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Novas Histórias do Tempo da Velha Escola (CCXIII)

São Luís de Montes Belos, 9 de setembro de 2040

(continuação da cartinha anterior)

Recordar-vos-ei de ter dito que eu era novo naquela escola. Nascera na cidade grande e ali estava, numa pequena vila de província, numa escola que funcionava num pardieiro sem banheiro. Queria acreditar que os pais dos alunos eram pessoas inteligentes e se preocupavam com o bem-estar dos seus filhos. E lá fui até ao boteco…

Por uns cinco, dez minutos, aquele pai observou o inusitado forasteiro, observação participada pelos restantes clientes do boteco, nas breves tréguas de entusiasmo posto na sueca e na bisca lambida, até que o Quico apontou para mim e logo o pai o repreendeu:

“Filho, não se aponta, que é feio!”

E de mim se foi aproximando, insistindo com o filho:

“Quico, tens a certeza de que este senhor é mesmo o teu professor?”

“O senhor desculpe, mas o meu filho disse-me que o senhor é que é o professor dele. Não, não se incomode, não precisa de se levantar! É a primeira vez que encontro um professor, porque largo o turno das duas e, a essa hora, já os professores voltaram para casa. Só queria cumprimentá-lo e dizer-lhe que tenho muito gosto em o conhecer. Mas, não se ofenda se lhe disser que um boteco não é lugar para um professor…”

Convidei-o para se sentar, mas o pai do Quico retorquiu:

“Fazia muito gosto que viesse beber um copo a minha casa”.

Eu já tinha almoçado e tomado um cafezinho. Hesitei. Vinho, a esta hora? Eu, que ainda passara do suco para o vinho! Mas, senti que seria naquela hora, ou nunca mais. E lá fomos, pai e professor, com o Quico correndo mais adiante. De modo que, à chegada, já três “mochos” (banquinhos de três pernas) nos esperavam no quintal.

“Faça o favor de se sentar. É como se estivesse em sua casa! Eu já volto”.

Voltou com uma garrafa de um tinto carrascão e dois copos, que pousou no banquinho do meio.

Falamos do Quico, da necessidade de obras na escola, com o copo de tinto a agir como mediador cultural. O néctar (de se lhe tirar o chapéu!) aqueceu as entranhas e os espíritos naquela fresca tarde outonal. Ao cabo de duas horas de conversa e três garrafas vazias, as palavras saíam bem mais fluentes, mais amigas. Já não era um pai e um professor que ali estavam. Eram dois homens a preparar o projeto de vida de outro homem.

Sabemos que, entre a escola e a família, nem sempre foi fácil estabelecer laços. Contudo, algumas situações, vividas no dia a dia de uma escola reinventada, provaram ser possível comunicar.

Quarenta anos se passaram sobre esse encontro. Numa visita ao novo prédio da Escola da Ponte, uma criança perguntou:

“O senhor quer que eu lhe mostre a nossa escola?”

A Dona Helena interpelou a criança:

“Tu não sabes que  é este senhor? É o Professor Zé!”

“Ah! – exclamou a criança – Foi professor do meu avô!”

Encontrei o seu visavô e retomamos a conversa interrompida.

“Olha, amigo Zé, devo fazer uma confissão. Quando, há quarenta anos, tu estendias as fraldas do teu filho, na varanda da tua casa, vestido de avental, não ouvias pessoas a chamar-te viado? Confesso que eu era uma dessas pessoas e peço-te desculpa. Quando ias pela rua, abraçado à tua mulher, eu também gritava: “Ó boiola, tira a mão da mocinha!” Tu não sabias, mas os homens desta terra só saíam com a mulher ao domingo, para ia à missa. E, na calçada, os homens iam na frente e as mulheres iam mais atrás. Eu era um daqules que te xingava, confesso.”

“O que queres dizer com isso, meu amigo?”

O meu amigo abriu um sorriso maroto no seu enrugado rosto e assim falou:

“É que, agora, amigo e Professor Zé, eu estendo roupa e vou à missa abraçado à minha mulher. Não tenho vergonha disso e, também, já ninguém xinga.”

 

 

Por: José Pacheco

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Novas Histórias do Tempo da Velha Escola (CCXII)

Paulo Afonso, 8 de setembro de 2040

Quando a quarentena chegou, “caiu a ficha”, e a Milene deixou de dar aula. Nem presencial, nem online. Nesse setembro de há vinte anos, essa professora optou por construir projetos, a partir de curiosidades e necessidades manifestadas pelas crianças e pelas suas famílias. Se, antes, nunca conseguira ensinar tudo a todos, a Milene apercebia-se de que, no “novo modo”, todos os seus alunos aprendiam tudo aquilo que uma BNCC determinava que elas aprendessem.

