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Novas Histórias do Tempo da Velha Escola (DCLXV)

Casal da Cruz, 30 de setembro de 2041

Na cartinha de ontem, falei-vos de algumas das muitas dificuldades por que a Ponte passou, na década de setenta. O que me surpreendia e desgostava era verificar que, decorrido meio século, idênticas situações se verificassem. Creio ser útil recordar algumas. 

Recupero velhos escritos, guardados num HD, para que fiqueis com uma ideia aproximada dos nefastos efeitos do autoritarismo de diretores, gestores e administradores do “sistema”. Começo por um e-mail recebido há vinte anos. Tem a data de 29 de setembro de 2041 e o transcrevo parcialmente. Completarei a sua transcrição na cartinha de amanhã.

“Olá, estimado amigo! Como está? 

Venho lhe contar sobre como anda minha experiência como professora “tentante”, num ano letivo que parece escorrer pelos dedos. Este é o pior de todos os anos letivos, posso dizer seguramente. E não é por conta da pandemia.  Não farei aqui o tal do “muro das lamentações”, mas considero que lhe devo algumas palavras, depois do nosso último encontro virtual, que se deu com um grupo de pessoas do meu município, entre elas um diretor e a coordenadora de uma escola nova e de algumas professoras da Secretaria de Educação. 

Antes de entrar nesse relato, destaco uma fala sua, dita na live que fizemos. Você compartilhou ter passado por três crises e eu estou passando por uma e das fortes!

Esse ano, em especial, tornou-se uma batalha para mim. Sempre me posicionei acerca do que pode ser melhorado e sempre questionei velhos costumes sem fundamento dentro da escola, mas ao mesmo tempo, sempre propus alternativas através do meu trabalho e de sugestões incansáveis. Mais de 15 sugestões em e-mails e mensagens não respondidas pelas minhas gestoras. Simplesmente, ignoradas! 

Definitivamente, tenho compreendido que apresentar sugestões e se apresentar para pensar junto, não são atitudes bem-vindas, quando a gestão é autoritária. Não vivo uma gestão democrática em nenhuma esfera de minha realidade escolar. No meu município, a atual gestão pedagógica da Secretaria de Educação, apresenta uma organização de ensino em caráter obrigatório para todas as escolas, sobre algumas organizações. Por exemplo, as aulas. Trata-se de um formato de ensino em que os componentes curriculares são fragmentados entre o professor R1, regente de uma turma que dá aulas de Matemática, Língua portuguesa e Ciências, e o professor R2, que é o regente secundário, que atua em três turmas diferentes, dando aulas de História, Geografia e Ensino Religioso, atuando com mais de 80 alunos. 

Sou professora R2 e tenho questionado, desde sempre, essa obrigatoriedade diante do desgaste do formato e do fracasso que percebo nessa organização, tanto para a aprendizagem significativa das crianças como para o bom desenvolvimento do trabalho e estratégias do professor.  Só queria decidir junto com meus colegas o que poderia ser melhor para nós, ouvir os pais, as crianças e mudar isso. Por fazer muitos questionamentos, na escola, às gestoras, aos colegas da Secretaria e por discutir tais pontos junto ao meu grupo de colegas R2 (quase 300), tenho sofrido uma triste “perseguição” na escola e, também, na secretaria. Isso piorou quando tentei negociar a possibilidade de criar uma turma-piloto na escola. Tentei cinco vezes e foi um desgaste:

“Quem sou eu para querer ser diferente? O trabalho de um professor não pode destoar dos outros professores”. 

Queridos netos, como vedes, era proibido “destoar”. Era obrigatório obedecer a ordens “superiores”, ser conivente com um poder público intelectual e moralmente corrupto.

 

Por: José Pacheco

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Novas Histórias do Tempo da Velha Escola (DCLXIV)

São Martinho do Porto, 29 de setembro de 2041

Ficastes “com a pulga atrás da orelha”, quando, numa cartinha, “levantei o véu” que cobria os bastidores da Escola da Ponte. Disse-vos que, algum dia, vos contaria a história dessa escola. 

“A escola com que sempre sonhei, sem imaginar que pudesse existir” foi resultado do encantamento sentido pelo amigo Rubem, que a viu com olhos transbordantes de sonho. Poeticamente, a divulgou, citando Pessoa: “Amei-te muito antes de te conhecer”. Mas, quem não soubesse da sua gênese poderia quedar-se por uma representação mítica dessa escola. 

Quem a visitasse a Escola da Ponte, nos idos de vinte, não suspeitaria de que ela, também, fora feita de sofrimento e de resiliência. Professores e crianças foram objeto de perseguição e prejuízo. No início do projeto, as crianças cuidavam com muito desvelo de uma horta e de um “hospital dos animais”. Certo dia, encontramos a horta destruída e os animais mortos. Com o sangue das inocentes vítimas, os autores da façanha pintaram na parede da escola a frase “Morte ao professor”.

