Ipê, 20 de dezembro de 2043
Na senda de educadores que os antecederam os Românticos Conspiradores (nunca será demais os referir)” eram exemplos de coerência, generosidade e amor pela infância. Afirmavam que “assim como cada ser humano possui diferentes limites, possui também diversas potencialidades que poderão, ou não, ser desenvolvidas e expressas a partir das formações e transformações que ocorrem durante toda a vida.” E davam o mote das transformações:
“Para isso a educação deve ser um processo intencional, contínuo e transformador, que leve a integralidade e que repercuta durante toda a vida.”
Antecipavam em vinte anos aquilo que viria ser entretenimento de teóricos ociosos, como: transdisciplinaridade e educação integral. E o faziam numa práxis consistente:
“A educação integral é vista aqui como aquela que considera as diversas dimensões da experiência humana: sensorial, cognitiva, emocional, moral, ética, política, cultural, estética, artística etc.”
Vos deixo com mais alguns passos da sua Carta de Princípios. Nos idos de vinte e três a divulguei, para que as ARCAs tivessem fonte de inspiração para redigir a sua própria “carta”.
“EDUCAR EM SOLIDARIEDADE
A educação é um processo relacional, possuindo um caráter social que deve ser assumido nas práticas educativas. A solidariedade, mais do que um objetivo ético a ser atingido, é uma condição primordial para a realização do trabalho educativo. Portanto, este só se desenvolverá plenamente se considerar e incluir as diversas relações entre todos os atores envolvidos: educandos, educadores, gestores, famílias e comunidades. No caso da escola, é indispensável que abra suas portas à comunidade, a fim de constituir-se em pólo integrador e irradiador do saber e do esforço social pela educação, também cabe a escola incentivar a integração dos agentes e espaços comunitários a esse mesmo esforço.”
Completavam o enunciado deste princípio co a recomendação de estudos afins, sobre comunidade, docência compartilhada, metodologia de trabalho de projeto.
O terceiro dos princípios dos RC era o “EDUCAR NA DIVERSIDADE”.
“A educação deve contemplar a originalidade e a criatividade das pessoas, valorizando a diversidade humana em todos os seus aspetos: físicos, psicológicos, culturais, etc. As práticas educativas devem ser coerentes com o fato de que as pessoas aprendem melhor segundo seus interesses e motivações, em diferentes ritmos e de diferentes formas.
A noção de educação na diversidade, associada aos conceitos de integralidade e solidariedade, permite o reconhecimento tanto de nossas singularidades quanto das nossas igualdades, resultantes de nossas condições humanas e socioculturais. As diferenças, nesse contexto, devem ser consideradas como algo inerente ao ser humano, rompendo-se a lógica binária que nos fragmenta em “iguais” de um lado e “diferentes” de outro.”
Sugeriam desdobramentos reflexivos – sobre pedagogia da escuta, ensino não seriado, grupos multietários, educação para a paz, pedagogia da autonomia, educação multicultural, educação inclusiva – não deixando de sublinhar que o termo educação inclusiva era utilizado com ressalvas, “uma vez que seu uso só fazia sentido em um contexto excludente” (sic).
“EDUCAR NA REALIDADE
A educação deve servir para a melhora objetiva da realidade na qual ela ocorre, contribuindo para o chamado desenvolvimento local. Para tanto, ela deve ser contextualizada, integrada à vida dos educandos e de suas comunidades, aberta para a troca de experiências e conhecimentos.
(continua)
Por: José Pacheco
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