Caraíva, 13 de julho de 2043
A Vida me fez amigo de extraordinários seres humanos. Entre eles, o Paulo, um empresário, que pretendia criar a “Escola Um de NÒS” e abrolhava filantropia em comunidades carentes.
Presentiou-me com um precioso texto. Consegui disponibilizar algumas horas do escasso tempo que me restava de quotidianos afazeres, para ler (e reler) relatos quase-autobiográficos. Agradeci, disse-lhe que, algum dia, lhe contaria uma estória que, quando terminava, só poderíamos ficar em silêncio. E o aconselhei a enviar para publicação a sua obra.
O texto do Paulo contrastava com o inundar a comunicação social com péssimas notícias:
“Diante da semana mais quente já registrada, a ONU soa o alerta mundial e aponta: “as mudanças climáticas estão fora de controle”. Na terça-feira, a média da temperatura no mundo foi de 17,18 graus Celsius, superando o índice do dia anterior, que já havia sido um recorde.
Ciclone põe em perigo maioria das cidades gaúchas e 1/4 das catarinenses. Municípios estão em alerta vermelho do Inmet para tempestade e/ou vendaval; no RS, aulas foram suspensas.
São Paulo terá frio, vento de 90 km/h e sensação térmica de 4ºC até sexta.”
O amigo Paulo encerrava o seu livro com uma lista de “perda de saberes”. Quero crer, ainda hoje, que se tratava de uma denúncia da cupidez humana, acumuladora de riqueza e de poder, depredadora de património. Com a devida vénia e manifestação de gratidão ao amigo Paulo, nesta e na cartinha de amanhã, dar-vos-ei a conhecer uma extensa lista de “SABERES PERDIDOS”.
Em VII ac: de acordo com o Tanach, o rei Joaquim de Juda,queimou trecho de um manuscrito que havia sido ditado pelo profeta Jeremias a Baruch ben Neriah De 213 a 26 A.C.: na dinastia Qin, livros que fossem contrários à ideologia legalista dominante foram queimados.
Em 48 A.C.: a biblioteca de Alexandria, que continha uma coleção de mais de nove mil manuscritos, foi queimada.
Em 326: no primeiro Concílio de Nicea. muitos livros e textos foram considerados apócrifos.
Em 367: o Bispo Atanásio de Alexandria enviou uma carta aos seus fieis, na qual pedia que monges egípcios destruíssem escritos inaceitáveis, com exceção daqueles listados por ele de “aceitáveis” e canônicos, lista essa que constitui o atual Novo Testamento.
Em 435: Cirilo de Alexandria, queimou todos os livros de Nestório.
Em 587: após sua conversão ao cristianismo, Recaredo I, rei dos visigodos, ordenou que todos os livros arianos fossem recolhidos e queimados.
1193: ano em que os Invasores turcos destruíram a biblioteca de Nalanda, importante acervo da filosofia budista.
Em 1204: A Biblioteca Imperial de Constantinopla foi destruída pelos cavaleiros cruzados.
De 1244 a 1258: queima dos manuscritos judaicos da biblioteca de Bagdá.
Em 1307: O rei Felipe induz o Papa a condenar os templários por heresia, e começa a caçada e a queima de livros.
Em 1439: de acordo com o Códice Florentino, Itzcoatl ordenou a queima de todos os documentos históricos e religiosos, alegando que “não era sábio que as pessoas conhecessem as pinturas”.
Em 1499: a Inquisição Espanhola queimou 5.000 manuscritos árabes, em Granada.
Em em 1562: o bispo Diego Landa tratou de incinerar a grande maioria da documentação escrita maia, por conta de sua origem pagã,.
em 1640: nas regiões regiões católicas na Alemanha, traduções da Bíblia de Lutero foram queimadas.
Em 1730: O Arcebispo de Salzburgo supervisionou a queima de todos os livros
Protestantes, que conseguiu encontrar.
É imenso o rol de saberes perdidos, resultante do intenso labor do amigo Paulo.
Amanhã, o retomaremos.
Por: José Pacheco
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