Nos seus primórdios, a escola nem sequer tinha um espaço a que se pudesse chamar banheiro. O prédio onde o vosso avô ensinava a aprender era uma construção do século XIX, reconstruída em 1918. Mas, como escolas não são prédios, os bairros da Ponte Nova, de Santo Honorato e das Fontainhas passaram a ser o chão da escola. 

Em “freinetianas aulas passeio”, entre a bouça de Bom Nome e a Bouça do Rex, com o Doutor Queirós, as crianças aprenderam que o nosso primeiro rei havia nascido… em Vila das Aves. Pesquisando, descobriram que a sua terra, contrariamente ao que pensavam os avenses, não era “das Aves” (dos pássaros), mas “dos Aves” (das águas). E, analisando ao microscópio água recolhida nas águas desse rio, resolveram fazer um projeto de despoluição de um patrimônio comum usurpado por interesses privados. Os jornais da escola desse tempo disso nos falavam. 

Apesar dos pesares, a Ponte provou haver utopias realizáveis, inevitavelmente, entrando em rota de colisão com as “autoridades”. Esbarrava num sistema ancorado num discurso político assente num pseudo-rigor, numa falsa exigência. Não desejávamos o confronto. Propusemos o diálogo. Foi-nos negado. Fomos prejudicados de muitas formas. Mas não desistimos. 

Muitas escolas despertavam para a necessidade de mudar. Em 76, éramos doze, reunindo nas tardes de quarta-feira. Em 86, ano da publicação da lei de bases, restava um projeto: o da Ponte. Os restantes tinham sido destruídos. 

Nos idos de vinte, voltamos a reunir às quartas-feiras, ajudando professores, que tomavam consciência da falência do modelo educacional em que tinham sido formatados. Já não eram doze, eram centenas de educadores dando forma concreta aos projetos das suas escolas e aos seus projetos de vida. 

Disso vos falarei mais adiante. 

Acolhei o beijo do avô José.

Núcleos de projeto despontaram em insuspeitos lugares. Educadores mudavam e comunicavam as mudanças aos seus  “supeirores”. Apresentavam planos de inovação e requeriam, em troca, a autonomia necessária para os desenvolver.

Esta memória de idoso não conseguirá traduzir toda a potência do projeto emergente dos idos de vinte. Mas, tentarei, em próximas missivas, descrever conquistas e adversidades. À distância de setenta anos, ainda considero necessário recuperar memórias desse tempo sombrio. Insisto em que reflitamos sobre aquilo que nos dizia a Constituição. Ela consagrava o direito à educação, dizia-nos ser dever do Estado garantir a educação a todos os cidadãos, o que as escolas não garantiam.

 

Por: José Pacheco

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Novas Histórias do Tempo da Velha Escola (DCLXIII)

Salir de Matos, 28 de setembro de 2041

Queridos netos, 

Mesmo não pretendendo fazer descrições pormenorizadas de eventos de há sete décadas, não resisti a trazer-vos notícia de ocorrências desse tempo distante. 

Como vos disse, o meu esperançoso envolvimento na abortada Reforma Veiga Simão resultou em desilusão. E precipitou a minha decisão de abandonar uma carreira de engenheiro e de me fazer professor. Entretanto, aconteceu uma revolução, a “dos cravos”. No dia 24 de abril de 74, o povo português adormeceu num regime fascista; no dia 25, acordou democrata. 

Esse “salto súbito” deveria ser acompanhado pela transformação da escola salazarista numa escola pública, berço de democracia e igualdade. A educação para a cidadania salazarista deveria ser substituída por uma educação no exercício de uma cidadania plena. Meio século decorreria, até à concretização desse desiderato. No dealbar da democracia, saindo do serviço militar, regressei – por vingança, como costumava dizer – ao chão das escolas. 

Quando criança, vivia num bairro pobre, era (e continuei a ser) estrábico e, por isso, sofria bullying e processos de exclusão. Mas, fiquei na educação por amor. Fui professor primário e universitário. E, entre anos de 1974 e de 1976, com o advento da democracia, vivi o privilégio de ajudar a cumprir a nova Constituição da República numa escola pública. 

Nos idos de 70, eu quase desisti de ser professor. Envaidecia-me o fato de os inspetores de ensino recomendarem a professores a assistência às minhas aulas. Eu era um auleiro magistral. Planejava a aula ao pormenor, confeccionava excelentes materiais, provocava “motivação”. Mas, apossou-se de mim o pressentimento de que, “dando aula”, estava a excluir gente, pois alguns alunos não aprendiam.