Co-elaborava roteiros de estudo e acompanhava pesquisas, ajudando os alunos a selecionar informação, a analisá-la e a criticá-la. Neles desenvolvia processos complexos de pensamento: a capacidade de análise, a comparação entre diferentes informações, a elaboração de sínteses – as crianças aprendiam a pensar sobre o pensar. E, a par do desenvolvimento da metacognição, uma nova avaliação: escutando as comunicações dos seus alunos, reunia “evidências de aprendizagem”, que remetiam a prova para o baú das velharias. Até ao dia em que um pai se manifestou, dizendo que a sua filha queria que a Milene voltasse a dar aula. A menina “estava cansada de pensar e preferia ouvir aula” (sic).

O Piaget dizia que a única área em que todo mundo se considera especialista é a… educação. Nenhum pai ousaria discordar do tratamento dado à sua filha por um pediatra. Ninguém poria em causa o diagnostico de um psicólogo. Mas, pensando bem… se um pai engenheiro se atrevia a ordenar a uma professora que desse aula, por que razão a professora não poderia fazer o projeto de uma casa? Se um qualquer cirurgião se sentia no direito de dizer como um professor deveria trabalhar, eu me sentia no direito de fazer operações cirúrgicas. Por que não?

Certo dia, assim me dirigi à minha diretora:

“Por que será que os pais se comportam desse modo? Por que não conversamos com eles?”

Obtive como resposta alguns sorrisos condescendentes e um conselho:

“Os pais, quanto mais longe, melhor! Não queira arranjar problemas e vá por mim, que já cá ando há mais tempo. Deixe os pais em paz! Quando vêm à escola é só para bater nos professores. Fique sabendo que a professora que você veio substituir teve um braço partido, por via de uma porrada que um pai lhe arreou”.

Não me dei por convencido. Insisti:

“Por que será que os pais não vêm à escola? Se vão à igreja, ao estádio, ao boteco, por que não vêm à escola?”

“Se quer saber… vá ao boteco!” – ripostou a diretora.

Eu fui. Findo o curso duplo da manhã de segunda-feira, me instalei na tasca da Maria Morcega. Enquanto almoçava na mesa do canto, ia deitando um rabinho de olho à freguesia. Decerto que algum dos inacessíveis pais andaria algures por ali.

O Quico entrou na tasca abraçado a uma garrafa e pôs-se em bicos de pés, rente ao balcão:

“Miquinhas, meio quartilho do tinto, faz favor. É para assentar”.

Só à saída se apercebeu da presença do seu novo professor. Corou, sorriu, abalou a dar a notícia ao pai. Coisa nunca vista por ali! Enquanto engolia a água de unto e o feijão com linguiça, o pai insistia com ele:

“Tu tens mesmo a certeza de que era o teu professor? E ele está na tasca da Maria Morcega?”

Concluído o breve repasto, movido pela curiosidade, o pai do Quico dirigiu-se à tasca. Mandou vir um “negus traçado”, para cortar a gordura da linguiça e se quedou a fitar-me. O meu estrábico olhar observa-o sem que ele suspeitasse de que o estava a observar. A certa altura, o Quico colou-se às pernas do pai e, discretamente, apontou o dedo na minha direção.

Como esta cartinha já vai longa, na cartinha de amanhã, vos direi o que aconteceu.

Por: José Pacheco

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Novas Histórias do Tempo da Velha Escola (CCXI)

Catulé, 7 de setembro de 2040

Nos anos vinte, o Brasil era um país pródigo em feriados e dias santos. Havia o “Dia da Oficialização da Letra do Hino Nacional”, o “Dia de São Zacarias”, o “Dia do Alfaiate”, o e até o “Dia do Sexo”. Todos eles celebrados em 6 de setembro. E, ontem, quando passava junto à margem de um riacho da Zona Sul de São Paulo, me lembrei de que, hoje, se comemoraria a “Independência do Brasil”. Terá sido junto às margens de um Ipiranga ainda não poluído que um Pedro soltou o grito de revolta, que desfez a umbilical dependência de sua mãe e fez nascer uma nação.

Sessenta anos mais tarde, o fundador da Congregação dos Salesianos profetizou a construção de uma nova capital para um país tropical. Diz-se, também, que tudo começara com um sonho:

“Entre os graus 15 e 20 havia uma enseada bastante longa e bastante larga, que partia de um ponto onde se formava um lago. Disse então uma voz repetidamente: Quando se vierem a escavar as minas escondidas no meio destes montes, aparecerá aqui a terra prometida, de onde jorrará leite e mel. Será uma riqueza inconcebível”

Em agosto de 1883, Dom Bosco sonhou que andava em peregrinação por terras da América do Sul. Oniricamente, chegou à região entre os paralelos 15° e 20° e vislumbrou um lugar, supostamente no Planalto Central brasileiro, exatamente no intervalo de coordenadas geográficas sonhadas, junto ao Lago Paranoá. Nesse lugar seria fundada a cidade de Brasília. E, no Paranoá seria criada a primeira escola com a designação de comunidade: a Comunidade de Aprendizagem do Paranoá, mais conhecida por CAP.

