Novas Histórias do Tempo da Velha Escola (MCCLXXV)

Santiago do Escoural, 24 de junho de 2043

Já havia participado em muitos projetos com as caraterísticas da Ponte e do Âncora. A Escola Aberta de São Paulo já garantia a todos os seus alunos o direito à educação. Enquanto isso, em Portugal, ainda havia professores agarrados a velhas e excludentes práticas. 

No junho de vinte e três, ainda havia diretores de  agrupamentos de escolas que inventavam pretextos para manter o status quo:

“Tenho que consultar o pedagógico.”

“Temos que pedir à Dgest.”

Era evidente que nada disso seria preciso fazer. Eram pretextos usados para adiar o cumprimento do projeto da escola (as práticas contrariavam o projeto escrito…), inviabilizar melhorias já comprovadas nas avaliações de outros projetos. 

Entre os anos de 2023 e 2024, redes de comunidades de aprendizagem surgiram, nas duas margens do Atlântico assentes na lei e cientificamente fundamentadas. Durante muitos anos, recorrendo à análise documental, à observação, a entrevistas e registos de encontros informais, esboçáramos um “ponto de situação” da educação. Reconhecendo a necessidade de validação dos dados obtidos, questionamos conclusões, testando-as em processos de mudança e inovação. 

Contemplando indicadores tradicionais e tendo por referência projetos de reconhecida excelência académica e inclusão social, elaboramos uma proposta de intervenção, para implementação de uma educação integral, humanizadora.

Se a manutenção de “centros de estudo” e de “explicações”, o elevado índice de reprovação e os “planos de recuperação”, eram algumas das evidências da falência do modelo instrucionista, por que se deveria adiar transformações?

Já vos tinha falado daquilo que era suposto que, nos círculos de aprendizagem, os jovens do núcleo de Iniciação aprendessem. Desta feita, não escapareis a mais um exercício de didática mínima. Em breves linhas, vos mostrarei o que esperávamos que os jovens aprendessem no núcleo de Desenvolvimento.

Aprendia-se através da reconstrução da experiência. Também se aprendia por associação. E nunca se aprendia uma coisa só. Toda a aprendizagem deveria ser integrada à vida, isto é, adquirida numa experiência real de vida

No núcleo de Desenvolvimento eram trabalhadas competências nas dimensões Linguística, Identitária, Naturalista, Lógico-matemática, Artística e Educação Físico-Motora. 

O jovem aprendia a compreender as suas responsabilidades e a ajudar a cumpri-las, em equipe. 

Mantinha uma boa relação com os outros jovens, aceitava e prestava ajuda, sempre que solicitado. 

Era persistente e revelava concentração no desempenho de tarefas, ultrapassando dificuldades. 

Tomava iniciativas adequadas às situações, sem intervenção alheia. 

Revelava segurança na execução das tarefas a seu cargo. 

Participava com criatividade e ativamente nas atividades realizadas pela escola. 

Aprendia a escutar, a intervir e a fundamentar. 

Aprendia a elaborar, desenvolver e atualizar planificações individuais, explicitando as suas intenções. 

Tornava-se capaz de extrair informações de materiais de pesquisa, de as trabalhar criticamente, de construir conhecimento e de o divulgar, comunicar… partilhar. 

Praticava sociocracia, técnicas de resolução de conflitos, tomada de decisões e reconhecimento de diferentes pontos de vista. 

Mobilizava saberes, para compreender e transformar realidades. 

Na pesquisa, manifestava a utilização de processos complexos de pensamento (a seleção, a análise, a síntese, o senso crítico, a comparação, a avaliação, a comunicação)… autonomamente. 

 

Por: José Pacheco

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