Como qualquer pessoa que nasceu no Séc XX, vou aprendendo a me relacionar com as “maravilhas das novas tecnologias”. Fui habilitar um App (tipo inteligência artificial) no meu celular e acabei esbarrando em um vídeo apresentando os novos produtos da Apple (não quero fazer propaganda, apenas estou narrando um fato). Entrei em crise, não sabia se achava fantástico ao ver o quanto a capacidade criativa do ser humano é capaz, ou se ficava com medo do presente-futuro.
Fiquei seduzida pelo design do celular (sou arquiteta, tudo que diz respeito a estética me chama muita atenção) e bestificada com a tecnologia. Percebi, apesar do meu simplório conhecimento na área, que a IA (inteligência artificial) e a RV (realidade virtual) entrarão nas nossas vidas de forma irreversível. Ao mesmo tempo, percebi o quanto mais controlados ficaremos. A “Matrix” já existe e está se aprimorando (a ficção está virando realidade).
Como militante de uma Nova Educação, me pergunto: O que mais precisa acontecer para se enterrar de vez educação do século XIX e darmos uma verdadeira virada na Educação?
Ouvindo um evento de transmissão ao vivo pelo Facebook, onde o INEP e o MEC apresentavam o cenário da educação do Brasil, com gráficos e discursos que evidenciavam a total falência do sistema, e lendo, ao mesmo tempo, as mensagens que pipocavam daqueles que acompanhavam o evento, fiquei perplexa com o discurso dos educadores. Até ao momento em que fiquei lendo, ninguém disse que a questão central do cenário apresentado está diretamente relacionada com o modelo educacional que não se compatibiliza em nada com o mundo de hoje, muito menos com as transformações “supersônicas” que estão chegando.
Isso me fez lembrar uma passagem bíblica (Gênesis 19:23-26): “Saiu o sol sobre a terra, quando Ló entrou em Zoar. Então o Senhor fez chover enxofre e fogo, do Senhor desde os céus, sobre Sodoma e Gomorra; e destruiu aquelas cidades e toda aquela campina, e todos os moradores daquelas cidades, e o que nascia da terra. E a mulher de Ló olhou para trás e ficou convertida numa estátua de sal”. Parece que os educadores vivem o dilema da Mulher de Ló: manter os vícios do velho modelo, ou enfrentar o novo sem olhar para trás?
Porque estou compartilhando isto com você? Minha certeza é a de que uma transformação radical do modelo e do sistema educacional são inevitáveis. Sair do torpor da ignorância projetada pelos “donos do mundo” é vital para nossa sobrevivência. As novas tecnologias, as mudanças climáticas, a crise política (totalmente amarrada à econômica), ou as disfunções socias, não são conjeturas, são realidade nua e crua.
A Educação é o locus onde poderemos co-criar um futuro para a humanidade. Para tal, será necessário deixar de “empurrar com a barriga” (isto é para professores e Secretarias de Educação que acham que o futuro não chegará): “Vou me aposentar logo, não quero me envolver com mudanças”; “Eu aprendi tudo o que sei na escola do jeito que é, porquê mudar?”; “Temos que preparar os alunos para o ENEM”; “Os processos burocráticos precisam ser cumpridos”; “Não vamos apoiar projetos de mudança que se iniciaram na gestão de outro partido” …
Para todos aqueles que resistem ao obvio, existe uma boa possibilidade de se transformarem em estátua de sal. Porque o futuro já chegou. Duvida? Abra os olhos!
Por: Cláudia Passos