Barra do Garças, 21 de dezembro de 2043
Netos queridos, nesta cartinha, completo as referências à Carta de Princípios dos Românticos Conspiradores. Nos idos de vinte e três, a dei a conhecer aqueles educadores que manifestaram a intenção de fazer de 2024 o ano da “virada educacional”. Eu sei que esta expressão vos poderá parecer estranha, mas o “brasileirismo” descrevia na perfeição aquilo que, no ano seguinte, aconteceria.
Há um quarto de século (como o tempo passa!), os RC juntavam uma adenda ao documento, que venho citando:
“Esta carta é produto do trabalho coletivo dos membros do núcleo RC-SP, realizado através de fórum virtual de discussões e reuniões presenciais durante os meses de agosto, setembro e outubro de 2008 e aprovada em assembleia, no dia 18/10/2008.
O processo de construção da carta está relatado em “Histórico do Núcleo RC-SP”, aqui. A versão desta carta com as assinaturas de adesão pode ser consultada em: http://rcsp.wikidot.com/carta-de-principios.”
Não sei se ainda podereis encontrar o documento nesse site da velhinha Internet, mas valerá a pena tentar, porque, se o achardes, ireis deparar com um extraordinário espólio, uma memória de projetos que precederam a “virada educacional” dos idos de vinte.
Então, aqui tendes o restante, o final da Carta de Princípios. Espero que vos faça bom proveito, que tenha sido útil, como o foi, vai para vinte anos.
“A educação só possibilitará à pessoa atuar efetivamente na transformação da sua realidade se proporcionar condições de autotransformação. Em outras palavras, é somente através da promoção de aprendizagens significativas que a educação contribuirá para a transformação humana e social.
EDUCAR NA DEMOCRACIA
A educação que prepara para a democracia deve dar-se através de práticas não-autoritárias, que permitam a ampla participação de educandos, dos educadores, das famílias e da comunidade. Só é possível uma educação “para” a ação cidadã se a educação for “pela” e “na” ação cidadã. As práticas educativas promotoras da liberdade, autonomia, respeito, responsabilidade, equidade e solidariedade devem estar associadas aos princípios anteriores para permitir que atinjamos o objetivo maior da autorresponsabilização social.
A autorresponsabilização social refere-se à conscientização de que os contextos sociais são responsabilidade de todos e de cada um, visando que as pessoas e comunidades tenham condição de se apropriar das suas realidades e transformá-las.
A este propósito, valerá a pena redefinir conceitos como os de educação democrática, não coercitiva, educomunicação.
EDUCAR COM DIGNIDADE
A dignidade específica do ofício do educador é derivada da dignidade reconhecida na pessoa do educando. O educador deve ser cônscio do seu importante papel como agente social, assumindo sua missão como tutor dos educandos e facilitador de suas aprendizagens, entendendo que a educação deve ser solidária e coletiva e a aprendizagem um processo de dupla-via – entre o educador-aprendente e educando-ensinante.
O tão almejado resgate da autoridade e a revalorização social e profissional do educador passam, necessariamente, pela reformulação das formações iniciais, pela reflexão e atualização permanente das práticas educativas e, principalmente, pela constante busca da coerência entre o fazer pedagógico e as necessidades educacionais dos educandos, suas comunidades e das sociedades em geral.”
Netos queridos, dei-vos a conhecer a obra dos RC, porque não é por acaso que, hoje, os vossos filhos têm a Escola que todas as crianças merecem.
Por: José Pacheco
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