Compreendi que não deveria continuar “dando aula”. Mas, não sabia fazer mais nada. O modo como eu tinha aprendido era o modo como eu ensinava, como muito bem esclarecia o princípio do isomorfismo na formação. Sobreveio um dilema. Se eu só sabia dar aula, restavam-me dois caminhos: mudar o modo de ser professor, ou… deixar de ser professor. Optei por tomar a decisão ética, que me manteve educador: mudei!

A Ponte surgiu, talvez não por acaso, para me dar uma última oportunidade. Era uma escola como qualquer outra, uma escola degradada, que albergava “turmas do lixo”, maioritariamente constituídas por jovens de 14 e 15 anos, que não sabiam ler nem escrever, e que batiam nos professores. 

Ali e ao cabo de alguns anos, encontrei duas pessoas, que faziam as mesmas perguntas que eu fizera: 

“Por que será que eu dou aula tão bem dada e há alunos que não aprendem?” 

Foi, então, que aconteceu algo inusitado. Como quaisquer outros professores, éramos profissionais competentes. Porém, se do modo com a escola funcionava negava a muitos seres humanos o direito à educação, a escola não poderia continuar a ser gerida desse modo. Quando modificamos o modo, asseguramos a todos o direito de ser sábio e feliz. 

Foi, então, que começamos a acolher jovens evadidos de outras escolas, alunos “indisciplinados”, expulsos de outras escolas, alunos “com dificuldades de aprendizagem”, e tomamos consciência da necessidade de cuidar das nossas dificuldades de ensinagem.

Diziam sermos uma “escola para deficientes”. Chamaram-nos loucos, lunáticos e outros epítetos que, por pudor, não irei reproduzir. Quando fiz as primeiras intervenções públicas, mais do que dizerem que o projeto era um arroubo de jovem professor, diziam-me que, quando eu fosse mais velho, iria ganhar juízo. 

Felizmente, não ganhei…

 

Por: José Pacheco

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Novas Histórias do Tempo da Velha Escola (DCLXII)

Alcobaça, 27 de setembro de 2041

A recordação de um encontro de finais da década de sessenta, acendeu em mim uma energia, que já não contava que me acometesse nos meus setenta anos. No distante outubro de 1968, animado por notícias provindas de Paris, fui com um amigo professor até um estádio, onde decorreria um dos encontros de início de ano letivo organizados pelo Estado Novo do Salazar. 

Não consegui ficar até ao fim desse “show” da ditadura. Caí em desgraça, ao fim de escassa meia hora. Fizera perguntas inconvenientes. O sentimento de rejeição e os empurrões que recebi à saída foram mais uma contribuição para a decisão de trocar a engenharia pela educação. 

Iniciava os encontros de há vinte anos perguntando: O que quereis saber? Mas, perante professores, que agiam de modo idêntico aos do festival de horrores de há sete décadas, optei por lhes dirigir algumas incômodas (e nunca respondidas) perguntas. 

Nesta cartinha vos deixo a primeira das perguntas. Nas próximas, vos darei conta de outras. E lhes juntarei arremedos de argumentação, talvez, científica. 

Ao longo de meio século, participei de várias iniciativas ministeriais de remediar o sistema educacional português. Foram concebidas entre o burocrático e o ingênuo e nunca lograram garantir a todos os alunos um direito fundamental: o direito à educação.

Entre 1970 e 1973, envolvi-me nas abortadas iniciativas da “Reforma Veiga Simão”. Em plena “primavera marcelista”, num discurso proferido na rádio, em 17 de janeiro de 1970, se declarava estar o Governo decidido a levar a cabo “a grande, urgente e decisiva batalha da educação”. Em 6 de Janeiro de 1971, o ministro da educação apresentou as linhas gerais da sua reforma do ensino, propondo uma ampla e aberta discussão. 

Veiga Simão foi o último ministro da educação do Estado Novo. A sua reforma viria a influenciar reformas educativas, após a instauração do regime democrático. Afirmava: “saber ler, escrever e contar já não é quanto baste para os portugueses e um povo mais culto é sempre um povo mais livre”. 

O ministro propunha a prestação de assistência médica aos alunos, a criação de cantinas escolares, a garantia de transportes escolares, o fornecimento gratuito de manuais e material escolar, o apoio às famílias mais necessitadas e a escolaridade obrigatória de oito anos, com novos programas. Recomendava a implementação de aulas de tipo coloquial, a organização de projetos multidisciplinares, tendo em conta as características de cada escola e as necessidades dos alunos. 

É surpreendente a semelhança com o discurso das iniciativas ministeriais dos… idos de vinte. “Mais do que preparar os alunos para a vida”, a escola fomentaria “um humanismo universalista”. 

