Braga, 24 de abril de 2042
No Facebook de há vinte anos, se dava notícia de pequenos grandes passos de humanização, que eram dados em Mogi das Cruzes.
O amigo André memorava que tivera início o Projeto de Educação Integral. Regressado ao Grande ABC, consciente de que fizera o melhor possível, o André desejava que todas as crianças fossem bem-sucedidas em sua Jornada do Conhecimento. Aos Profissionais de Educação do Município reiterava a honra de ter trabalhado lado a lado com pessoas tão dedicadas.
O amigo Wander escrevia:
“Comunidades de Aprendizagem de Mogi das Cruzes, 7 de abril de 2022: Cerimônia de posse do Conselho Mirim na EM Professora Florisa Faustino Pinto.
Falar de protagonismo da criança virou modinha e todo mundo fala, mas dar espaço real para o protagonismo da criança, dar oportunidade para que elas falem, se posicionem e participem de decisões, isso é raro e muito precioso”.
Fraternas e auspiciosas notícias iam chegando de Mogi, de Maricá e de muitos outros lugares. Há vinte anos (finalmente!) chegava ao Brasil uma educação do século XXI.
Em Portugal, um movimento de renovação se esboçava. O amigo António, que até chegara a estar prestes a “soçobrar”, a desistir, tentava, mais uma vez, fazer-se ouvir.
“A escola do século XXI deve ser a escola da aprendizagem (profunda), das competências (para a vida) e da comunicação. A resposta a esta necessidade de transformação tem de brotar por dentro das escolas e das comunidades de que são parte integrante.
A escola pública, que continuamos a ter (mesmo com novos edifícios), é velha, cheira a bolor e está a estrebuchar de incapacidade em dar uma resposta eficaz às necessidades das crianças e dos jovens que a frequentam.
Chega de dizer (sempre e de cada vez que se tenta mudar alguma coisa) que o problema é de outros. A resposta tem de vir de cada um de nós (diretores de escola e professores, em primeiro lugar). Sem estes atores (educativos e não burocráticos) terem uma visão clara e determinada do que é necessário fazer, andaremos a navegar ao sabor das ondas, “surfando” aquela que permita continuar a “boiar” em cima da “prancha” e manter-nos num lugar que dá jeito ter (diretor de escola), ou que é necessário ocupar por uma questão de sobrevivência.
A mudança necessita de pessoas com visão de futuro, corajosas, determinadas e capazes. De facto, não basta sabermos muita coisa, termos muita informação. Informação não é Conhecimento. O saber, por si só, não altera nenhuma realidade. É fundamental termos consciência, ou seja, aplicar o conhecimento que construímos a partir da informação que temos.
Dito de outro modo, é urgente nas escolas uma nova práxis pedagógica (fundamentada na ciência e na lei) que substitua a racionalidade anterior, pois ela é, atualmente, muito irracional. É necessária uma práxis que faz da aprendizagem significativa e da autorregulação da aprendizagem com conteúdos (projetos) diversificados a nova dimensão da ação pedagógica dos professores e da aprendizagem dos alunos.
Para isso temos (ainda) de continuar a mudar muita coisa nas escolas: nos projetos educativos, no desenvolvimento curricular, nas (tristes) salas de aula, na ação pedagógica e na interação com a comunidade.
Essa mudança, para tornarmos a escola pública portuguesa num espaço educativo de felicidade e de verdadeira aprendizagem, começa em cada um de nós, no seio de uma equipa educativa”.
Pois, até já Gandhi o dissera:
“Quando um homem muda a sua própria natureza, a atitude do mundo muda para ele. Este é o mistério divino supremo. Não precisamos esperar para ver o que os outros fazem.”
Por: José Pacheco
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