Nessa escola e por todo o Distrito Federal, utópicos “candangos da educação” aprendiam a ajudar a aprender, seguindo o exemplo emancipador do Pedro e a utopia de Dom Bosco, substituindo uma obsoleta escola “anglo- prussiana” por uma nova escola, a que poderíamos chamar “luso-brasileira”.

No WhatsApp daquele tempo, a minha amiga Edeny escreveu:

“Um aluno quis saber por que razão 19 de abril era o “Dia do Índio”. Me veio com essa… e eu não sabia. Mas, construtivista que sou, pronta a aprender junto e sempre, saímos a pesquisar e encontramos a resposta. Hoje, foi o meu amigo José que me trouxe a explicação da campanha “setembro amarelo”. É bom saber o porquê da data e o porquê da cor da campanha”.

Construtivista, como declarava ser, a Edeny se conservava na idade dos porquês. Ficou sabendo que setembro era o mês de prevenção do suicídio no Brasil e por que fora escolhido o amarelo para o representar.

Em 1994, um jovem de 17 anos se matou dentro de seu Ford Mustang… amarelo. Esse adolescente cometeu suicídio por não saber pedir ajuda. Durante o enterro, os pais distribuíram cartões com fitas amarelas para todos os presentes, onde estava escrita a frase “Se você está pensando em suicídio, entregue este cartão a alguém e peça ajuda!”.

O jovem suicida estava sozinho, tal como a criança, de que vos falei em outra cartinha e que se suicidou com veneno de escaravelho. Face a essa tragédia, procuramos identificar os motivos pelos quais uma criança pudesse pôr fim à vida. Descobrinos que, nas escolas de professor solitário em sala de aula, a solidão dos professores era da mesma natureza da solidão dos seus alunos.

As escolas eram arquipélagos de solidões. Urgia eliminar insularidades, para salvar vidas. Criamos dispositivos como o “Tutor”, a “Caixa dos Segredos” e o “Preciso de Ajuda”, que abreviaram e extinguiram situações de discreto sofrimento.

Como já vos disse, ao instituirmos canais de comunicação, alteramos o grito do Pedro, às margens do Ipiranga, para… “Interdependência, ou Morte”.

Por: José Pacheco

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Novas Histórias do Tempo da Velha Escola (CCX)

Candangolândia, 6 de setembro de 2040

Ainda há quem me pergunte por que escolhi Brasília para passar os últimos dias desta vida de inveterado viajeiro. Sinto que foi Brasília que me escolheu. O meu corpo percorreu as sete partidas do mundo, mas acabou em terras candangas, onde assisti ao nascimento de uma nova educação.

Estou de regresso a lugares percorridos nas minhas peregrinações, de há vinte anos, pelas escolas do Distrito Federal. E evoco a saga de um Agostinho brasiliense, que partiu de Brasília para Portugal, quando a ditadura destruiu o projeto da faculdade sonhada para Brasília. Apenas pode criar um Instituto de Letras na universidade que Darcy sonhara.

No meu livrinho “Aprender em Comunidade”, evocando um “núcleo de projeto”, constituído por Darcy, Anísio e Agostinho, escrevi: “Assumindo as contradições da época em que viveste, defendias a aplicação do conhecimento científico na educação, mas consideravas ser a educação uma arte, algo mais complexo do que uma ciência”. Há 22 anos, a convite da Cátedra Agostinho da Silva, participei na celebração dos 55 anos do Instituto de Letras. Na sua alocução, a Rozana citou esse excerto do livrinho, para realçar o espírito de colaboração e diversidade:

“Somos diversos. Meu muito obrigada a todos e todas, os que construíram e construímos, diariamente o Instituto de Letras”.

Evocando Agostinho, a Lúcia assim falou:

“É com grande esperança que vamos continuar. Quem sabe essa é a transformação da educação?”

Efetivamente, era o reinício da transformação sonhada por Agostinho, concretizada por um punhado de educadores brasilienses, herdeiros de mestres como a Lucinéia, que laborava na UnB desde 1977, no tempo em que instituto ainda tinha a designação de Instituto de Expressão e Comunicação.

No ato de entrega de uma placa comemorativa à servidora Lucinéia, a diretora do instituto “quebrou o protocolo”, abraçando-a e dizendo

“Todos construímos o Instituto de Letras, que temos hoje. Todos”.

Isso mesmo! Como diria o Brecht “A grande Roma está cheia de arcos de triunfo. Quem os ergueu?” Do simples candango ao Mestre Agostinho, o Instituto fora obra de um coletivo, projetos humanos são atos coletivos.