No Parlamento, não faltaram as moções de apoio:

“No mundo português existem milhões de homens a educar. Educar todos os portugueses, promovendo uma efetiva igualdade de oportunidade, independentemente das condições sociais e económicas de cada um, é o objetivo desta batalha da educação”. 

A tentativa de reforma do início dos anos setenta foi um dos marcos mais significativos de uma política reformista de “renovação na continuidade”, na e”volução sem revolução”. Mas, os beleguins da ditadura reagiram: “Foram banidos os sábios, os santos, os heróis, em prol do rebanho humano (…) o batuque africano no mesmo nível da sinfonia de Beethoven.” As aulas coloquiais foram consideradas “ensino ao sabor do capricho dos alunos, a transformação do professor em mero registador de conclusões.”

Por que se repetia, nos idos de vinte, esse retrógrado blá, blá, blá?

 

Por: José Pacheco

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Novas Histórias do Tempo da Velha Escola (DCLXI)

Pinhal Novo, 26 de setembro de 2041

Nas escolas do tempo de que vos venho falando, tardava o reconhecimento da dessemelhança. Enquanto esperava que fossem realizados debates sobre o que deveria ser uma “Carta Educativa”, fui participando em debates. Num deles, um autarca pediu-me colaboração e justificou o pedido:

“Porque o professor trabalhou naquela escola dos deficientes, não foi?”

Tive o privilégio de ter trabalhado, durante cerca de trinta anos, numa “escola diferente”, que nada inventara. Estava tudo (teoricamente) inventado.

A Ponte era “diferente”, porque sempre acolhera alunos que outras escolas recusaram, expulsaram, ou, de algum modo, negaram o direito à educação. Também era “diferente” porque mantinha as suas portas abertas para todos quantos desejavam visitá-la, estudá-la (ou até mesmo devassá-la…) – quantas escolas abriam as suas portas, a qualquer hora de qualquer dia, para acolher estranhos?

Mesmo em tempos de crise, a Escola da Ponte jamais se fechou na sua concha. Aliás, era útil para quem a visitasse, pois compreendia não haver escolas perfeitas. A Ponte era feita de beleza e de humanas misérias, como qualquer outra escola.

Para melhorar as práticas da Ponte, viajei por muitos países, visitando escolas, cujas práticas nos ajudaram a trabalhar com os alunos ditos “diferentes”. Mas, também, deparei com excepções, melhor dizendo, decepções. Há cerca de vinte anos, ouvi falar de uma escola estrangeira, considerada modelo de “integração”. Quis ver, para aprender. Cheguei. Fui conduzido para um salão amplo. No meio do salão, um piano. No piano, um velho de estatura imponente (soube, depois que seria o diretor) tocava uma marcha. Os alunos entravam no salão, em duas filas, marchando a compasso. E lá vinham, na cauda do pelotão, os ditos alunos “diferentes”.

Finda a cerimónia, que me fez recordar o tempo em que eu fazia exercícios militares, os alunos voltaram às suas salas. Não me foi dado ver o que lá dentro acontecia. Fui muito recebido, bem tratado. Findo o “meeting”, fui espreitando, através dos vidros (discretamente), para as salas que ladeavam o corredor que conduzia à porta, onde me despedi do simpático diretor. Em nenhuma das salas consegui vislumbrar a presença de um aluno “diferente”. Ter-se-iam evaporado?

Já longe da vista do diretor, dei uma volta ao edifício e encontrei resposta – ligada por um longo corredor ao edifício principal, lá estava uma sala repleta de “diferentes”. Bem longe dos… “normais”

Numa outra ocasião, fui fazer uma palestra, a convite de uma escola. Cheguei com duas horas de antecedência sobre a dita. Aguardei na sala dos professores. Chegado o intervalo, acidentalmente, escutei conversas sobre alunos “diferentes”:

“Tem algum jeito, colega, que os deficientes, agora, também venham para o segundo ciclo? Puseram dois na turma a que dei aula. Ficaram o tempo todo lá no fundo, que eu não tenho preparação para trabalhar com deficientes!”

No âmbito dos trabalhos de uma comissão encarregada de tomar conhecimento de “boas práticas”, visitei várias escolas. Uma delas era conhecida por, ao que se dizia, ter desenvolvido uma “experiência pedagógica bem-sucedida”.

O encontro da comissão com a Direção ficou marcado para a tarde. Quebrando o protocolo, eu fui até lá… de manhã. Entrei. Ninguém me perguntou ao que ia. Presumo que me tenham tomado por um dos muitos professores da escola. Percorri espaços como quis. Da biblioteca à cantina, da reprografia ao bar, do recreio à sala dos professores, até encontrar alguns “diferentes” segregados, numa “sala de NEE”.

