Novas Histórias do Tempo da Velha Escola (MCXLIII)

Caraíva, 11 de fevereiro de 2043

Queridos netos, recordais-vos, certamente, de vos falado das crises profissionais por que o vosso avô passou. Pois bem! Delas saí renovado. Depois de resolver a crise moral da década de setenta, adentrei uma crise ética que só admitia duas saídas: ou aprendia a ensinar de modo que todos aprendessem, ou iria embora da profissão.

Nos idos de vinte e dois, quando já levava mais de meio século de desgaste e de assistir à destruição de projetos e de educadores idealistas, uma secretária de educação consciente dos malefícios do velho “sistema de ensinagem” pediu-me que criasse uma rede de comunidades de aprendizagem. 

Reunimos crianças e adultos num protótipo de comunidade e aprendemos a viver numa casa comum. Usando de compaixão, de perdão e gentileza, conseguimos sobreviver. E, no dezembro de dois mil e vinte e dois, foi instituído o Grupo de Trabalho (GT) “Educação Integral em Comunidades de Aprendizagens”. 

Uma secretária havia tomado uma decisão ética. Uma secretaria inaugurava um longo processo de humanização. 

Esse GT tinha por finalidade “elaborar propostas de diretrizes de política pública para implantação e implementação de Comunidades de Aprendizagens na Rede Pública Municipal”.

Competia ao GT (transcrevo excertos desse documento): 

Desenvolver análise técnica para viabilizar a implantação e implementação de comunidades de aprendizagem;

Realizar estudos de experiências e fundamentos científicos, para subsidiar a implantação e implementação de comunidades de aprendizagem; 

Contribuir para a reconfiguração da prática educativa; 

Desenvolver a elaboração e ou adequação de normativas;

Elaborar indicadores de transformação e de melhoria da qualidade da educação;

Acompanhar e avaliar resultados da implantação e implementação de comunidades de aprendizagem; 

Avaliar e viabilizar a sustentabilidade da proposta de implantação de comunidades de aprendizagem; 

Propor diretrizes de políticas públicas; 

Propor e elaborar programas, projetos, normativas, diretrizes específicas e orientações; 

Propor parâmetros de arquitetura e mobiliários adequados à implantação e implementação de comunidades de aprendizagem; 

Promover articulação, junto aos demais setores da SE e outras instâncias para efetivação de políticas públicas, programas, projetos; 

Propor ações e estratégias orçamentárias e financeiras; 

Propor e articular estratégias educacionais voltadas ao desenvolvimento de pesquisas, estudos e experiências, que possam subsidiar o trabalho nas unidades escolares que desenvolvem programas e / ou projetos relacionados a educação integral em CA; 

Desenvolver outras atividades, que lhe forem atribuídas em sua área de atuação.” 

Tudo isso em estreita colaboração com a Secretaria de Educação. algo inédito e, por isso, inovador.

No período experimental de 2023, começaríamos a formação dos professores de “turmas-pilotos”. 

Como formando, formador inicial e continuada, como consultor e avaliador de ações de formação, como diretor de centro de formação e de aperfeiçoamento de práticas, em congressos, seminários, e até no quadro de uma pesquisa de mestrado, já participara em centenas de ações de formação. 

Possuía algum conhecimento de causa, o que me permitiu conceber um protótipo de uma nova construção social de aprendizagem – uma escola-comunidade – que seria referência de reelaboração da cultura pessoal e profissional dos professores. 

Estavam criadas as condições mínimas para, dialeticamente, partir do FAZER, para refletir e refazer.

 

Por: José Pacheco

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