Para fazer uma universidade, Agostinho veio de Portugal para Brasília. Outros vieram de mais perto. Como o candango Antônio, migrante do município Senhora dos Remédios de Minas Gerais.  Agostinho faleceu em finais do século passado. António partiu em 2020. O pioneiro assim era lembrado pela companheira, que com ele viveu por 64 anos:

Viemos em 1958 para o lugar onde Brasília nasceu. O António sempre foi muito trabalhador. A nossa vida foi de muita luta, mas muito feliz. Naquela época, tudo em Brasília era difícil. Eu comecei a vender cafezinho e cigarro para o pessoal que trabalhava aqui”.

Não sei se o António participou na construção da UnB, mas sei que Agostinho partilhou com os candangos um dos barracões onde dormiam os trabalhadores. Certo dia, o Darcy entrou no barracão e entregou um envelope ao Agostinho:

“Aqui está o teu primeiro salário, meu amigo!”.

Agostinho voltou-se para os candangos, que por ali estavam, e perguntou:

“Alguém precisa deste dinheiro?”

Vários trabalhadores passavam por dificuldades e alguns até disseram passar fome. Agostinho abriu o envelope, retirou as notas e as distribuiu pelos candangos.

Esse Mestre assumia uma ética da renúncia. Nunca teve cpf, ou conta bancária. Vivia como o seu sistema de valores lhe impunha que vivesse. Foi fiel aos seus princípios: ”O homem não nasceu para trabalhar, mas para criar” e “A vida deve ser gratuita”.

Por: José Pacheco

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Novas Histórias do Tempo da Velha Escola (CCX)

Uruana de Minas, 5 de setembro de 2040

No início de setembro, talvez reagindo a manifestações de familiares de alunos de escolas particulares, desgovernantes propunham o “regresso às aulas”. Talvez também estivessem reagindo aos resultados de enquetes e temessem perder votos no processo eleitoral, que se aproximava. “Alertavam” para riscos de um confinamento prolongado e, mancomunados com empresas e fundações, apelavam a que “as escolas não ficassem fechadas para sempre”. Quanta hipocrisia!

O regresso a aglomerações humanas num prédio chamado “escola” era algo prematuro. Não havia condições objetivas de um “regresso” em segurança. Com o aumento de casos de covid-19, até os Estados Unidos do Trump reavaliavam a possibilidade do regresso às aulas presenciais, no curto prazo. E governantes conscientes admitiam o adiamento do retorno:

“Precisamos assumir que não temos condições de retornar às aulas em 2020”.

Se o regresso *a escola” era imprudente, precipitado, o “regresso às aulas” anunciava-se temerário e até mesmo criminoso. Se numa aula nada se aprendia de útil, por que “regressar às aulas”?

Entretanto, este vosso avô acompanhava o excelente labor de educadores que, durante a pandemia, não perderam o contato com os seus alunos e que jamais “regressariam à sala de aula”. Preciso falar-vos desses educadores “utópicos”, caluniados, perseguidos, ignorados, ou remetidos para compulsivas solidões. Quero dar a palavra a uma Liliana, generosa professora, que resistiu aos convites do fácil e do cómodo e que representava milhares de “utópicos” desse tempo:

“As incertezas, as dúvidas e as lágrimas ainda me perseguem. Os dias passam de uma forma alucinante e sinto-me cada vez mais infeliz. Chego mesmo a duvidar se esta será a minha vocação. Sinto-me tão insegura que na escola aparento ser mais uma “professora” (daquelas que eu tanto criticava). Às vezes, não sei o que fazer: não quero continuar assim, mas também não sei como alcançar a escola dos meus sonhos. Mas não se preocupe, não serei daquelas professoras que lhe provocam pesadelos. O que me irrita profundamente é saber que não estou a agir da melhor forma. E não consigo fazer nada para o evitar. Bem, acho que ter consciência é “meio caminho andado”. Para alcançar o sonho, basta-me ser forte, escutar o meu coração e sobretudo o coração dos meus meninos, não é? Obrigada por receber este desabafo. Espero que o próximo seja mais sorridente!”

Só mais um “utópico” depoimento:

“Sei que é uma pessoa ocupada. Apenas lhe escrevo como desabafo, tal como escreve as suas histórias. Não sei se, quando me conheceu, achou que eu seria uma boa dadora de aulas ou uma aspirante a professora. A verdade é que cada palavra das suas histórias me faz chorar. Não consigo fazer as minhas crianças felizes, não estou feliz com a professora que sou e não sei o que fazer. Professor, a realidade aqui é tão feia. Me sinto sufocada. Mas, graças às suas histórias e juntamente com as lágrimas, surge a esperança e a vontade de fazer e ser melhor.”

Suspendo as citações para concluir esta cartinha com um registro que um primaveril e auspicioso setembro me suscitou. No setembro de há vinte anos, muitos “utópicos” educadores se organizaram numa solidária rede: a “Rede das Comunidades de Aprendizagem”. A obsoleta escola “anglo prussiana” começava a dar lugar a uma nova escola, a que poderíamos chamar “luso-brasileira”. No Distrito Federal, utópicos “candangos da educação” começavam a dar forma à profecia de Dom Bosco: ”Aparecerá, aqui, a terra prometida, de onde jorrará leite e mel”.