Por: José Pacheco

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Novas Histórias do Tempo da Velha Escola (DCLX)

Santo Isidro de Pegões, 25 de setembro de 2041

Diz-se ser um hábito a predisposição para adoptar um comportamento ou realizar uma determinada ação, repetindo os mesmos gestos, os mesmos atos. É durável e, frequentemente, prescinde do uso da consciência e do exercício da vontade. No reino da educação, foi origem de muitos e nefastos dramas.

Num dos mais negros períodos da sua história, a Escola da Ponte esteve integrada num “agrupamento de escolas”. Foi uma iniciativa desastrosa. A Ponte era minoria, e foi-se instalando o achismo nas reuniões. Regressámos ao grau zero da reflexão.

Registei os “acho que” de uma das reuniões. E, em apenas duas horas, contei dezoito:

“O que eu quero dizer é o seguinte… Então, é assim: quer dizer, portanto, pois… portanto, quer dizer… O que eu acho, na minha opinião pessoal, é que… quer dizer… Eu penso que deve ser assim, porque sempre foi assim. Quer dizer, eu acho que essa ideia é interessante…”

“O que significa “interessante”? – perguntei.

Ninguém respondeu. De surpresa em surpresa, apercebemo-nos de que os professores achistas – alguns já com mais de trinta anos de exercício da profissão – jamais haviam lido um livro. Eram incapazes de alinhavar duas ideias seguidas, ou de explicar por que faziam aquilo que faziam na sua sala de aula. Manifestavam total relutância ao estudo e abominavam qualquer esboço de reflexão. Foi duro constatar tal realidade! Restou-me exercer compaixão.

Emocionado, um dos achistas falava do último episódio da novela da noite, citando de memória títulos de novelas antigas e atores de quem eu jamais ouvira falar. Os professores eram bons conversadores, e eu até poderia deixar que o animado interlúdio se prolongasse. Mas dispunha da prerrogativa de gerir o tempo dessa reunião e tentei colocar um ponto final naquele erudito debate novelístico, propondo que regressássemos ao domínio da pedagogia.

“Ó colega, deixe-se disso! Que coisa chata! A gente precisa é de espairecer!”

Insisti. Pedi que conversássemos sobre referentes teóricos, que enformavam as nossas práticas. Os achistas responderam que “não precisavam de teorias para nada”.

Não porque fosse indispensável conhecer tantos nomes de educadores, quantos os dos atores de novela, mas porque seria injusto desconhecer a herança que nos fora legada por muitos esforçados pedagogos, retorqui, defendendo que toda a prática está, explícita ou implicitamente, associada a uma teoria.

De nada valeu a argumentação. Ficou-me a mágoa de tomar consciência dos efeitos da longa e tenebrosa noite de uma ditadura, que deixou marcas indeléveis numa certa cultura profissional.

Numa outra reunião, foi proposta a análise de um texto do Perrenoud. Os achistas gastaram mais de uma hora a discutir “competências”, com recurso ao mero senso comum pedagógico. Apercebi-me da perturbação dos professores da Ponte, cansados do empobrecimento do debate. E lancei uma pergunta:

“Há mais de uma hora, que estou a ouvir falar de “competências”. Alguém quererá dizer o que entende por “competência”?”

Resposta não houve. Só silêncio e olhares ameaçadores. A dolorosa via-sacra acabou quando a Ponte voltou a ficar só, livre de “agrupamentos”.

Aprendemos com essa experiência que, entre culturas inconciliáveis, o diálogo é de surdos. Ou, como diria o Rui, não se pode amar quem não gosta da mesma canção. E pensar que estes professores estiveram na Ponte. Dentro da Ponte! Devassando-a! Nada entenderam da Ponte. Usaram-na, quase a destruíram. Foram-se, mas o achismo ficou. Foi hibernando e manifestou-se, mais tarde. Mas essa é outra história…

Por: José Pacheco

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Novas Histórias do Tempo da Velha Escola (DCLIX)

Alhos Vedros, 24 de setembro de 2041

No tempo da pandemia dos idos de vinte, as escolas não estavam imunes a contágios. Aliás, enquanto instituição, estava enferma de um já longo padecimento, que não o da Covid-19. E, no início da década de vinte assistíamos ao regresso da praga dos “porquenãos”.

Numa das “Cartas à Alice”, expliquei à minha neta que os porquenãos assim se chamavam por não saberem explicar por que faziam o que faziam – “Era assim porque era assim… e pronto!”. A Alice entendeu. Mas havia quem não quisesse entender.

Para quem não sabe o que eram os porquenãos, direi que eram criaturas que padeciam de pensamento único, enfermidade dificilmente detectável a olho nu. A lista de enfermidades que afetavam as escolas era extensa. Referirei algumas.

O “modismo” caracterizava-se pela adopção acéfala de modas pedagógicas, quase sempre importadas. Associado ao “aventureirismo pedagógico” e ao “praticismo”, o “modismo” foi responsável por transtornos vários e graves sequelas.

