Novas Histórias do Tempo da Velha Escola (DCCXXVIII)

Inoã, 7 de dezembro de 2041

Dialogando, se refletia sobre a avaliação, que se fazia na Escola da Ponte. Retomemos as perguntas e as respostas.

“Vejo a avaliação totalmente entrelaçada com o Projeto Pedagógico, currículo, concepção de ensino-aprendizagem, objetivos, metodologia e instrumentos de avaliação. São muitos os aspectos a considerar. Gostaria de saber o vosso parecer a respeito de meu modo de ver.”

Resposta dada por um professor da Ponte:

“A avaliação é o “X da questão”, quando formativa e servida por instrumentos que, efetivamente, avaliem. Aqui, deixo registro de alguns dispositivos de avaliação por nós utilizados. Alguns foram dispensados ou reformulados, ao longo dos anos e – creio bem! – sê-lo-ão, nos próximos dez, ou vinte anos.

No Debate final de cada dia, alunos e professores registram as suas impressões sobre o trabalho realizado. Comparam-se as atividades do plano do dia com as atividades realizadas, o que se aprendeu e o que ficou por aprender. Critica-se, propõe-se, explica-se por que se fez, ou não se fez. E os alunos emitem juízos sobre a própria avaliação. Esse ato poderá ser também mais uma oportunidade de avaliação de atitudes:

“Do que eu não gosto é que, às vezes, não faço tudo e dizer isso na avaliação é um bocado chato / Na avaliação contamos o que fazemos e a avaliação faz-nos pensar / A avaliação que eu fiz neste ano foi melhor porque foi para aprender e para sabermos quem nos ajudou / Se eu não escrevesse a verdade, estava a ser injusta para os meus colegas / É importante porque nós vemos o que fizemos do plano do dia e é uma boa ideia, para ver do que somos capazes / Faz-nos ter pensamento e sermos pessoas / Acho bem que se tenha feito a assembleia, para se resolver os problemas que se passam todos os dias na escola, para não serem só os professores a resolver Foi importante ser boa aluna muito tempo, aprender os gráficos e descobrir como sou. Aprendi coisas da vida, que eu não sabia que existiam. Aprendi a corrigir os meus erros e a minha memória. Relembrei como se trabalha em liberdade e como se faz a avaliação do trabalho, como se tira as coisas da cabeça e se aprende a não copiar. Aprendi a fazer as coisas com imaginação e a encher uma folha com coisas importantes / Fizemos regras para cumprir. Eu tenho tentado cumprir, mas, às vezes, esqueço-me. Aprender é uma coisa boa. Eu tive dificuldade em algumas palavras complicadas, que eu não percebia. E não cumpri uma regra, que foi de falar baixo. Eu acho que estou a melhorar um pouco em tudo” / Do que eu gostei menos foi de ver as meninas a falar e os meninos a padecer. Acho que há alunos que põem coisas no Tribunal só por vingança. Gostei de trabalhar porque fiz mais amigos. Gostei de termos assembleia para toda a escola, embora o número de perguntas sem pensar aumentasse muito / Acho mal que o Pedro e o Armando não me deixem jogar futebol; deitar pão ao lixo, estragar o nosso jardim, roubar ou riscar as coisas dos outros, não deixarem os pequeninos andarem de balanço e não ter amigos, porque eu não tinha amigos. Acho mal que a Fatinha limpe, nós tornemos a entrar e sujemos tudo outra vez, que haja meninos que não param de falar e que falem sem levantar o dedo / Proponho que a Assembleia não recuse propostas só por preguiça, que se compre duas bolas e se ponha rede nas balizas, que os aniversários sejam mais bem arranjados, porque senão não sei por que há uma responsável. É preciso que seja mais atenta e não ande sempre aérea, que os trabalhos sejam mais devagar e que não houvesse mais zangas com os colegas, que também se ponha críticas no “acho bem”, que os professores não tenham tantas reuniões”.

Por: José Pacheco

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