 

Por: José Pacheco

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Novas Histórias do Tempo da Velha Escola (CCIX)

Patos de Minas, 4 de setembro de 2040

Eram milhares e levavam para as suas escolas e comunidades inspiração suficiente para concretizar sonhos e se realizarem profissionalmente. Diziam: “Hoje, sinto-me quase feliz, à beira de voar sonhos novos. Medo não sinto. E até o inesperado me fascina. É um sentimento forte e, ao mesmo tempo, leve e doce”. Porém, se, ao deixar a Ponte, esses educadores se sentiam acompanhados, quando “regressavam às aulas”, eram condenados a ficar sozinhos.

A mesma solidão sentimos na Ponte, quando compusemos um núcleo de projeto e ousamos questionar o instituído. Pretendíamos trabalhar em equipe, mas a direção da escola não permitia. Os projetos humanos são produtos de coletivos e perguntávamos por que razão deveríamos voltar para a solidão da sala de aula. Velada ou explicitamente, o inspetor ameaçava:

“Porque eu mando. Porque sou vosso superior hierárquico!”

Quando esboçávamos algo diferente, as famílias manifestavam agrado, ao ver que os seus filhos aprendiam bem mais e melhor do que ouvindo aula. De imediato, a maldade sobre nós caía, e os encontros do núcleo de projeto eram acompanhados por lamentos e choro:

“Zé, é melhor desistir! Acabemos com isto. Não suporto mais. Vê lá que uma mãe me veio perguntar se tu eras pedófilo. Imagina! Foi um professor de outra escola quem lançou esse boato. Ainda bem que essa mãe veio perguntar! Mas… e aquelas que acreditam nas mentiras, que andam a espalhar por aí?”

As professoras com quem fundei o núcleo de projeto da Escola da Ponte sofriam os efeitos da sua ousadia. Muitas vezes, tive de apelar para que não desistissem, para que continuássemos juntos. Trágica sina a de um sistema que não merecia os excelentes professores de que dispunha, os mais generosos, e que permitisse que os raros focos de mudança se apagassem. Recebia mensagens de professores que se recusavam a deixar de o ser e resistiam a “ser como todos os outros”. Uma visitante da Ponte enviou-me uma carta (naquele tempo, só se comunicava por carta e telefone fixo):

“A angustia que sinto dentro de mim atinge-me de uma forma cortante. Comecei a pôr tudo em causa e, agora, tenho andado a pensar que talvez os meus colegas tenham razão. A diretora da escola me persegue e ameaça. Penso se as pedagogias não foram apenas um refugio a que eu tive de recorrer, para viver uma realidade que não suportava. Gostaria de transformar o que os meus olhos viram na Escola da Ponte. Dê-me essa oportunidade!”

Demos-lhe a oportunidade. Dissemos-lhe para agir como nós agíamos, para criar um núcleo de projeto, para exigir que as ameaças dos superiores hierárquicos fossem feitas por escrito. E que… desobedecessem! Como diriam os gurus da não-violência, leis injustas não deverão ser acatadas.

As equipes de projeto deveriam aprender a desobedecer, porque a maioria dos diretores tinham herdado uma cultura feita de autoritarismo. E porque a maior parte dos normativos que regiam o funcionamento das escolas eram desvarios instrucionistas.

Falar-vos-ei deste e de outros obstáculos à mudança. Longe ia o tempo de seres solitários, providenciais e insubstituíveis os derrubarem. Deveríamos evitar gerar dependência em outrem, para que não nos tornássemos (supostamente) “imprescindíveis”. Era preciso aprender a desaparecer, a fomentar autonomia. Nos projetos humanos em que participávamos, o exercício da autonomia não pressupunha independência, mas interdependência. Se, em 2020, o Pedro voltasse às margens do Ipiranga, não gritaria “Independência, ou morte”. Diria: Interdependência… ou morte!

 

 

Por: José Pacheco

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Novas Histórias do Tempo da Velha Escola (CCVIII)

Nova Mutum, 3 de setembro de 2040

Há muitos anos, quando ouvia alguém referir-se com desdém a uma qualquer escola ou a classificar um qualquer professor de “lírico” ou de “lunático” (só para referir as mais gentis e eufemísticas classificações), eu inquiria, discretamente e sem manifestar excessiva curiosidade (para não levantar suspeitas), de que escola ou professor se tratava.

Recolhida uma das informações, logo preparei a viagem. Ávido de prodígios, pesquisador de almas inquietas, fui em demanda da professora Lúcia e da sua tão comentada escola escondida num vale de Trás-os-Montes. Depois de muitas voltas por estreitas estradas, estava quase decidido a voltar para trás, quando deparei com uma placa indicando a proximidade da aldeia. Segui por um caminho de terra onde mal passava um carro. O receio de encontrar alguma viatura em sentido contrário foi-se esvaindo, talvez por efeito do sossegado silêncio entre montanhas, pontuado pelo chilrear dos pássaros. Ia tão distraído que, no desfazer de uma curva, quase choquei com uns cornos fora de mão.