O “teoricismo” (doença antípoda do “praticismo”) afetava parte significativa de uma universidade ancilosada. Os enfermos produziam inúteis teorizações de teorias inúteis, produzidas sobre teorias de teóricos que não faziam a mínima ideia das práticas sobre as quais teorizavam. No aconchego dos seus gabinetes, os afetados pelo “teoricismo” desenvolviam sofisticadas propostas, que não logravam fertilizar as práticas, dado que a “impotência prática” era um dos sintomas associados a esta maleita.

A “síndrome do pensamento único” traduzia-se num conjunto de afecções patológicas muito comuns em “opinion makers” e “especialistas”. Para estes doentes existia um só modo de pensar, um só modelo de escola. Todo o pensamento divergente, toda a prática dissonante os impelia a reações violentas. Publicavam artigos de opinião, ou meros comentários, em tom persecutório. Quem ousasse interpelar o modelo único, sugerir alternativas, ou instituir outras práticas, sofreria a perseguição feroz de hordas de porquenãos, porque o pensamento único não permitia veleidades.

Outros porquenãos manifestavam uma particular predileção por desdenhar daquilo a que chamavam de “novas teorias das ciências da educação”. Na opinião dos porquenãos, essas “teorias” eram a causa dos males que afetavam o sistema educacional. Porém, se lhes perguntássemos quais eram essas nefastas “teorias”, não saberiam responder, porque falavam de ouvido e entoavam sempre a mesma cantilena. Provavelmente, se conhecessem alguma teoria e a tivessem estudado, não saberiam entendê-las, dado que o diletantismo e o dogmatismo – sintomas associados à síndrome do pensamento único – causavam uma peculiar espécie de cegueira, que os impedia de vislumbrar horizontes vários, para além do seu restrito quadro de referências.

Poderia falar-vos de outras doenças profissionais pouco estudadas, de que as teses sobre stress e mal-estar docente eram meros sucedâneos. Poderia falar-vos da mesmice, do isolacionismo, do neocorporativismo, da burocratização, do ensimesmamento, do fundamentalismo pedagógico etc.

Quem se atrevesse a comentar as diatribes dos porquenãos ou se referisse, elogiosamente, a escolas que substituíam a tralha tradicional por dispositivos e práticas inovadoras, ou que derrubavam obstáculos à inclusão, expunha-se. à sanha dos porquenãos.

Felizmente, havia quem, no tempo do medo, não os temesse e continuasse a expor-se e a dizer o que acreditava ser preciso que fosse dito e redito. Assim, atravessamos os tempos sombrios dos idos de vinte.

 

Por: José Pacheco

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Novas Histórias do Tempo da Velha Escola (DCLVIII)

Arroteias, 23 de setembro de 2041

A “Escola X” era uma instituição da rede particular de ensino da capital de um dos estados do Brasil. Acolhia alunos provenientes de famílias de classe média-alta. Dispunha de um belo projeto (escrito), no qual pontificavam valores inscritos na Lei de Diretrizes e Bases: autonomia, respeito, democraticidade.

O projeto (escrito) continha abundantes citações de autores consagrados, num discurso feito de pedagogia pseudo-humanista e de caricaturas de construtivismo. A prática era a negação daquilo que estava escrito no projeto.

Acompanhados de pais que, conscientemente, aderiram ao projeto, alguns professores da Escola X tomaram a iniciativa de rever práticas e lhes conferir coerência. Crentes de que a autonomia seria construída através da cooperação, perguntavam:

“Como será possível desenvolver autonomia numa aula, quando se considera o professor como objeto, mero executante de determinações vindas de superiores hierárquicos?”

Foram instalando dispositivos, refletindo efeitos, trabalhando gratuitamente, fora do horário de aula, em equipe. Excelentes resultados não demoraram a surgir. Logo, também apareceram torpes reações. Professores (não sei se poderei dar-lhes tão digno estatuto) sabotaram o trabalho dessa equipe. E todo o esforço se perdeu entre os caprichos do dono da Escola X e a conivência de serviçais “professores”, que, para não perderem o emprego, perderam a dignidade. “Professores”, cuja desonestidade intelectual foi recompensada com tablets oferecidos por um chefe que cria que o dinheiro poderia comprar consciências.

Decisões com obediência bovina comunicadas (ou, melhor dizendo, impostas) por uma coordenadora aos professores.

Um diretor ignorante do que a pedagogia fosse tomou decisões carentes de fundamentação pedagógica, científica, ou de mero bom senso, e que feriam os valores consagrados no projeto da instituição. Herdeiro de uma cultura autoritária, impôs os seus caprichos, beneficiando a representação conservadora que muitas famílias-clientes tinham do que fosse uma escola e um projeto.

