Novas Histórias do Tempo da Velha Escola (MCCCLVI)

Palhoça, 13 de setembro de 2043

Netos queridos, perguntastes porquê um glossário? Vo-lo direi.

A linguagem produz e reproduz cultura. Daí a necessidade de àquilo que é novo não se aplicar raciocínios dedutivos, bem como não se recorrer a expressões caraterísticas de uma cultura de escola obsoleta – para uma nova educação, uma nova nomenclatura. Nesta cartinha, vos envio alguns verbetes de uma nova construção social. 

Antropagogia – Na lógica da ensinagem, é utilizado o termo pedagogia, em referência à paidós grega, a criança conduzida pelo pedagogo; a palavra andragogia é usada no contexto da educação de adultos. Reflexo de uma racionalidade cartesiana, a segmentação da educação em grupos etários, ou designações específicas – educação formal, educação informal, educação do campo, educação em alternância, educação especial, educação ambiental, educação para a paz, educação democrática, educação para a cidadania, educação sociomoral, educação popular… – tende a ignorar que a educação é una e múltipla, e que a aprendizagem acontece desde o pré-natal até à morte. 

Na lógica da aprendizagem, a pessoa (criança, jovem, adulto), sujeito aprendente (o ser humano, o anthropos), em auto-transformação-com-outros, produz e partilha conhecimento. Poderemos recorrer ao termo Antropogogia para designar a ciência e a arte da aprendizagem.

Arquitetura Sustentável – Concepção de projeto que visa otimizar recursos de modo que a edificação produza o mínimo impacto socioambiental.

Avaliação formativa – Também referida como processual ou de desenvolvimento, ocorre ao longo do processo de aprendizagem. Concomitante com a aprendizagem, a avaliação formativa informa o mediador de aprendizagem do alcance dos objetivos almejados e permite efetuar ajustes no processo.

É a avaliação prevista na Lei, mas que a maioria das escolas não cumpre, pois aplica provas, testes e outros instrumentos falíveis , que quase nada provam, avaliam. E se confunde avaliar com classificar. Uma prova não é formativa, é excludente. Não é contínua, é periódica. Não é sistemática, porque incide numa parcela de currículo, numa disciplina…

Ciclo de transformação – Cada uma das três etapas de transformação: iniciação (aprender a conceber e a desenvolver projetos de mudança); transição (aprender o “como” da reconfiguração da prática escolar e o “como” do prototipar uma comunidade de aprendizagem); aprofundamento (aprender a aprender em comunidade).

Cidade Educadora – É a consideração da cidade como território educativo, no qual, em diferentes espaços e tempos, agentes educativos assumem uma intencionalidade educativa, garantindo a perenidade de processos de aprendizagem para além do prédio da escola.

Cuidador – Pessoa que assume o compromisso ético do cuidado e acompanha processos de aprendizagem, propicia meios de transformação da informação em conhecimento, participa da construção de projetos e da avaliação das aprendizagens, e aprende com sujeitos aprendizes.

Desenvolvimento Sustentável – Teia da qual defende nossa vida, projetada considerando a natureza. Pressupõe que o crescimento (ou uma humanização com referência a um “decrescimento”) benfazejo deve ser baseado nas energias renováveis, favorecer a comunidade local, ser crescimento qualitativo.

Design de Sistemas Sustentáveis – Pressupõe “envolvimento”, soluções sistêmicas, integrando as dimensões social, cultural, econômica e ecológica, com o objetivo de promover sustentabilidade na micro e na macro escala, isto é: uma boa qualidade de vida. 

 

Por: José Pacheco

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