“Ei! Ei, Bonita! Arreda!” – gritou uma velhinha, de aguilhão em punho, empurrando a vaca para o rego de água que bordejava o caminho.

Pedi desculpa pela perturbação gerada e perguntei à senhora se conhecia a escola da Lucia e se ainda ficava longe dali.

“Não senhor, meu senhor, é mesmo aqui pertinho. Não tem nada que enganar. O senhor vai por aqui abaixo, sempre, sempre, sempre neste correr. Quando der com a casa do meu filho, meta a descer para o lado esquerdo. A escola é logo ali à beirinha.”

Retomei a marcha com o pressentimento de me haver perdido, mas a desconfiança desvaneceu-se ao deparar com “a casa do filho”. Era a única, ao fundo daquele caminho. E lá estava a azinhaga – como dissera a velhinha – envolta numa latada, uma espécie de túnel, ao fundo do qual vi “a luz”: a escola!

Fui-me aproximando, devagarinho. A singela construção iluminava-se com o riso das crianças. E a gélida sala de aula amornava-se com o calor de gestos sábios, transbordando doce ternura. Lá estava a Lúcia, à conversa com um homem de rosto calcinado e rude, mãos calejadas, pés descalços e voz suave. Pedi e fui autorizado a escutar a conversa. Enquanto derramava saberes populares, o lavrador não largou as mãos da enxada e com ela se foi, depois de muito falar sobre o que creio ter identificado como “meteorologia e medicina popular”. A Lúcia e o lavrador conversavam sobre um… projeto.

Havia mais pedagogia naquele lugar ermo do que em todos os compêndios que eu já tinha lido. Em escassas horas, aprendi mais das crianças, dos pais e dos professores do que nos cursos de formação. Compreendi por que razão os auleiros recorriam a uma abundante adjetivação – “líricos”, “lunáticos”, “utópicos” e outros epítetos bem menos lisonjeiros… – quando se referiam a professores como a minha amiga Lúcia. E insisti numa incessante busca de razões para me manter na profissão que escolhera. Aos “utópicos” eu era devedor de quase tudo o que de professor pudesse ser.

Voltei da escolinha da minha amiga Lúcia com mais alento e vontade de não desistir. Voltei mais consciente do muito que teria de me melhorar e do quanto teria de aperfeiçoar a minha prática. Voltei à Escola da Ponte com uma “fé pedagógica” mais fortalecida. Porque, à semelhança dos magos que se deixaram guiar por uma estrela até uma claridade que rompia as trevas de uma gruta ou casebre, eu mantivera a crença de encontrar “a casa de um filho”, marco de referência de uma escola que irradiava uma luz perturbadora, por entre as trevas em que o sistema estava imerso.

 

 

 

Por: José Pacheco

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Novas Histórias do Tempo da Velha Escola (CCVII)

Tangará da Serra, 2 de setembro de 2040

Num espaço público, encontrei parte da explicação para a dificuldade de as escolas se emanciparem de práticas fósseis. Um professor de faculdade de pedagogia (presumo que o fosse) falava tão alto no celular, que isto escutei:

“Vou chegar à faculdade em cima da hora da aula. Poderás xerocar as páginas que os meus alunos de pedagogia vão ler hoje? Faz-me esse favor!”

Nos idos de noventa, uma instituição de ensino dito “superior” convidou-me para nela “dar aula”. Quem me convidou achou estranho que eu dissesse que não daria aula. E eu achava estranho que, numa instituição de formação de professores ainda houvesse alguém “dando aula”.

Nessa faculdade, escutei lamentos de uma aluna, a quem a orientadora de estágio dissera que ela nunca iria ser uma boa professora, porque… “falava muito baixinho”:

“As coisas estão muito complicadas. Os problemas que tive no estágio refletiram-se na média final do curso. Está muito complicado. A sensação de frustração e de incompetência é enorme. Arrependi-me de ter vindo para este curso e ainda hoje me pergunto se alguma vez serei professora”.

Essa jovem passou por uma profunda crise existencial. Queria ser uma professora “diderente”, mas acabou por desistir de ser o que queria ser.

No Brasil, universidades pagaram centenas de milhar de reais a norte-americanos, que “deram cursos” (deram aulas), para os professores “adotarem novos modelos de aula, adotarem novos tipos de aula, para que os alunos pudessem absorver melhor os conteúdos” (sic). Peremptório, um desses professores afirmava:

“Não dá para abandonar as aulas tradicionais de uma só vez”.

