Novas Histórias do Tempo da Velha Escola (MCDLIII)

São Paulo, 19 de dezembro de 2043

Pois é! Melhor dizendo: melhor era! Ciclópica tarefa estava nos reservada. Para não continuar a tolerar o intolerável, como diria o dito popular, deveríamos “mudar a roda com o carro em andamento”. 

Para refundar um sedimentado e nefasto sistema, urgia mudar regras. Para que, efetiva e finalmente, acontecesse mudança, inovação, os novos rumos seriam definidos segundo uma matriz axiológica humanizadora. 

Foi isso que as ARCAs fizeram. Atualizaram uma “Carta de Princípios de Acção”, na esteira da geração dos Românticos Conspiradores da primeira década deste século. Na sua origem estava um textinho que o vosso avô publicara no jornal Folha de São Paulo, em novembro de dois mil e cinco: “As Escolas Invisíveis”. Começava assim:

“É preciso afirmar que há, no Brasil, muitos professores que dão sentido às suas vidas, dando sentido à vida das crianças e das escolas. Sinto-me um privilegiado por, após três décadas de trabalho numa escola que ousou provar que a utopia é realizável, encontrar no Brasil tanta generosidade e responsável ousadia.”

Aqui vos deixo a “resposta dos RC de 2009:

“O movimento Românticos Conspiradores constitui-se de uma rede colaborativa formada por pessoas que militam pela transformação da Educação Pública. E a educação pública é por nós entendida como aquela voltada para a população em geral e que a todos dê garantias de acesso, sucesso e realização pessoal e social, seja ela de caráter estatal ou privado.

Nossa finalidade inicial é a de promover a comunicação e o apoio mútuo entre pessoas, organizações e projetos que tenham por objetivo contribuir para a superação dos arcaicos paradigmas educacionais vigentes.

Somos pessoas conscientes de que os modelos educacionais e as práticas educativas possuem decisivas condicionantes socioculturais. Este fato exige que, para a transformação da Educação, tenhamos de ultrapassar seu âmbito restrito, englobando as dimensões sociais, políticas e culturais.

Temos a convicção de que a Educação atualmente praticada não contribui para que as gerações futuras tenham condição de superar os cruciais desafios postos para e pela humanidade. Mais do que isso, essa educação acaba por incentivar a formação de pessoas que tendem a reproduzir o modo de pensar, sentir, agir e viver que produziram tais desafios. 

Para que os atuais paradigmas educacionais possam ser superados é necessário estabelecer novas conceções que apontem formas alternativas de pensar, estruturar e praticar a Educação.

Tendo como síntese de nossa visão o trinômio autonomia-responsabilidade-solidariedade, apresentamos nossos “princípios gerais”, assim como alguns exemplos de seus desdobramentos educacionais. A finalidade é tanto orientar a ação dos membros da rede Românticos Conspiradores como esclarecer àqueles que queiram participar ou formar novos núcleos. São estes princípios que, a nosso ver, devem fundamentar a vital transformação da Educação, para que esta possa corresponder às necessidades das pessoas e das sociedades contemporâneas.”

Tinham passado catorze anos, mas era a mesma intenção. E a Carta de Princípios começava assim:

“EDUCAR PARA A INTEGRALIDADE

A educação deve contemplar a humanidade dos educadores e educandos em sua totalidade, sendo coerente com a indivisibilidade das dimensões biológica, mental e espiritual de cada pessoa.”

Na cartinha de amanhã, vos darei a ler um documento feito por muitas mãos, pelas mãos daqueles que, nos primórdios de uma “viragem educacional”, em ato, manifestavam o seu amor pela infância.”

 

Por: José Pacheco

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