bom homem. Muitas vezes afirmei que, quando fosse grande, queria ser como ele. Velho e acabado, continuo convencido de que o filho saiu melhor pessoa do que o pai.

Tive uma vida boa e não me preocupo em partir, por saber que o André herdou da sua mãe (e, talvez, de mim) o saber viver uma vida digna. Por ser um bom filho, o filho que desejei ter, lhe ofereço – para além da pinga do Cartaxo – um textinho do Papa Francisco, que encontrei no baú das velharias, junto da sua primeira fotografia. Fala-nos da busca por uma definição de vida feliz.

“Você pode ter defeitos, ser ansioso, e viver alguma vez irritado, mas não esqueça que a sua vida é a maior empresa do mundo. Só você pode impedir que vá em declínio.

Muitos lhe apreciam, lhe admiram e o amam. Gostaria que lembrasse que ser feliz não é ter um céu sem tempestade, uma estrada sem acidentes, trabalho sem cansaço, relações sem deceções. Ser feliz é achar a força no perdão, segurança no palco do medo, amor na discórdia.

Ser feliz não é só celebrar os sucessos, mas aprender lições dos fracassos. Não é só sentir-se feliz com os aplausos, mas ser feliz no anonimato.

Ser feliz é reconhecer que vale a pena viver a vida, apesar de todos os desafios, incompreensões, períodos de crise (…) Ser feliz, não é ter medo dos próprios sentimentos. É saber falar de si. É ter coragem de ouvir um “não”. É sentir-se seguro ao receber uma crítica, mesmo que injusta. É beijar os filhos, mimar os pais, viver momentos poéticos com os amigos, mesmo quando nos magoam.

Ser feliz é deixar viver a criatura que vive em cada um de nós, livre, alegre e simples. É ter maturidade para poder dizer: “errei”. É ter a coragem de dizer: “perdão”. É ter a sensibilidade para dizer: “eu preciso de você”. É ter a capacidade de dizer: “te amo”.

Quando errar, recomece tudo do início. Pois somente assim será apaixonado pela vida. Descobrirá que ser feliz não é ter uma vida perfeita. Mas usar as lágrimas para irrigar a tolerância. Utilizar as perdas para treinar a paciência. Usar os erros para esculpir a serenidade. Utilizar a dor para lapidar o prazer. Utilizar os obstáculos para abrir janelas de inteligência.  Nunca desista.

Que a tua vida se torne um jardim de oportunidades para ser feliz…

Nunca renuncie às pessoas que o amam. Nunca renuncie à felicidade, pois a vida é um espetáculo incrível”.

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