Novas Histórias do Tempo da Velha Escola (CMLXXXVII)

Itapeba, 5 de setembro de 2042

Lá pelos idos de vinte, havia quem perguntasse:

“Como poderei ensinar aos meus alunos o que é um círculo de aprendizagem?”
“Dando aula” – respondia.
“Como conseguirei ensinar a fazer roteiros de estudo?”
“Dando aula”.

A resposta era sempre essa. Se a competência do professor era “dar aula”, eu valorizava essa competência, embora acrescentasse que talvez a não desse do modo como, até então, a “dera”. Quando professores me perguntavam como aprenderiam a ser tutores, eu respondia: “Dando aula”. E indicava a pessoa que poderia ajudá-los a dar essa aula: o amigo Conrado”. Esse amigo fizera a experiência de trabalho tutorial e compartilhara “as dificuldades vividas e avanços alcançados”. Num excelente trabalho acadêmico, iniciava a partilha de conhecimento manifestando gratidão a todos e todas que compuseram o enredo da sua vida, aos que lhe serviram de exemplo e inspiração. Agradecia à equipe da Escola Classe 115 Norte do Distrito Federal, por lhe ter proporcionado uma experiência “engrandecedora”.

Era assim o amigo Conrado: um jovem promissor, de pouca idade, mas de um imenso saber e sensibilidade. Há vinte anos, autorizou-me a transcrever parte do seu relato de experiência educacional enquanto tutor voluntário. Escutemo-lo.

“A inovação requer coragem para fazer diferente. Foi ao me deparar com uma instituição repleta de pessoas corajosas, que aceitei participar do desafio da concretização de práticas do emergente paradigma da comunicação.
No papel de tutor, acompanhei o processo de aprendizagem de um educando, através de encontros virtuais diários, recorrendo à metodologia de trabalho de projeto, na construção de um currículo de subjetividade, a partir dos desejos e interesses do aprendiz.”

Havia quem duvidasse da concretização do projeto “Novas Construções Sociais de Aprendizagem”. Desconheciam a sua origem, o seu enquadramento legal e o suporte científico que o Conrado, a seu modo, esboçava.

“Descrevo os desafios, dificuldades e aprendizagens, embasando a prática e as sugestões de ajustes em aportes teóricos educacionais contemporâneos; A metodologia utilizada se constituiu de registros sistemáticos do pesquisador perante os dados relevantes à pesquisa coletados durante a prática do próprio voluntariado. Como referencial teórico esse trabalho faz interlocução com as obras de Pedro Demo, Lauro Lima, Edgar Morin, pois os mesmos são referências na área da Metodologia de Pesquisa na educação básica e na inovação educacional.”

Aprendemos a fazer tutoria nos encontros formativos e transformadores das manhãs de sábado. O primeiro dos encontros aconteceria no início do setembro de vinte e dois, a convite de uma extraordinária equipe:

“Prezados amigos e prezadas amigas, estamos desde há muito contribuindo com iniciativas que tencionam liberar a educação escolar das amarras da apatia e da repetição de modelos fracassados. Com alegria fomos convidados a incluir neste processo outras equipes de profissionais de educação pública, sejam de redes municipais ou estaduais, ou concentradas em escolas específicas. No intuito de oferecer subsídios a esses que desejam integrar-se nesse movimento de mudança, convidamos a uma reunião virtual às 10 horas de Brasília e 14 horas de Portugal do dia 3 de setembro. Na ocasião, aqueles que estão há mais tempo no processo de revisão de valores e práticas poderão compartilhar as dificuldades vividas e os avanços alcançados. Abraço fraterno!”

E assim partimos para conceber novas construções sociais de aprendizagem.

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