Pois não! Nem as “tradicionais”, nem as “modernas”. Nem de uma só vez, nem nunca! Esse douto personagem não conseguia perceber que, mesmo adjetivada de “invertida, ou híbrida”, aula era aula, dispositivo central de um modelo de escola, que condenava à ignorância milhões de brasileiros. Não seria já tempo de a universidade assumir a sua quota parte de responsabilidade nesse genocídio educacional? Se a universidade era produtora de ciência, não deveria abandonar práticas desprovidas de fundamento científico?

No Brasil, coordenei uma pesquisa, verificando que a modalidade “curso” era hegemônica no cardápio de uma “Escola de Aperfeiçoamento”. E que o impacto de dezenas de anos de realização desses cursos era, praticamente, nulo. A formação de professores se constituía em poderoso obstáculo, em nó górdio da mudança.

Durante a pandemia, a Internet ficou inundada de aulas. Havia quem vendesse cursos on-line   sobre “metodologias ativas”, “transtornos de aprendizagem” “gravação de videoaulas”, “estratégias didáticas”, “marketing educacional”, “estratégias para sala de aula” e outras milagrosas soluções para os males do sistema, com direito a… “certificado digital”. Marginalmente, formadores “radicais” arriscavam divulgar a obra de Freire. Mas, como se tratava de freirianos não-praticantes, eram frequentes comentários deste tipo:

“É tudo teoria! Vê-se bem que esses doutores nunca puseram os pés no chão da escola!”

Voltando ao Portugal dos idos de noventa: os centros de formação eram sorvedouros de recursos disponibilizados pelo fundo social europeu, fortunas eram delapidadas em cursos e outras modalidades formativas de inútil ensinagem. Numa entrevista, perguntaram por que razão a Associação PROF deixara de fazer formação financiada e com direito a certificado. Respondemos que não queríamos ser coniventes com uma grande mentira construída sobre milhões de euros.

 

 

 

Por: José Pacheco

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Novas Histórias do Tempo da Velha Escola (CCV)

Itabirito,  31 de agosto de 2040

Noticiários de agosto abriam com uma boa e uma má notícia. Diziam-nos que a letalidade do vírus era menor entre os jovens, mas que estes tinham sido as maiores vítimas colaterais da Covid-19.

A pandemia teve um impacto profundo e desproporcional sobre os jovens, exacerbando desigualdades. E, entre os jovens de menores recursos, subsistia ainda o risco de se desperdiçar o “potencial de uma geração inteira”. Embora a maioria, entre os de alta renda, pudessem acompanhar videoconferências, apenas um quinto dos jovens de baixa renda puderam acessar aulas online.

Havia algo que as notícias, não referiam. A pandemia mostrara que escola não era um prédio, que escolas sempre foram… pessoas. E que, em situação de “isolamento social” essas pessoas não logravam comunicar-se.

Quer as aulas presenciais, quer as remotas, eram virtuais – virtual era algo existente apenas em potência, não como realidade ou com efeito real – e, através delas, nada se aprendia. Para quem ousasse ver “claramente visto”, o vírus escancarava uma evidência: com acesso ou sem acesso à Internet, todos os jovens – de alta ou de baixa renda – tinham sido prejudicados. E continuariam a ser prejudicados, porque o senso comum prevalecia e muita gente clamava pelo “regresso à aulas”.

Durante a pandemia, aprendizes de feiticeiro da educação vendiam soluções milagrosas para o retorno às aulas, produtos bem embalados num marketing perfeito. Centenas de empresas propagandeavam o regresso à mesmice em suporte digital:

“Passando aqui para dizer que hoje é o último dia para você assistir a palestra completa sobre o plano para volta às aulas. 5.525 gestores escolares já assistiram ao conteúdo da professora no Youtube”.

A virtualidade das aulas prevalecia sobre o bom senso daqueles que não “regresaram às aulas”, que partiram para uma nova escola. Éramos o alvo preferencial de maldizentes. Mas, se não nos era possivel conter a sanha destrutiva, ninguém poderia impedir-nos de construir alternativas.

Nos idos de setenta, também a Ponte se constitui em incomodo para os bem pensantes e fator de perturbação dos acomodados. Neste século, houve acalmia. O projeto passou a ser inofensivo, mero objeto de turismo educacional. Já quase nada incomodava os acomodados. Porém, há uns vinte anos, os ataques pessoais recrudesceram.

As minhas cartinhas, alertando para os malefícios da aula, faziam mossa nas hostes conservadoras. Os irritados reagiram, desde ameaças via e-mail a fake news em redes sociais. E não tardou que alguns acadêmicos também reagissem, dizendo-se “defensores da escola pública”. Além de contribuições teóricas, expostas em livros e palestras, não conseguimos perceber como eles a defendiam. Acusavam-nos de “dizer mal” dos professores, quando o que nós fazíamos era defendê-los. Não só na teoria, mas na prática!

