Quatro Barras, 18 de abril de 2040
Neste mesmo dia do abril de há vinte anos, tivemos ensejo de conversar, no Instagram, com mais um ser humano extraordinário. A pandemia invadia todas as conversas e esta não foi excepção. Assim a comentava o esperançoso Valdo: Brevemente completarei 66 giros ao redor do sol. Atuo há mais de 40 deles numa Universidade Pública Brasileira. Nunca vivenciei antes na minha história, nem encontrei nos meus estudos de história, das outras épocas históricas da caminhada humana, um único e microscópico organismo vivo que tenha desafiado tão profundamente, no limite, todos os conhecimentos, ideologias e saberes acumulados pela humanidade.
Estamos todos, com todos os recursos disponíveis mundialmente, enfrentando essa microscópica espécie viva: o coronavírus. Estaremos nós, humanos, ancorados em todos os diferentes conhecimentos e saberes acumulados até hoje, à altura desse desafio? Eu estou vivendo isso intensamente. Nós todos estamos vivendo isso. O sentido, a identidade, a responsabilidade e a solidariedade da espécie humana trarão a resposta e determinarão o nosso futuro!
No meu registro de prodígios, guardei mensagens desse meu amigo: No segundo semestre de 2014, dois avós se encontraram para falar da vida, de desafios e de vivências educacionais. Sentados no chão do Museu do Brinquedo do Instituto Libertad, passaram horas brincando, feitos crianças, falando dos netos, contando histórias e tecendo utopias. O tempo que contava era só o tempo de brincar e de sentir as identidades, para além das idades. Após o longo tempo não controlado, decidiram que aquela alegria ali sentida, de avós e sonhadores de outros mundos educacionais, deveria ser compartilhada com mais amigos, que também se identificavam com o viver amoroso, fraternal e desafiador dos campos educacionais emancipatórios. Ali nascia a UniProsa: a universidade que versa a prosa. A prosa que humaniza e dá sentido ao viver, numa sociedade complexa e contraditória. Uma entidade educacional comunitária, informal, Intergeracional, Interexperiencial, Intercultural.
No dia 21 de março de 2015, acontecia o Primeiro Encontro da UniProsa. Assim rezava a ata da reunião: Após muitos afetuosos prolegômenos e rodadas de prosa, foi empossado o avô El Rei Thor Celsius Primeiro e único Magnífico Reitor da UniProsa. Nessa ocasião, fui designado pelo Magnífico Rei Thor, secretário de El Rei.
O amigo Valdo sofria perante atitudes irresponsáveis, como o desrespeito de um indispensável confinamento. Reagia perante desmandos de políticos, que cediam a imperativos de uma economia predadora: O que mudou em dois mil anos? Continuará assim a saga dos humanos, no embate entre humanidade e crueldade? Entre solidariedade e ambição? De minha parte, não. Eu sigo na trilha, acreditando que o único caminho para a humanidade é um caminho que contemple a todos!
Conheci o Valdo, quando ele tentava fazer da UFPR Litoral um instrumento de humanização. Ele sabia e sabe da importância da relação humana na educação e que o fim último da educação é o bem da humanidade. Como eu gosto, como me faz bem ir até Curitiba, para com ele conversar e saborear o bom vinho colonial, que ele reserva para os nossos encontros!
Mikhail Epstein questionava: Para que servem as universidades? E dava a resposta: Para educar humanos por humanos para o bem da humanidade. Teoricamente, Epstein apelava à humanidade de alunos e professores. O amigo Valdo colocava a teoria na prática…
Por: José Pacheco