Aliás, verifiquei que os pais dos alunos ignoravam o conteúdo do projeto. Aquela escola transformou-se numa fraude. Conceitos como democraticidade, diálogo e responsabilidade ética continuavam a enfeitar o projeto (escrito), enquanto os padrões de comportamento cotidiano refletiam uma herança civilizatória calcada na dominação, no autoritarismo.

Os educadores, que ousaram não concordar com absurdas decisões, não puderam fazer ouvir a sua voz. Foram intimidados, ostracizados e até mesmo despedidos. O trabalho sério de reflexão sobre as práticas, um acervo de rica documentação arquivada num computador, desapareceu misteriosamente. Ninguém soube indicar o seu paradeiro.

A Escola X continuou cativa de uma concepção de produção em série, do papaguear instrucionista. Alguns pais, os mais conscientes dessa situação, reagiram, exigiram o cumprimento do projeto. Porque não foram escutados, levaram os seus filhos para outras escolas.

Denunciei as contradições, mas isso de nada serviu. Afastei-me da Escola X. Mais uma iniciativa de professores sérios fora frustrada.  Mas não pense que os pais e professores desistiram – foram recomeçar em outro lugar.

Nos idos de vinte, a situação atrás descrita não era inédita; era bem comum, aliás. E permitia-nos perceber uma das razões pelas quais o Brasil atravessava tempos sombrios. O sistema de ensinagem estava imerso numa profunda crise, afetado pela corrupção intelectual e moral.

 

Por: José Pacheco

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Novas Histórias do Tempo da Velha Escola (DCLVII)

Lavradio, 22 de setembro de 2041 

A Guidinha tinha treze anos, metade contados na escola. A professora era boazinha e tinha jeito para ensinar. Só lhe custava entender certos discursos, quando a lição saía do livro e se espraiava pela comunidade. E não havia dicionário que lhe valesse na aflição. Ela lá ia decifrando as frases proferidas pelos companheiros pelo sentido geral. E por aí se quedava, sem confessar a sua fraca compreensão, pois é bom de ver que a uma professora se admitia tudo… exceto a ignorância.

Estávamos no primeiro dia das “Férias de Natal”. Pelo fim da manhã, a Guidinha passou pela escola, de almeiro na mão. A professora preenchia as fichas de informação trimestral e aproveitou a presença da pequena, para dela se servir de emissária.

Ó Guida, queres levar a ficha ao teu pai? Olha que ele vai ficar satisfeito, já estás melhor na caligrafia. Ele que não se esqueça de assinar, aqui, ao fundo. O teu pai sabe ler e escrever?” 

Sabe, sim senhora, minha senhora. Ele até fez a quarta como adulto. E té calha bem qu’ eu vou ir levar-lhe o presigo ó trabalho.” 

Então, vai! E não te demores!” 

A Guidinha não levou meia hora a voltar. Vinha chorosa, meia face avermelhada e os olhos no chão.

Que te aconteceu, rapariga?” – demandou a professora.

A Guidinha continuava de olhos no chão, a voz presa na garganta.

Onde puseste a ficha, rapariga? Já está assinada?” 

A culpa foi da senhora!” – volveu-lhe a pesarosa Guidinha.

Culpa? Culpa de quê? Explica-te que eu não estou a perceber nada e já estou a perder a paciência! 

A Guidinha abanou a cabeça e, com voz embargada, acrescentou:

Cand’ acheguei ó trabalho do meu pai, tropei à porta e logo qu’ ele abriu, dei-lhe a folha, como a senhora m’ amandou.” 

Sim. E então? Ele leu?” 

Ai não, que não leu! Leu, sim senhora, minha senhora.” 

E então? Despacha-te lá!” 

E adei, bem cá toma, assentou-me uma poleia e por pouco não me mirava c’ um grande rebo!”

??? Não estou a entender… E ele não disse nada?” 

Disse, sim senhora, minha senhora. Disse qu’ eu era a vergonha da cara dele.” 

Vergonha? Vergonha, por quê?” 

Porque leu na ficha que a senhora tinha escrito que eu já tenho letra “legível”. 

Mas isso é bom. Ter a letra legível é uma coisa boa” – retorquiu-lhe a professora.

É , é!… Mas, mal ele leu, disse logo “Com qu’ então tu tens a letra legível?! Não tens vergonha? Ora toma! E enfiou-me uma lapada qu’eu até contei as caleiras todas, uma a uma!” 

Confusa, a professora rematou:

Trouxeste, ao menos, a ficha de informação?” 

Não, minha senhora. O meu pai alagou-a e, depois, atirou-a para uma toca.” 

A jovem professora deu-se ares de ter decifrado a resposta e despachou a Guidinha, dizendo-lhe que sossegasse, que depois iria falar com o pai dela.