Lidávamos com egos poderosos de doutores auleiros. Disse ao amigo Pedro que não perderia mais tempo em altercações com acadêmicos bem pensantes e bem falantes. Mas, para viabilizar um diálogo fraterno, outro amigo dispôs-se a apagar um oportuno comentário feito no WhasApp.

Outro amigo respondeu:

“Não apague! Faz parte do processo de busca de entendimento. O importante é estarmos abertos ao diálogo, a partir de uma ética e de um projeto humanizador, não é mesmo?”

Estava certo esse amigo. Mas, cadê o diálogo? Cadê o projeto humanizador?

Talvez a ética devesse assemelhar-se a uma reta: a menor distância entre os pontos A e B, onde A é o Ideal e B, a Ação. Isto é: deveríamos tolerar a incoerência entre o bem pensar e o mal fazer?

 

 

Por: José Pacheco

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Novas Histórias do Tempo da Velha Escola (CCVI)

Campos Belos, 1 de setembro de 2040

A cartinha do dia 30, terminava com recado de despedida deixado na Ponte por um visitante: “Medo não sinto, porque não parto sozinho”. Porém, no “regresso às aulas”, esses sonhadores raramente concretizavam o projeto sonhado, pois se confrontavam com o primeiro dos obstáculos à mudança: a cultura profissional dos professores.

Quando jovem, trabalhei numa escola dos cafundós de Portugal, aldeia rural, onde ainda não tinha chegado a energia elétrica. Quarenta jovens almas para cuidar, dentro de um barracão de chão de terra colado a uma corte de gado. Um frio de zero graus penetrava pelos buracos da porta e, tiritando, nos encolhíamos junto a uma improvisada lareira feita de gravetos, que as crianças apanhavam pelo caminho.

Sempre que o sol aparecia, se cumpria o preceito do Comenius: não levávamos a árvore para a escola; levávamos a escola para debaixo da árvore. Não tardou que a comunidade se apercebesse de que os seus filhos aprendiam tudo o que, antes, não lhes tinha sido ensinado. E que aprendiam a ser.

Em seis horas diárias, fazia um vaivém entre a minha casa e a escola. Apeado do ônibus, atravessava uma mata. Parava numa clareira, para almoçar uma “quentinha”. Num bucólico ambiente, jogava migalhas aos pássaros, partilhando o meu repasto. Durante 179 dias, assim foi. Até que, certo dia, o despertador não funcionou e… perdi o ônibus.

Consegui uma carona, que me levou, diretamente, para a escola. À minha espera estava o Padre Abreu. Visivelmente preocupado, me pediu para o acompanhar:

“Venha comigo, professor, venha comigo!”

Levou-me para a residência paroquial, trancou a porta e perguntou:

“Você veio pela mata?”

“Não”.

O padre ajoelhou-se e exclamou:

“Obrigado, meu Deus! Obrigado!”

Abraçou-me e disse:

“Professor Zé, você sabe que os pais dos seus alunos muito o estimam. Mas também sabe que a aldeia é muito católica, não sabe? Pois, ontem, uma professora sua colega, talvez por inveja, fez constar que você pôs duas crianças nuas, para explicar como nasciam as pessoas. Alguns pais acreditaram no boato e foram esperá-lo na mata. Levavam facas e machados. Disseram-me que o iam matar.”

Não voltei para casa. À noite, numa reunião com os pais, tudo se esclareceu. Dois alunos – o Batista e a Margarida – deram testemunho. Conscientes de terem cometido um erro, os pais me pediram mil desculpas. Queriam ir à casa da professora autora do boato, para lhe aplicar represálias. Pedi-lhes que não o fizessem e que a perdoassem.

A partir desse dia, aquelas modestas famílias expressaram gratidão, oferecendo-me o melhor que tinham: ovos de galinha caipira, chouriços caseiros, couves da horta. Careciam de alimento, mas, se matavam o porquinho, obrigavam-me a aceitar o melhor bocado de carne.

“Leve, senhor professor! Leve, que não nos faz falta!”

Queridos netos, só num dos 180 dias desse ano letivo não atravessei a mata. Se eu não tivesse perdido o ônibus… vós não existiríeis. Muitos anos decorridos sobre o “milagre” de ter escapado de uma morte prematura, fiz o lançamento de um livro na Escola da Ponte. Após a apresentação, fui escrevendo dedicatórias nos livrinhos de quem as solicitava. Uma senhora colocou o seu exemplar sobre a mesa e pediu que o autografasse.

Quando disse o seu nome, eu comentei:

“Tive uma aluna com esse nome. Uma aluna que me salvou a vida!”

E aquela senhora assim falou:

“Não me reconhece, Professor Zé? Sou a Margarida! Fui essa sua aluna. Vim matricular o meu filho na sua escola.”

PS: Preciso confessar-vos que os velhos choram por tudo e por nada… e que a emoção me possui, enquanto fecho esta cartinha.

 

 

 

Por: José Pacheco

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