A Guidinha não tinha culpa de que a caneca se tivesse virado no meio da contenda e a ficha tivesse ficado encharcada em vinho tinto. O “atirar da ficha para uma toca” é que não se encaixava totalmente na sua representação do episódio. Mas, também não seria necessário. A professora tinha a explicação à mão de semear:

“Eles não entendem. São uns analfabetos, uns ignorantes. Os pais resistem em colaborar com a escola. É uma questão de mentalidade”. 

Ela não sabia que, antigamente e com maior frequência do que pensávamos, o professoral analfabetismo em culturas não letradas introduzia “ruídos” na comunicação. Alguns professores ainda não tinham tido tempo para ler o Basil Bernstein. Hoje, já entendem as diferenças entre “códigos restritos e elaborados”. Antigamente, era a Guidinha quem pagava as favas, porque o dardo da ficha de informação nunca se transformou em… boomerang.

 

Por: José Pacheco

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Novas Histórias do Tempo da Velha Escola (DCLVI)

Cova da Piedade, 21 de setembro de 2041

Netos queridos,

Há exatos vinte anos, andava o vosso avô por Portugal, ajudando educadores em mais um início de ano letivo, quando teve conhecimento de uma liminar, no qual a Justiça Federal determinava:

“Ante o exposto, por evidenciada a urgência contemporânea à propositura da ação, aliado ao perigo de dano e risco ao resultado útil do processo, defiro a tutela de urgência para determinar que a União Federal, e quem a represente a qualquer título, abstenha-se de praticar qualquer ato institucional atentatório a dignidade do Professor Paulo Freire, na condição de Patrono da Educação Brasileira, como reconhecido pela Lei º 12.612/12”

A Ação fora proposta pelo Movimento Nacional de Direitos Humanos com apoio de várias organizações da sociedade civil, que pressionaram a Justiça ao ponto de ela determinar que não se atentasse contra o patrono da educação brasileira.

Mas qual seria a “educação”, que teriam em mente?

A educação freiriana não era aquela que, nos idos de vinte, ainda se fazia. A educação, que Anísio, Lauro, Nilde, Cecília, Darcy, Freire e tantos outros insignes mestres alvitravam era a “Escola Pública”. Aquela que fora repetidamente anunciada em manifestos: o “Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova” (em 1932), o “Mais uma Vez Convocados” (de 1959), o “Terceiro Manifesto da Educação” (de 2013), o “Manifesto para uma Educação Democrática e Humanizadora” (de 2021), onde se lia:

“Nós, professores envolvidos em projetos e ações para uma educação democrática e humanizadora, queremos expressar aqui nossas preocupações em relação ao trabalho dos educadores em face do que vem acontecendo, neste momento, em nosso país, na política, na economia e, principalmente, na saúde e na educação.”

A elaboração deste e de outros manifestos se constituíram em ciclos de denúncia e de anúncio, em gestos de coragem. Mas, na década de noventa, em São Paulo, competentes e generosos freirianos não lograram democratizar e autonomizar a Escola. Tal como o Miguel, em Belo Horizonte. Tal como o Darcy, em Brasília. A Escola Pública não se libertava do sarro instrucionista. E Darcy reconhecia ter tentado fazer uma universidade séria, e fracassado.

Mas, a amorosa mensagem de Freire permaneceria incólume, convidando novas gerações de educadores ao ato de coragem. Um Freire secretário de educação, inconformado, se manifestava:

“Eu recuso qualquer posição fatalista, diante da história e diante dos fatos. Eu não aceito, por exemplo, expressões como “é uma pena que haja tantos brasileiros e tantas brasileiras morrendo de fome, mas a realidade é essa mesma”. Eu recuso, como falsa, como ideológica, essa afirmação. Nenhuma realidade é assim mesmo. Toda a realidade está aí submetida à possibilidade de nossa intervenção nela.”

Numa das suas últimas alocuções, Freire disse querer ser recordado como um ser humano que amou a vida. E o seu exemplo frutificou. Nos idos de vinte, Rubem, Darcy, Freire e outros insignes mestres (finalmente!) regressavam do exílio. Rompiam o silenciar da sua memória, para (finalmente!) inspirar e fertilizar novas práticas. Como fênix renascida, a “Escola Pública” sonhada pelos mestres de antanho virava realidade pujante.

Amor, esperança, autonomia, emancipação, coragem, eram palavras recorrentes no discurso freiriano, transmutadas numa coerente praxeologia. Omnia vincit, como afirmaria Aldous Huxley do Admirável Mundo Novo:

“O amor é a melhor política. A melhor, não só para os que são amados, mas também para quem ama. Pois o amor é um potencial de energia.”

 

Por: José Pacheco

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